19°Capítulo

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REESE

O hotel nos deu quartos lado a lado. Depois de pendurar minhas coisas no armário, tirei a roupa, prendi o cabelo em um rabo de cavalo e tomei um banho rápido. Deixando a água quente massagear os meus ombros, relaxei e pensei no quanto adorava passar o dia com Chase. Trabalhando juntos, fazendo compras, sentados no carro enquanto seguíamos para o hotel tudo parecia natural. O que não era mais natural era afastá-lo de mim. Em vez disso, senti que estava me privando de algo que poderia ser especial.

Bill e Melinda Gates começaram trabalhando juntos. Ele era chefe dela.
Michelle Obama era a mentora de Barack no escritório de advocacia em que os dois trabalhavam.
Celine Dion se casou com seu empresário, que era vinte e cinco anos mais velho.

Algumas coisas davam certo. Outras, não. Há mais consequências quando as coisas não duram e os dois trabalham juntos, mas, às vezes, as possibilidades superavam as consequências. Possibilidades.

Quando Chase bateu em minha porta, um pouco mais tarde, eu tinha acabado de me arrumar.
Meu cabelo estava preso em um coque bagunçado, e eu tinha trocado o terninho preto elegante por um vestido simples transpassado com estampa em tons vivos de verde e azul. Meus saltos vermelhos foram substituídos por sandálias abertas.

Seus olhos deslizaram sobre mim.

- Podemos pular o jantar...

Empurrei seu peito e saí do quarto sem colocar o colar, porque não confiava em mim mesma para convidá-lo a entrar enquanto eu terminava de me arrumar. Da maneira que Chase me olhou enquanto esperávamos que a recepcionista nos acomodasse os olhos caindo para meu decote, não acho que ele tenha sentido falta do pingente de diamante que não tive chance de colocar no pescoço.

Durante as entradas, falamos sobre o grupo focal e os planos para o dia seguinte, antes de passarmos para uma conversa mais íntima. Sem pensar, fiquei deslizando o dedo na base da taça de vinho quando Chase alcançou e tocou a cicatriz em minha mão.

- Parece uma tatuagem. Até mesmo suas cicatrizes são lindas.

Me lembrei do que tinha notado no corpo dele antes.

- Falando em tatuagens... vi a sua. Só tem essa?

Chase se recostou na cadeira.

- Sim.

O fato de ele não dizer mais nada e parecer ansioso para mudar de assunto, me fez continuar bisbilhotando.

- O que quer dizer? Tem algo escrito, certo?

Ele olhou em volta do salão, levantou a bebida e tomou um grande gole.

- Diz: "O medo não para a morte. Mas, sim, a vida".

Esperei até que seus olhos focassem em mim.

- Bem, com certeza entendo isso.

Nós nos encaramos, e eu me esforcei para encontrar palavras de encorajamento para que ele se abrisse quando seus olhos deixaram os meus e voltaram para minha cicatriz.
Ainda não tinha encontrado essas palavras quando ele continuou a falar.

- Peyton e eu cursamos o ensino médio juntos. Éramos amigos, não ficamos juntos até o último semestre da faculdade. Minha vida estava muito acelerada até então. Eu tinha as patentes, escritório espaçoso... estava contratando pessoal. - Ele fez uma pausa. - Um ano depois de me formar, eu a pedi em casamento. Ela morreu dois dias depois.

Meu coração praticamente saltou na garganta. Havia dor em sua voz, e eu senti um aperto no peito.

- Sinto muito.

Ele assentiu e esperou um minuto antes de continuar.

- Fiquei péssimo por bastante tempo depois disso. Por esse motivo, licenciei a maioria dos produtos. Estava bebendo muito e sabia que não estava em um bom estado de espírito para fazer tudo o que seria necessário para trazer produtos para o mercado. Por sorte, meus advogados foram competentes. Eles negociaram contratos em que recebi royalties generosos só para permitir que as empresas usassem minhas patentes por alguns anos. Mantive a equipe de pesquisa, então eu tinha algo em que me concentrar, mas não havia muito mais o que fazer.

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