Capítulo 22 - Entre tapas e beijos

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Liam


Sentia-me cada vez envolvido por aquele quase momento de epifania que tive ao constatar que eu queria provar o seu beijo. Não era apenas curiosidade, era como se o meu corpo quisesse constatar se os boatos eram verdadeiros. E tudo isso era um completo pesadelo. Eric precisava se afastar e eu também. Mas, por que eu não conseguia? Por que eu não conseguia mover os meus pés?

Para completar o meu fracasso, Eric olhou-me no fundo dos olhos e acariciou meu rosto, mais uma vez, com o polegar. Foi quase automático. Eu não sabia o porquê de ter feito isso, mas, inevitavelmente, minhas pálpebras se fecharam com o toque, e, então, como se ele estivesse me arrancando bruscamente de um sonho... Ouvi a maior gargalhada que Eric já deu próximo a mim.

Atordoado, abri os olhos e me dei conta do que tinha acontecido. Merda! Eu me odeio! Claro que tudo isso não passou de uma brincadeira de muito, muito, mau gosto. Fiquei possesso de raiva. Quanta humilhação!

— Ah meu Deus! — Em meio aos risos, Eric tentou falar e, fraco de tantas gargalhadas, se jogou na cama. — Eu não vou parar de rir nunca mais! Você é apaixonado por mim, né? Confessa logo! — continuou rindo.

Não aguentei. Simplesmente explodi.

Seu gay, filho da mãe! Vai se foder! — avancei para cima dele, na cama, e comecei a socá-lo. Eu estava cego de raiva. A única que eu queria era acabar com ele.

— Ei! — Ainda rindo, ele tentava se desvencilhar dos meus socos. — Você que é o gay da história! Você fechou os olhos quando toquei no seu rosto! — ele não parava de rir. — Confessa logo que esse ódio é amor por mim! — tentava segurar minhas mãos, enquanto ainda gargalhava.

— Eu quero que você morra, seu desgraçado! — disparei, ainda o socando.

O detalhe era que o imbecil e eu tínhamos não somente a mesma altura, mas também praticamente a mesma força. Então, não era fácil matá-lo da maneira como eu queria. Porém, em meio a nossa luta, como num golpe de sorte, consegui imobilizá-lo e segurar suas duas mãos acima de sua cabeça.

Perfeito! Agora eu poderia acabar com sua cara do jeito como eu queria.

— Me larga, Liam! Sai de cima de mim! — A essa altura do campeonato, como eu estava em vantagem, seu riso já tinha desaparecido, dando lugar a um semblante de raiva, o que, por sinal, não me intimidava nem um pouco.

Eu não ia largar coisíssima nenhuma! Aliás, como, há poucos minutos, eu estava admirando e querendo beijá-lo? Eu só podia estar em estado de loucura profunda mesmo, porque, ali, a vontade tinha passado completamente e tudo o que eu conseguia sentir eram verdadeiras aversão e repulsa.

Assim, me preparei para desferir o soco mais forte que já tinha dado em toda minha vida, quando, de repente, alguém bateu na porta do nosso quarto.

— Liam? Eric? — era a voz do treinador.

Merda!

Imediatamente coloquei uma das mãos em cima da boca do Eric, impedindo-o de gritar, enquanto a outra ainda o segurava,

— Sim, Sr. Jones! — em voz alta, falei. — Estamos aqui! — Estando aqui nos matando. Pensei, mas não disse. Claro.

— Dentro de quinze minutos o ônibus vai sair, ok?

Já? Droga!

— Ok, Sr. Jones! Já estamos prontos! — Mentira. Só o imbecil do Eric estava pronto. Eu ainda precisava tomar um banho.

Jogada de MestreOnde histórias criam vida. Descubra agora