Liam
— Sério, Liam, me fala o que tá acontecendo contigo — Eric continuou segurando meu braço. — Eu não vou sair desse quarto. Eu quero te ajudar. Você estava bem e de repente... — interrompeu a si mesmo, fazendo uma cara de quem estava tentando entender o que estava acontecendo.
Apesar do meu estranho estado de completa inércia e fraqueza, por tê-lo tão perto de mim, algo se remexeu de maneira mais forte dentro de mim, quando baixei o olhar para sua boca outra vez. Um sinal veio claro em minha mente: ele precisava sair de perto de mim. Esse idiota precisava sair do meu quarto.
— Seu imbecil... — puxei meu braço, de supetão, fazendo com que ele me soltasse. — Eu não estou me sentindo bem e quero ficar sozinho. Ou seja, não quero a sua companhia. — Porque vou ficar louco se baixar meu olhar pra sua boca mais uma vez. — Será que dá pra entender?
Eric suspirou em derrota. Ele já me conhecia e sabia que eu sempre fui cabeça dura.
— Eu vou chamar a Molly. Pode ser que a ajuda dela você aceite — virou-se e caminhou em direção à porta. Quando tocou na maçaneta, entretanto, ainda volveu o rosto para mim e... — Tem certeza que não quer minha ajuda?
O que eu queria, na verdade, era parar de olhar para a sua boca.
— Não. Vai embora — foi tudo o que respondi.
Há muito tempo, eu não via esse semblante em seu rosto, por algo que eu tenha feito para machucá-lo. Talvez, a última vez tenha sido ainda na infância. Mas, consegui enxergar um leve traço de tristeza em seu olhar, misturado com preocupação
— Fica bem, Liam — em um quase tom de sussurro, ele falou e saiu.
Por alguns instantes, ainda observei a porta fechada, refletindo sobre o que tinha acontecido. Era tudo um absurdo. Meus pensamentos, definitivamente estavam me traindo. Eu, jamais, poderia imaginar que, um dia, chegaria ao fundo do poço dessa forma.
Decepcionado comigo mesmo, me joguei na cama.
Eu devia estar ficando louco. Definitivamente, era isso. Estava me sentindo tão mal, mas tão mal, que cheguei à conclusão de que, talvez, a única coisa que conseguiria me reerguer seria uma boa e velha bebida alcoólica, mais especificamente Vodca.
Sim, eu precisava beber! Sairia, naquele mesmo instante, para um pub, o primeiro que eu visse aberto. Ainda estava de tarde, mas, certamente, algum deveria estar aberto. Decidido, levantei-me da cama e, quando comecei a trocar de roupa, ouvi meu celular chamar.
Visualizei o registro. Era o treinador, Sr. Jones. Merda. Para ele me ligar, alguma coisa devia ter acontecido. Eu só esperava que não fosse nada que atrapalhasse os meus planos de beber. Eu já estava fodido demais. Não precisava de mais uma desgraça na vida.
— Sr. Jones — atendi.
— Olá, Liam. Tudo bem?
Não.
— Sim, Tudo bem, Sr. Jones — menti. — Aconteceu algo?
— Estou te ligando apenas para lembrar o horário que você deve chegar ao colégio amanhã para me ajudar — advertiu. — O ônibus vai partir rumo à Oxford às nove horas da manhã. Então, você deve chegar às oito.
Ah sim, claro, droga!
Minha confusão mental estava tão grande, que eu já tinha me esquecido de que no dia seguinte seria a viagem para a abertura do campeonato, e que, por isso, eu precisava chegar cedo ao colégio.
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Jogada de Mestre
Ficção Adolescente[Romance Gay] Liam e Eric cresceram na cidade de Londres e foram, sempre, o oposto em tudo. Enquanto o preto estava para o Liam, o branco estava para o Eric. Enquanto um preferia o quente, o outro gostava do frio. Liam queria estudar em Harvard, Eri...