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  O Darkling suspirou

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  O Darkling suspirou.

-Eu duvido que esse serviçal seja o único a acreditar nisso.

   Eu não disse nada. Nem todo mundo pensava como Eva ou o velho serviçal, mas eu tinha estado tempo suficiente no Primeiro Exército para saber que a maioria dos soldados comuns não confiava nos Grishas e não prestava lealdade ao Darkling.
   Após um momento, o Darkling disse:

-Meu tatataravô foi o Herege Negro, o Darkling que criou a Dobra das Sombras. Isso foi um erro, um experimento nascido de sua ganância, talvez de seu mal. Eu não sei. Mas todos os Darklings depois dele tentaram desfazer o dano que ele causou ao nosso país, e eu não sou diferente- ele se virou para mim, sua expressão séria, a luz das chamas brincando sobre os planos perfeitos de seu rosto. -Eu passei a vida procurando um modo de corrigir as coisas. Você e a Alina são o meu primeiro lampejo de esperança que tenho em muito tempo.

-Eu e Alina?

-O mundo está mudando, Anastasia. Mosquetes e rifles são apenas o começo. Eu vi as armas que eles estão desenvolvendo em Kerch e Fjerda. A era do poder Grisha está chegando ao fim.

   Aquele foi um pensamento terrível.

-Mas... mas e o Primeiro Exército? Eles possuem rifles. E têm armas.

-De onde você acha que vêm os rifles deles? Sua munição? Cada vez que atravessamos a Dobra, nós perdemos vidas. Uma Ravka dividida não sobreviverá à nova era. Precisamos de nossos portos. Precisamos de nossas cidades portuárias. E só você e a Alina podem devolvê-los a nós.

-Como?- pedi para eu explicasse. -Como eu devo fazer isso?

-Me ajudando a destruir a Dobra das Sombras.

   Eu balancei a cabeça.

-Você é louco. Isso é loucura.

   Olhei o céu noturno por entre as vigas quebradas no telhado do celeiro. Estava repleto de estrelas, mas eu só conseguia ver a distância interminável de escuridão entre elas. Eu me imaginei em pé no silêncio morto da Dobra das Sombras, cega, assustada, sem nada para me proteger além do meu suposto poder. Pensei no Herege Negro. Ele havia criado a Dobra, um Darkling, exatamente como aquele homem sentado me observando tão de perto na luz da fogueira.

-E aquela coisa que você fez?- perguntei olhando no fundo de seus olhos cinzentos. -Ao fjerdano.

  Ele olhou de volta para a fogueira.

-É chamado o Corte. Exige um grande poder e uma grande concentração. É algo que só alguns poucos Grishas podem fazer.

  Sinto um arrepio em minha espinha.

  Ele olhou para mim e devolta para a fogueira.

-Se eu o tivesse cortado com uma espada, isso teria feito alguma diferença?

  Teria? Eu tinha visto inúmeros horrores em poucos dias. Mas mesmo após os pesadelos da Dobra, a imagem que permanecia comigo era a do corpo do homem barbado, balançando na luz do sol que o salpicava, antes de cair sobre mim.

-Eu não sei- admiti, baixinho.

  Algo passou por seu rosto, algo que parecia raiva, ou até mesmo dor. Não seja idiota, eu me repreendi. Ele é o Darkling. O segundo homem mais poderoso de Ravka. Ele tem cento e vinte anos! Você não feriu os sentimentos dele. Mas pensei na expressão que passara rapidamente por seu rosto, a vergonha em sua voz quando falara sobre o Herege Negro, e não consegui me livrar do sentimento de que eu havia falhado em algum tipo de teste.

  DOIS DIAS DEPOIS, logo após anoitecer, passamos por um enorme portão e pelas famosas muralhas duplas de Os Alta.

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