Capítulo 16 - Ferrado

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Liam


Ferrado e fodido eram os adjetivos mais adequados para descrever a minha situação. No dia anterior, durante o teste, quando vi que não dava para colar, tentei comover o professor com uma falsa situação. Falei que tinha ficado doente e que, por isso, não estudei o suficiente. Por fim, pedi para ele me dar a chance de fazer o teste novamente.

Ele acreditou? Ele aceitou?

Lógico que não.

Rabisquei algumas coisas totalmente sem sentido e entreguei a folha ao professor. Tudo bem que era um teste só para ponto extra, não era uma prova mesmo, mas, minha incapacidade de responder, apenas me mostrava o quanto eu era imprestável. Logo eu, o cara mais bonito do colégio, o artilheiro do time, o garoto mais popular (sim, porque Eric não tiraria o meu posto), o talento do futebol! Logo eu!

Mas, ok, tudo bem. Era até compreensível. Eu tinha tantas qualidades que pedir para nascer inteligente seria abusar muito da boa vontade de quem tinha me feito.

Ninguém podia ser bom em tudo, não é?

É. Quero dizer... Ninguém podia ser bom em tudo, exceto o Eric! Por que esse cara tinha que existir? Um raio poderia cair em cima de sua cabeça. Não faria a menor falta. Não para mim, porque pessoas perfeitas demais me davam tédio.

Inclusive, Eric estava logo ali, nas primeiras carteiras da sala, conversando de maneira entusiasmada com várias pessoas, enquanto o professor não chegava. Só de ver toda essa simpatia, eu ficava bocejando. Robert e William também não colaboravam em me fazer companhia. Desde que entraram na sala, estavam de cabeça baixa, dormindo.

Enquanto isso, eu estava sentado na minha carteira, com o coração na mão de tanto nervosismo, esperando o professor chegar com os resultados do teste. Eu tinha plena convicção de que estava completamente ferrado, mas, mesmo assim, ainda ficava nervoso, porque não gostava de receber resultados. Podia ser um resultado bom ou ruim. Eu sempre ficava nervoso.

Então, como quem leu meus pensamentos, o professor de física cruzou a porta poucos segundos depois. Imediatamente, todos os alunos se sentaram e pararam de conversar. Meu coração quis saltar pela boca. Eu estava ferrado. Sim, estava. Eu sabia. Pelo menos, ao que tudo indicava, o diretor Dawson ainda não tinha ligado para os meus pais, porque, até agora, nem meu pai, nem minha mãe, quiseram arrancar meu couro. Então, supus que ele ainda não tinha ligado.

— Bom dia, pessoal! Como vocês estão? — perguntou o professor. Mal? Péssimo? Respondi mentalmente. — Vou continuar o assunto de cargas elétricas e eletrização por indução. No final da aula, eu entrego a vocês o resultado do teste.

Ah não, irmão. Eu ia ter mesmo que esperar, durante uma hora e meia, para saber o raio da minha nota? Agora meu nervosismo já se misturava com ansiedade.


❖❖❖


Após quase duas horas de muito blábláblá, a aula, finalmente, estava se aproximando do fim. Eu, que comumente já não prestava atenção na aula, naquele dia, então, não tinha mesmo ouvido nada do que aquele professor falou. Não consegui me concentrar sabendo que, daqui a poucos minutos, iria receber o resultado do maldito teste.

— Meus caros, estamos chegando aos minutos finais da aula. Então, vou lhes entregar o resultado do teste. Infelizmente, de 40 alunos, nós só tivemos cinco notas máximas. O restante foi formado por apenas notas medianas e baixas. Isso serve de alerta para vocês estudarem mais, pessoal. As provas vão chegar e vocês estão concluindo o colegial. Então, precisam estar atentos aos estudos. Vou passar nas carteiras, entregando os resultados. Após receberem, vocês estão liberados da aula.

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