C A P Í T U L O 39

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     Camilla estava congelando ao meio da estrada

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     Camilla estava congelando ao meio da estrada. Era um pinguim com juba vermelha, estremecendo sozinha no meio de uma tempestade.

    Porque, desde que olhou para trás e viu, algo parece ter tomado conta de seu corpo. Tudo pareceu mais frio. Ela não quis sair, não aceitou se retirar… e só pode se encolher e estremecer

    A temperatura ambiente é severa. Toda água parece ter sido congelada e dado origem ao manto branco que cobre o chão, as árvores e a estrada. E talvez por isso aquele veículo — uma caminhonete aparentemente —, andava devagar. Com cuidado e receio, dando tempo suficiente para meia dúzia de homens que não vestiam nada exceto uma calça se esconder na vegetação.

    Em algum lugar estavam.

    Camilla sabia que não estava sozinha, mas tudo ainda parecia tão frio.

     Seus olhos estavam vidrados naquele veículo. Camilla se sentiu hipnotizada, incapaz de desviar o olhar ou de correr.

     Por que deveria? É só um carro…

     Mais perto.

     Mais perto.

     Mais perto.

     Não havia pressa alguma na condução. Era um homem solitário seguindo apenas mais um dia de sua vida. Porém, se aproximava de quem não deveria e talvez por isso, por algum instinto primitivo de auto preservação, sentiu sua espinha arrepiar quando a viu.

     Cabelos vermelhos como o sangue… uma mancha na neve. Sozinha, encolhida e vulnerável. Camilla o encarou com seus olhos naturais: o castanho escuro mais brilhante que ele já havia visto.

    Ela entreabriu a boca e uma névoa branca deixou seus lábios, erguendo-se na atmosfera. E então, a mulher contraiu os braços numa tentativa de obter calor.

    O veículo deveria prosseguir e ignorá-la como se ela não estivesse ali. Mas uma mulher sozinha, no meio da estrada e com frio chama atenção. O homem parou apenas a alguns metros dela… e franziu as sobrancelhas.

    E abaixou o vidro. O ar frio entrou como um alerta para a sua vida, mas quando olhou para fora, não viu nada. Era final do dia, faltava um pouco menos de uma hora para anoitecer. O sol já estava com sono e as nuvens cinzentas pouco a pouco o cobriam.

    Mas ele enxerga perfeitamente bem. E não havia sequer algum tipo de rastro que entrega alguma companhia indesejada. Só o dela, mais pra frente. Pegadas desajeitadas, despreocupadas e sozinhas.

    Talvez porque ao acompanhá-la, Camilla não reparava em como os homens evitavam deixar rastros. Sempre pisando onde ela pisava, preferindo ficar em lugares mais duros e com pouca possibilidade de deixar uma pegada. Até mesmo, limpando os rastros uns dos outros.

    Mais do que costume, era instinto. Mesmo com uma fêmea de cabeleira vermelha para chamar atenção, eles são predadores e predadores são discretos. E exatamente por isso, nem mesmo Camilla conseguia vê-los na floresta.

ACASALAMENTO - LUA CRESCENTEOnde histórias criam vida. Descubra agora