Capítulo 35

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Acordei com meus olhos inchados. Chorei tanto ontem à noite que eu pensei que não fosse conseguir dormir. Agora já estou me sentido melhor.

A saudade vai ficar, mas eu posso conviver com ela.

Ouvi a campainha tocar. Era Magritte vindo nos buscar para irmos ao supermercado.

- Mãe, a Magritte chegou. – Gritei de perto da porta para que minha mãe viesse para cá.

Estava um dia nublado frio e chuvoso. Muito mais frio que ontem. Estava cheia de casacos e coloquei uma touca verde-musgo que tenho para ver se conseguia me esquentar melhor.

Assim que entramos no carro, depois de já ter trancado a porta de casa, mal conseguimos dar oi para a minha avó, que ela já estava começando a tagarelar.

- Bom dia, minhas queridas. Como estão? Eu sei que está um dia frio e depressivo, mas vamos para o mercado, que lá tem muitas guloseimas para comprar e poder comer enquanto assistimos a algum filme tomando chocolate quente. O que acham?

- Acho ótimo, Magritte. Não está um dia depressivo. Na verdade, está um lindo dia. – Achei estranho minha mãe falar isto por ela odiar o frio com todas as forças. – Se estamos vivas, é um lindo dia. Aliás, vamos tentar aproveitar ao máximo hoje. Acordei tão animada, não sei por quê.

- Bom saber, Karen. Porque eu programei bastante coisa para fazermos hoje.

Eu fiquei prestando atenção à conversa, mas preferi olhar para as gotas de chuva que escorriam diagonalmente do lado de fora do vidro da janela. Umas das coisas que sempre amei observar desde pequena. Quando tinha quatro anos de idade, ficava vendo qual gota iria ganhar a competição imaginária que criava na minha cabeça e ficava triste quando a gota pela qual estava torcendo não chegava ao fim da janela por primeiro.

- Cassie?

- O quê? – Nem tinha percebido que estavam falando comigo.

- Estava querendo saber se você gostaria de almoçar comida japonesa ou comida indiana.

- O que você prefere, vó?

- Amo as duas.

- Comida japonesa, então, por favor.

- Beleza.

O dia até que se passou rapidamente. Eu tinha uma vontade imensa de chorar a cada segundo que passava. O almoço constituiu-se de apenas eu, minha mãe, meu avô e meu pai. Austin, ainda bem, não estava lá para ser grosso comigo.

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