Apesar do frio cortante que se instalava no quarto através da janela aberta, Austin não parecia ligar para isso. Pelo contrário, parecia fora de si.
Sua cabeça lentamente virou-se para o lado da porta onde estava eu parada, atônita.
- O que você faz aqui, Cassie? – sua voz fraca não expressava raiva, apenas pura curiosidade.
- Escutei a porta bater e vim ver o que era. Você está pálido. Está bem?
- Pareço bem?
- Não. Por isso a pergunta.
- Relaxa que isso já vai passar.
Apesar de ele não ter me tratado bem uma só vez desde que nos conhecemos, estava verdadeiramente preocupada com o meu irmão.
- O que você está fazendo? – Austin perguntou enquanto me sentada no chão frio, ao lado dele.
- Certificando-me de que você ficará bem.
- Não pedi sua bondade.
Não respondi ao comentário dele. Apenas pensei no que poderia fazer para que ele não morresse ali, ao meu lado.
Levantei-me para buscar meu celular no meu quarto. Austin não pareceu ligar para os meus gestos.
Voltando ele estava tentando se levantar, falhando miseravelmente no ato.
Engatei o seu braço por cima do meu ombro e o ajudei a caminhar até a cama.
- Está fazendo o que com o celular?
- Chamando ajuda.
- Não faça isso. Já passei por dias piores. Vou sair dessa.
E quase como um sussurro, ele falou para eu não me preocupar. Quase como se estivesse envergonhado pelo seu estado.
- Quero que você fique bem.
- Eu vou.
Sentei-me ao lado dele na beirada da cama. A preocupação me matava naquele momento.
- Posso fechar a janela? – perguntei num quase sussurro. Austin já estava adormecido.
Levantei-me e fechei a janela, cobri meu irmão com um cobertor fino – já que ele suava frio, resolvi não colocar o edredom estendido ao final da cama.
Sentei-me novamente na beirada da cama, com o edredom cobrindo minhas pernas e o chão.
Uma luz forte me incomodava, além de uma dor forte no pescoço.
Abri os olhos e vi que não estava no meu quarto. Devo ter adormecido ontem enquanto prestava atenção na respiração de meu irmão, certificando-me de que ele não morreria.
Levantei-me da posição em que dormi. Mas espere... eu não havia me deitado. Estava apenas sentada pelo o que me lembro.
- Vi a posição em que dormiu e pensei que estivesse um tanto desconfortável, aí resolvi colocar suas pernas para cima da cama e te dar um travesseiro.
Austin disse, ao sair do banheiro, escovando os dentes.
- Obrigada – disse esfregando meus olhos. – sua cara até que está boa, considerando seu estado ontem.
- Acontece – olhando para o chão ele me pergunta, baixinho: - Por que você ficou ontem? De verdade, não precisava.
- Você só me tratou mal desde que cheguei aqui, mas isso não muda o fato de ser o meu irmão e é isso que irmãos fazem: cuidam uns dos outros.
Olhando diretamente nos meus olhos, Austin com um olhar surpreso e confuso me disse um simples "obrigado".
Com um aceno de cabeça e um sorriso, retirei-me do quarto e fui direto para o meu.
Jogando meu celular na cama, fui me arrumar para o meu dia.
Não encontrei meu irmão pelo resto do dia, mas o jeito como ele me tratou hoje já foi uma bela evolução fraternal, eu diria.
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A História de uma Vida
RomanceDuas almas destinadas a se encontrarem. Brilharam como a mais bela das estrelas, o brilho mais puro. Um fogo destinado a queimar forte e rapidamente. Rápido demais, ao meu ver. Um amor real, forte e lindo, porém, com o término mais doloroso. Quem se...