Capítulo 15 - Brincando com fogo

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Liam


Era a maior certeza da minha vida: eu tinha ficado estéril!

Ainda permanecia caído no chão do gramado, de olhos fechados e segurando o meu saco com toda força, na tentativa de que a dor aliviasse de alguma forma. Tudo parecia meio turvo. Ouvi, com certa dificuldade, as vozes dos caras dizendo coisas como "porra, Liam, isso doeu em mim" e "vou pedir gelo pra colocar aí".

Eu não ligava para nada, não prestava atenção em nada. Tudo o que eu sentia era uma dor incrivelmente grande. Porém...

— Liam, cara... — ouvi Eric aparentemente preocupado. — Desculpa. Sério. Eu não vi que você estava aqui.

Ah não viu?

Apesar da imensa dor que eu estava sentindo e de não conseguir prestar atenção em nada, além do meu saco dolorido, a única coisa que me fazia suplantar meu estado de completa rendição era a raiva que eu sentia do Eric, principalmente agora, e o nojo da voz cinicamente preocupada.

Tinha que ser ele. Tinha que ser aquele imbecil para chutar uma bola de qualquer jeito e acertar o meu saco! Ele precisava ser tão lesado ao ponto de não olhar para onde estava chutando a bola? Tudo bem que eu tive um pequeno lapso mental ao entrar no campo e vê-lo fazer aqueles dribles idiotas, mas... Droga! Ele tinha que ser tão lerdo assim?

Juntando toda a raiva que sempre senti do Eric, com o ódio daquele quase atentado terrorista à minha vida e o nojo daquela voz irritante, cuspi todas as palavras com voracidade, mesmo ainda no chão e de olhos fechados:

— Sai daqui, seu imbecil lesado!

Ele, no entanto, pareceu não se importar com minha fúria.

— Vem... — segurando meu braço, falou. — Deixa eu te ajudar.

Sabe quando um só toque é o suficiente para que a indignação se torne tão grande a ponto de esquecer a dor? Pois bem.

Foi exatamente isso o que aconteceu. Sentir a mão dele segurar o meu braço e tentar me levantar, foi o suficiente para que a minha raiva se elevasse à potência máxima. Levantei-me de supetão, ignorando a dor, e praticamente avancei em cima dele.

— Eu não quero a sua ajuda! — empurrei-o com as duas mãos, fazendo-o se desequilibrar um pouco. Eric, no entanto, não caiu. — Sabe o que eu quero? Partir tua cara no meio. Coisa que eu tenho vontade de fazer há muito tempo!

— Calma, cara... — erguendo um pouco as mãos, em sinal de paz, Eric tentou me acalmar. — Eu não te vi. Juro que não tive a intenção de machucar teu saco.

Meu saco? Ele falou "meu saco"? Tipo, se referiu ao lindo e maravilhoso membro genital com aquela boca suja e nojenta? Não, não. O saco era muito perfeito para ser mencionado assim pela boca de um "zé ninguém".

Quando me dei conta disso, a raiva se manifestou de maneira ainda mais forte dentro de mim. E, como um raio, minha mente trouxe à tona todas as fodidas coisas que me faziam sentir completa aversão ao Eric. Todas as cobranças, todas as pressões, todas as comparações.

"Eric é mais inteligente, Eric é mais simpático, Eric vai ser alguém na vida".

As vozes de todas as pessoas que me diziam isso, de repente, soaram na minha memória.

Vai se foder! — empurrei-o novamente, dando vazão a todo aquele sentimento negativo dentro de mim. Eric, todavia, outra vez não caiu. Isso me deixou ainda mais possesso. Eu queria que ele caísse. Queria que ele sentisse tanta dor quanto me fez me sentir.

Jogada de MestreOnde histórias criam vida. Descubra agora