A História de uma Vida

Capítulo 44

   A saudade fica cada dia maior, parece. Como encontraram os restos mortais de minha mãe e da tripulação em um estado que vai nos obrigar a cremar o corpo, é isso que vamos fazer.

A última semana se passou parecendo que minha mãe ainda não voltou de viagem. Austin tem sido mais legal do que ele geralmente é comigo e Sebastian mergulhou no trabalho dele. Jace tenta me ligar quase todos os dias, mas realmente não quero falar com ele. Ele nem é o meu pai de verdade mesmo.

- Cassie, quer ir tomar um sorvete? – Pergunta Austin quando abre de leve a porta do meu quarto.

- Claro. Só vou trocar a roupa.

- Beleza – diz ele se sentando em minha cama.

Ótimo. Quanta privacidade.

Escolhi uma calça jeans azul escura, com uma blusa de manga comprida verde musgo solta no meu corpo. Tênis Vans, é claro, verde musgo com florzinhas bordadas no tecido. Passei meu perfume Prada Candy, uma leve camada de rímel e fui.

Nunca estive em um carro em que Austin dirigiu. Só conhecia o carro dele, mas não faço ideia se ele é um bom motorista.

- Sinto muito pela sua mãe, Cassie.

- Tudo bem. Ninguém vive para sempre, né? E obrigada pelo bilhete. Era uma linda mensagem.

- De nada.

A nossa ida à sorveteria foi silenciosa, com música de rock e metal de fundo.

Peguei um sorvete de maracujá com chocolate e Austin pegou um de chocolate.

Meu irmão fez questão de pagar o meu sorvete. Quando nos sentamos à mesa, percebi uma tatuagem no seu pulso de um monte de números.

- Qual o significado dessa tattoo?

Ao perceber sobre qual eu estava falando, Austin escondeu seu pulso e pareceu desconfortável.

- Não tem nenhum. Nem sei porque fiz. Acho que estava bêbado quando isso aconteceu.

- Ah. Pensei que tivesse.

- Nem tudo precisa ter.

- É mais legal quando tem uma mensagem por trás.

- E qual seria a mensagem por trás de você não ter nenhuma?

- Não é a minha praia. Acho que enjoaria da escolha do desenho ou do tamanho dali a uma semana se fizesse algo permanente.

- Justo – falou dando risada ao o que eu me uni.

Quando terminamos o sorvete, voltamos para casa e eu agradeci pelo passeio. Não sei porque ele fez isso, mas foi legal.

Algumas horas depois de eu já estar acomodada no meu quarto assistindo um filme, comecei a escutar umas pancadas vindas do andar de baixo.

Desci as escadas e fui ver o que era: uma festa.

Perto de nove da noite, Austin resolve dar uma festa. Sebastian não está aqui para parar com a farra, o que é uma pena.

Pessoas se espremiam para tentar andar na multidão que se reunia na casa, com copos vermelhos na mão.

Corri para trancar meu quarto, já que odeio intrusos. Voltando para o andar de baixo, estando no fim da escada, uma garota acaba tropeçando em mim e me derrubando nos degraus.

Fui para a cozinha pegar gelo para colocar no meu braço que já estava roxo, até perceber uma mancha vermelha que manchou minha blusa.

Meu braço esquerdo estava com um corte consideravelmente grande e o meu direito com um roxo quase preto que ia do cotovelo até quase o pulso.