Capítulo 19 - Os opostos se atraem

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Liam


Ouvi o sinal do colégio tocar, indicando que o horário de aulas tinha acabado e que meu martírio iria começar. Isto porque, naquele dia, minhas aulas particulares com o imbecil do Eric começariam. Aliás, o martírio que eu estava vivendo já tinha começado há muito tempo. O dia anterior, por exemplo, tinha sido a gota d'água. Eu realmente cheguei à merda do fim do poço, e, se ainda não tivesse chegado, estava muito próximo.

Eu ainda não entendia como tinha conseguido ficar com o pênis semiduro no vestiário. Isso nunca, em hipótese alguma, tinha acontecido. Já vi todos os imbecis do time, sem roupa, umas quatrocentas mil vezes, e o meu pênis nunca deu nem um sinal de vida sequer. Tudo bem que, a última vez que vi o Eric nu, nós tínhamos... O quê? Uns nove anos de idade? Mas, enfim, pra quê eu estava pensando nisso? Eu não tinha ficado duro por causa do Eric!

Obviamente, tinha ficado assim porque estava há muito tempo sem transar. Lógico que era isso. Inclusive, esse fato era mais uma prova de que eu realmente estava no fundo do poço: eu não transava há um século! Que merda. Nunca tinha passado tanto tempo assim sem fazer nada. A maré de azar, para o meu lado, realmente estava grande, e eu não fazia ideia de quando isso ia acabar. Só queria um pouco de paz e que as coisas voltassem a dar certo.

Para completar, ainda teve aquela estupidez de romance gay que a Stefany me obrigou a ler. Era a segunda vez que meu pênis semi-endureceu no mesmo dia, sem qualquer motivo plausível aparente. Eu devia estar ficando louco. Esse tempo todo sem sexo estava afetando o meu psicológico. Só podia ser isso.

E, agora, essas aulas particulares com Eric estavam aí para acabar de vez com o restante da minha sanidade mental.

Pensando em tudo isso, me arrumei para ir embora do colégio, após o fim das aulas daquele dia. Talvez fosse bom correr para casa e aproveitar meus últimos minutos de paz e serenidade, antes que o Pateta chegasse. Levantei-me da carteira, peguei meu caderno e meu livro de literatura, e joguei tudo dentro da mochila. Quando ia cruzar a porta da sala, ouvi a voz do Robert.

— Tá a fim de jogar Fifa?

Não seria nada mau jogar umas partidas de Fifa, mas...

— Não posso.

— Por que não? — William, que estava ao seu lado, perguntou.

Droga. Ninguém, além da minha família e da família do Eric, sabia que teria essas aulas com ele. Com certeza pegaria mal se eu dissesse que o imbecil seria meu professor. Definitivamente, eu não queria admitir isso para ninguém.

— Não interessa. Só não posso ir — falei tão somente.

Isso, no entanto, não os convenceu.

— Qual é, irmão? Conta aí — dando um toque no meu ombro, Robert pediu.

Claro que não!

Robert conseguia ser muito insuportável quando queria.

— Não. Já disse que não posso ir — e me virei para ir embora.

Entretanto, eles vieram atrás de mim, tentando insistir em algo que eu, claramente, estava negando. Zeus, por que meus amigos eram as piores pessoas do mundo? Eu ainda não sabia como consegui ter tanta paciência com eles, ao longo de tantos anos de amizade.

— Para de ser otário, Liam — William replicou. — Se você não quer dizer o motivo, é porque não é nada demais. Então, vamos. É só um pouco. Depois você pode ir embora — e me segurou pelo braço.

Jogada de MestreOnde histórias criam vida. Descubra agora