Capítulo 3 - Homem que paga de machão, Eva e Adão!

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Liam


Check-list das atividades matutinas: me masturbar, porque a ereção matinal sempre estava presente; tomar um banho, porque ir fedendo ao colégio não era legal; escovar os dentes, porque a saúde bucal estava acima de tudo; fazer a barba, porque eu precisava cuidar do meu fabuloso rostinho; vestir uma roupa, porque andar nu me levaria a cadeia; e descer para o café da manhã, porque, ah, já estava farto de porquês.

Na verdade, eu não estava descendo, eu estava correndo pelas escadas de casa com um atraso colossal em minhas costas. Havia acordado depois do horário, mesmo tendo ido dormir relativamente cedo. Esse tipo de situação me fazia querer ainda mais que o colegial acabasse e que eu me visse livre de todas aquelas regras infantis. Felizmente, eu estava no último ano e logo chegaria o momento de ir para universidade e de fazer meus próprios horários.

Cheguei, quase vacilando sobre os meus pés, à mesa onde estavam meus pais e minha irmã, tendo em vista a velocidade com qual eu agia diante de meu atraso. Não perdi tempo em me sentar à uma das cadeiras, nem ao menos em dar bom dia, apenas enchi um copo com suco de laranja e bebi tudo em um só gole. Eu estava tão apressado, que quase não notei minha família me olhando como se eu fosse um extraterrestre.

Não liguei para o semblante que me ofereciam e, dando meia volta, rumei para a saída da cozinha, caminhando à passos largos e rápidos, até que, no entanto, ouvi a voz de minha mãe ecoar pelo espaço, impedindo-me de continuar meu percurso. Oh não, eu precisava sair dali o mais rápido possível ou perderia o horário do treino e, consequentemente, o Sr. Jones, técnico do time, ficaria furioso comigo.

— Aonde vai com tanta pressa? — perguntou-me com ares de sondagem. Mamãe era assim mesmo: se reparasse que eu estava praticando algo minimamente fora do comum, já questionava de imediato o que estava acontecendo. — Nem lanchou direito. — Ah, aquela típica frase maternal, que não era nem um pouco nova para mim.

— Tenho treino e aula agora de manhã — respondi de súbito, pois a hora corria muito mais rápido que eu e, se não saísse dali o quanto antes, estaria seriamente ferrado. Na verdade, estava preocupado, de fato, com o treino em detrimento à aula, porque futebol era o que eu mais aspirava na vida. Pouco me importava com os estudos, mas com o time eu tinha uma tremenda responsabilidade, afinal eu era o capitão. — Vou lá! — virei-me novamente com a intenção de ir embora, mas mamãe interrompeu-me de novo. Droga.

— Você não vai levar sua irmã hoje? — indagou mais uma vez, fazendo-me lembrar da existência de minha adorável irmãzinha e, principalmente, do que havia acontecido no dia anterior. Aquele não era um momento apropriado para discutir sobre o tal o ocorrido que poderia ser quase considerado como uma tragédia grega de nossa família, mas, somente de recordar-me sobre quem era o seu atual namorado, poderia sentir leves picos de ira.

— Só se ela apressar o passo — repliquei, encarando-a de relance, e não perdi tempo em dar uma pequena alfinetada. — Vem logo, corninha — tentei apressá-la de um jeitinho bem gentil e amigável, chamando-a pelo nome que ela seria intitulada dali em diante, porque era nisso o que dava namorar um baita mulherengo.

— Idiota — resmungou, revirando os olhos para mim e saindo da mesa para pegar sua mochila. Seu semblante não era dos melhores, provavelmente pelo que eu havia acabado de dizer. Mas, falar a verdade tinha se tornado crime, afinal? Então, que me prendessem pela infração de ser sincero demais, porque eu apenas estava sendo honesto. Ele iria mesmo traí-la uma hora ou outra.


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— Eu estou cansada de ouvir que o Eric não é homem para mim! — bradou ao sair do carro, após estacionarmos no colégio. Essa atitude não era para menos, já que aproveitei o percurso para encher seus ouvidos de caraminholas sobre o tal namoro. De maneira alguma eu me conformava com aquilo. Era um completo disparate. — Da minha vida cuido eu, beleza?! — por fim, bateu a porta do carro com toda força.

Jogada de MestreOnde histórias criam vida. Descubra agora