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Entramos no quarto e ele trancou a porta, sentei-me na cama e ele se sentou de frente para mim. Suspirei. Aquele clima estava tão tenso quanto na noite anterior, porque agora eu encararia a fera sozinha.

                     

— Sabe o que mais me dói? — Ele perguntou. Eu apenas neguei com a cabeça — Não ter escutado a verdade da sua boca. Eu sempre pedi para que você independente da situação me dissesse a verdade, porque eu não queria descobrir por mim e nem pelos outros.

                     

— Mas eu ia falar, pai. Eu não estava com Alycia antes de você viajar.

                     

— Esteve há dois meses antes. — Ele me interrompeu.

                     

— Mas nem eu e nem ela aceitava isso. Eu a evitei por dois meses fingindo estar tudo bem apenas em sua frente. Eu não queria aceitar o que tinha acontecido e muito menos admitir que sentia algo por ela. Eu neguei isso até o último minuto, mas não teve como negar mais quando a gente ficou novamente. Sempre acabaria do mesmo jeito.

                     

— Poderiam ter ligado.

                     

— Você está de brincadeira, né? Não se conversa um assunto desses por telefone. É ridículo.

                     

— Eu só não queria descobrir daquele jeito, Eliza. Puta merda, eu me senti traído. Doeu.

                     

— E você acha que nunca doeu em mim? Você acha que eu nunca passei noites em claro querendo me estapear pela má filha que eu estava sendo? Ah, papai, você realmente não sabe metade da missa. Eu me sentia péssima! Completamente devastada. Era horrível.

                     

Ele suspirou e ficou em silêncio me encarando.

                     

— Se eu pudesse ter escolhido na época — Continuei — Jamais teria me apaixonado pela Alycia, porque eu realmente estava feliz de te ver feliz, mas jamais escolhi sentir algo por ela e tenho certeza que com ela foi a mesma coisa.

                     

— O feitiço está virando contra o feiticeiro — Ele riu, porém era uma risada forçada.

                     

— Como assim? — Perguntei, confusa.

                     

— Nunca te contei sobre como conheci sua mãe, não é?

                     

— Nunca.

                     

Isso me fez perceber que em todos esses anos eu nunca tive a curiosidade de saber como eles se conheceram. Quer dizer, até tinha, mas nunca tive coragem de tocar no assunto. Não sabia como ele reagiria.

                     

— Certo. Sua mãe e eu éramos da mesma escola, a diferença é que ela era um ano mais nova. Eu e Mike, o pai de Alycia éramos realmente muito amigos, vivíamos juntos na escola, em festas, sempre um na casa do outro e também éramos do mesmo time de futebol. Sua mãe sempre foi muito quieta e na dela, o oposto de mim na época. Ela era completamente apaixonada por Mike.

ᗩᒪYᘔᗩ ✓ MY DEAR STEPMOTHEROnde histórias criam vida. Descubra agora