Capítulo 40

6 1 0
                                    

Apesar do frio cortante que se instalava no quarto através da janela aberta, Austin não parecia ligar para isso. Pelo contrário, parecia fora de si.

   Sua cabeça lentamente virou-se para o lado da porta onde estava eu parada, atônita.

   - O que você faz aqui, Cassie? – sua voz fraca não expressava raiva, apenas pura curiosidade.

   - Escutei a porta bater e vim ver o que era. Você está pálido. Está bem?

   - Pareço bem?

   - Não. Por isso a pergunta.

   - Relaxa que isso já vai passar.

   Apesar de ele não ter me tratado bem uma só vez desde que nos conhecemos, estava verdadeiramente preocupada com o meu irmão.

   - O que você está fazendo? – Austin perguntou enquanto me sentada no chão frio, ao lado dele.

   - Certificando-me de que você ficará bem.

   - Não pedi sua bondade.

   Não respondi ao comentário dele. Apenas pensei no que poderia fazer para que ele não morresse ali, ao meu lado.

   Levantei-me para buscar meu celular no meu quarto. Austin não pareceu ligar para os meus gestos.

   Voltando ele estava tentando se levantar, falhando miseravelmente no ato.

   Engatei o seu braço por cima do meu ombro e o ajudei a caminhar até a cama.

   - Está fazendo o que com o celular?

   - Chamando ajuda.

   - Não faça isso. Já passei por dias piores. Vou sair dessa.

   E quase como um sussurro, ele falou para eu não me preocupar. Quase como se estivesse envergonhado pelo seu estado.

   - Quero que você fique bem.

   - Eu vou.

   Sentei-me ao lado dele na beirada da cama. A preocupação me matava naquele momento.

   - Posso fechar a janela? – perguntei num quase sussurro. Austin já estava adormecido.

   Levantei-me e fechei a janela, cobri meu irmão com um cobertor fino – já que ele suava frio, resolvi não colocar o edredom estendido ao final da cama.

   Sentei-me novamente na beirada da cama, com o edredom cobrindo minhas pernas e o chão.

   Uma luz forte me incomodava, além de uma dor forte no pescoço.

   Abri os olhos e vi que não estava no meu quarto. Devo ter adormecido ontem enquanto prestava atenção na respiração de meu irmão, certificando-me de que ele não morreria.

   Levantei-me da posição em que dormi. Mas espere... eu não havia me deitado. Estava apenas sentada pelo o que me lembro.

   - Vi a posição em que dormiu e pensei que estivesse um tanto desconfortável, aí resolvi colocar suas pernas para cima da cama e te dar um travesseiro.

   Austin disse, ao sair do banheiro, escovando os dentes.

   - Obrigada – disse esfregando meus olhos. – sua cara até que está boa, considerando seu estado ontem.

   - Acontece – olhando para o chão ele me pergunta, baixinho: - Por que você ficou ontem? De verdade, não precisava.

   - Você só me tratou mal desde que cheguei aqui, mas isso não muda o fato de ser o meu irmão e é isso que irmãos fazem: cuidam uns dos outros.

   Olhando diretamente nos meus olhos, Austin com um olhar surpreso e confuso me disse um simples "obrigado".

   Com um aceno de cabeça e um sorriso, retirei-me do quarto e fui direto para o meu.

   Jogando meu celular na cama, fui me arrumar para o meu dia.

   Não encontrei meu irmão pelo resto do dia, mas o jeito como ele me tratou hoje já foi uma bela evolução fraternal, eu diria.

A História de uma VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora