Começou a nevar.
O sol frio se escondeu e flocos gelados de água despencam das nuvens. É tão leve que dança junto a brisa no ar. A neve cobriu o sangue e os corpos… enterrando-os como parte do passado.
E Camilla estava tão quietinha.
Talvez nunca estivesse tão quieta quanto naqueles momentos. Ela não saiu do chão; não conseguia. Seu corpo estava estável, mas seu olhar era fixo num ponto desconhecido e suas pernas estavam tão moles que fez Ghryamor a envolver em seus braços e carregá-la por quilômetros floresta dentro até o covil.
No caminho, ela escutou sirenes, abraçou o macho e escondeu seu rosto na curva de seu pescoço. Tão íntimo para um lhycan que sua respiração ficou pesada. Todos viram.
E então a escuridão no interior do Monte Sukakpak a envolveu. Os ventos de inverno não mais a alcançam. É como se o covil também a ajudasse a proteger.
Ghryamor a levou para o fundo, para uma escuridão tão total que Camilla o apertou. Mas foi momentâneo. Musgos e cristais biominuminecentes iluminam o chão de uma espaçosa caverna subterrânea. Lá havia duas pequenas nascentes que fluíam entres as rochas e gravidades. E foi naquele lugar que o homem acumulou e esquentou água numa banheira natural, a despiu e decidiu banhá-la.
Camilla está entre suas pernas e encostada no peito robusto. O macho lhe abraça com vontade e pousa a cabeça em seus ombros. Ninguém diz nada e apenas aproveitam a água quente depois de já estarem completamente limpos.
Ele a estava consolando. Acariciava e desembaraçava seus cabelos vermelhos com os dedos. Um ronronar suave preenchia o ambiente como uma música sem letras e ajudava a não deixar tudo tão… quieto.
A pele pode enrugar e o fogo que aquece a rocha abaixo deles como uma grande panela poderia cozinhar. Mas era aquele vapor e aquele corpo quente que a acalmava. Ninguém queria sair dali. Ele não queria deixar de consolá-la e ela não queria voltar ao mundo real.
O ronronar parou.
— Está com fome? — Grhyamor sussurrou.
Camilla confirmou com movimentos suaves da cabeça. Mas em seguida, se arrependeu e negou.
— Ah, meu amor, não podemos ficar aqui para sempre — Camilla fechou os olhos e se encolheu. — Está tudo bem, agora.
— Não, não está… — a voz dela saiu rouca. Mais do que deveria.
— Vai ficar — garantiu ele.
— Como?
— Sabe, Camilla, Você é uma puta…
— Antes era "meu amor" e agora é "puta"? — Ela interrompe.
— Está ofendida, ninfetinha? Não fique. Chamá-la de puta não é uma ofensa — Camilla enrijeceu o corpo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ACASALAMENTO - LUA CRESCENTE
WerewolfA vida impõe normas e regras que as vezes é tomada como "correta" pelo moralidade. Algo como se apaixonar por um sequestrador ou, talvez, uma cristã ter um fogo ardente e insaciável por sexo. Como esconder de seus pais que não é não virgem? Que, na...