18

186 24 2
                                    

   SONHEI QUE ESTAVA de volta a Keramzin, correndo de meias pelos corredores escuros, tentando encontrar Alina e Maly

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

   SONHEI QUE ESTAVA de volta a Keramzin, correndo de meias pelos corredores escuros, tentando encontrar Alina e Maly. Podia ouvi-los me chamando, mas suas vozes nunca parecia se aproximar. Por fim, cheguei ao piso mais alto, e à porta do velho quarto azul onde costumávamos nos sentar no parapeito e observar nosso prado.
Eu ouvi as risadas de Alina e Maly. Abri a porta... e gritei. Havia sangue para todo lado. Dois volcras estavam empoleirados no parapeito e, quando se viraram para mim e abriram suas horríveis mandíbulas, vi que tinham olhos de quartzo cinza.
   Acordei num sobressalto, com o coração disparado, e olhei em volta, assustada. Por um momento, me esqueci de onde estava. Então suspirei e desabei de volta nos travesseiros.
   Eu já estava quase cochilando novamente quando alguém começou a bater na porta.

-Vá embora - murmurei por baixo das cobertas. Mas as batidas só ficaram mais altas. Eu me sentei, sentindo todo o meu corpo gritar em protesto. Minha cabeça doía e, quando tentei ficar em pé, minhas pernas não quiseram colaborar.

-Tudo bem!- gritei -Estou indo!- as batidas cessaram. Cambaleei até a porta e estendi a mão para pegar a maçaneta, mas então hesitei. -Quem é?

-Eu não tenho tempo para isso - uma voz feminina disparou atrás da porta. -Abra. Agora!- Dei de ombros. Deixe-os me matar ou me sequestrar ou seja lá o que quiserem fazer comigo. Contanto que não tivesse que cavalgar ou subir escadas, eu não iria reclamar.
Mal tinha destrancado a porta quando ela se abriu e uma garota alta passou me empurrando, examinando o quarto e depois me olhando de jeito crítico. Ela era, facilmente, a pessoa mais bonita que eu já havia visto. Seu cabelo ondulado era de um ruivo profundo, suas íris grandes e douradas. A pele era tão lisa e sem falhas que parecia que as maçãs perfeitas de seu rosto tinham sido esculpidas em mármore. Ela usava um Kefta creme bordado em ouro e forrado de pele de raposa avermelhada.

-Por todos os santos- ela disse, me olhando de cima -Você pelo menos tomou um banho? E o que aconteceu com o seu rosto?

    Eu fiquei muito vermelha, minga mão voando para o machucado na bochecha. Fazia quase uma semana desde a partida do acampamento e ainda mais tempo que eu havia me banhado ou escovado o cabelo. Estava coberta de sujeira e sangue, além do cheiro dos cavalos.

-Eu...

   Mas a garota já estava gritando ordens para as serviçais que a seguiram para dentro do quarto.

-Preparem um banho. Um quente. E precisarei dos meus kitspetrechos. E tirem as roupas dela.

   As serviçais, descendo sobre mim, puxaram meus botões.

-Ei!- gritei, afastando as mãos delas.

    A Grisha revirou os olhos.

-Segurem-na se for preciso.

   As serviçais redobram seus esforços.

-Parem!- gritei, me afastando delas. Elas hesitaram, olhando de mim para a garota.

   Honestamente, nada seria melhor que um banho quente e mudar as roupas, mas eu não deixaria uma ruiva tirânica fazer o que quisesse comigo.

-O que está acontecendo? Quem são vocês?

-Eu não tenho tem...

-Então arrume!- disparei -Eu cobri mais de cento e cinquenta quilômetros nas costas de um cavalo. Não tenho uma boa noite de sono há uma semana e quase fui morta duas vezes. Então, antes de fazer qualquer coisa, vocês vão ter que me contar quem são e por que é tão importante eu tirar minha roupa.

    A ruiva respirou profundamente e disse devagar, como se estivesse falando com uma criança:

- Meu nome é Genya. Em menos de uma hora você e sua amiga serão apresentadas para o Rei, e é minha tarefa torná-la apresentável.

   Minha raiva evaporou. Eu seria apresentada ao Rei?

- Agora podemos prosseguir?

   Assenti sem dizer nada e Genya bateu palmas. As serviçais entraram em ação voando, arrancando minhas roupas e me arrastando para o banheiro. Na noite anterior, eu estava cansada demais para notar o quarto, mas agora, eu me maravilhava com as pequenas peças de bronze que ocupavam todas as superfícies e com a enorme banheira oval de cobre batido, que as servas estavam enchendo de água fervendo. Ao lado da banheira, a parede estava coberta por um mosaico de conchas e abalone brilhante.

-Para dentro!- disse uma das serviçais, dando-me um empurrão.

    Eu entrei. A água estava dolorosamente quente, mas eu a encarei em vez de tentar facilitar indo devagar. A vida militar tinha me curado do meu recato havia muito tempo, mas havia algo diferente em ser a única pessoa nua no cômodo, especialmente quando todo mundo continuava a me olhar de um jeito curioso.
Gritei quando uma das mulheres agarrou minha cabeça e começou a lavar meu cabelo furiosamente. Outra se inclinou sobre a banheira e começou a esfregar minhas unhas.
   Depois de me acostumar a ele, o calor da água fez bem para o meu corpo dolorido. Eu não tomava um banho quente há muitos meses, e jamais tinha sonhado que poderia existir uma banheira assim.   Obviamente, se uma Grisha tinha os seus benefícios. Eu poderia ter passado uma hora só flutuando para lá e para cá. Mas após ser totalmente afundada e escovada, uma serviçal agarrou meu braço e ordenou:

-Para fora! Para fora!

    Relutante, saí da banheira e deixei a mulher me enxugar rudemente com toalhas grossas. Uma das moças mais novas deu um passo à frente com um pesado robe de veludo e me conduz ao quarto. Em seguida, ela e as outras saíram, me deixando sozinha com Genya.
Eu olhei para a ruiva com cautela. Ela havia aberto as cortinas e colocado, ao lado das janelas, mesa e cadeira, ambas talhadas de um jeito elaborado em madeira.

- Sente-se - ela mandou e eu obedeci.

   Um pequeno baú repousava aberto ao alcance de suas mãos, o conteúdo espalhado sobre a mesa: frascos de vidro bojudos cheios do que pareciam ser frutos, folhas e pós coloridos. Genya agarrou meu queixo, olhou meu rosto de perto e virou o lado machucado para a luz da janela. Ela respirou profundamente e deixou os dedos passarem pela minha pele. Senti o mesmo arrepio experimentado quando a Curandeira cuidara das feridas que consegui na Dobra.
Longos minutos se passaram enquanto eu fechava as mãos para me impedir de coçar. Então Genya se afastou e a coceira diminuiu. Ela me passou um pequeno espelho dourado.
  A ferida tinha sumido completamente. Pressionei minha pele de leve, mas não senti nenhuma dor.

- Obrigada- falei, repousando o espelho e começando a me levantar. Mas Genya me puxou de volta para a cadeira.

-Aonde você pensa que vai? Nós não terminamos.

-Mas...

-Se o Darkling só quisesse você curada, teria mandado uma Curandeira.

My first and only loveOnde histórias criam vida. Descubra agora