Capítulo 18

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   - Oi, mãe. Como foi ficar sem a minha pessoa por uma semana?

   - Cassie. Bom te ver também. – Ela disse com uma risada. – A Linda parece uma adolescente depressiva, está morrendo de saudades. E eu também. Vem, vamos para casa. Quer ajuda com alguma coisa?

   - Não, valeu. A mala não está tão pesada.

   Fomos caminhando até o carro e assim que saímos no estacionamento, o ar quente atingiu meu rosto. Mus olhos estavam secos do ar-condicionado do avião e do aeroporto. Resolvi não falar nada a respeito da minha identidade para não chegar já preocupando a coitada da minha mãe.

   Minha alegria não parava de aumentar só de pensar que eu estava voltando para casa. A minha verdadeira casa.

   Chegando na rua da minha residência, já pude ver o mar por entre as casas que passávamos e o branco da tintura exterior da minha já a minha vista. Me sinto em paz.

   Depois que entramos na garagem e minha mãe estacionou o carro, peguei minha bolsa e tirei a mala, com a ajuda da minha mãe, do porta-malas. Assim que a porta de entrada se abriu, senti um par de patas tocarem a minha coxa. A linda me recebeu com um rabo abanando, em até trouxe o osso dela como se fosse um presente para mim. Eu também estava morrendo de saudade dela.

   Após uma longa sessão de carinhos, subi com minha bagagem até meu quarto, com a Linda na minha frente, o cauda dela abando, como se me "guiasse" pela minha própria casa. Abri a mala, que estava no chão, tirei as roupas e fui pendurando nos cabides do meu closet. Meu closet não era tão grande quanto o de Dubai, mas ainda assim, grande o suficiente para aguentar o meu nível de consumismo.

   Desci para a cozinha e tomei litros de água. Por algum motivo, eu estava sedenta. Assim que tomei o último gole, meu estômago estava estufado de tanta água. Senti um pouco de náusea, mas eu precisava de cada molécula que tomei. Me sentei no sofá um pouco e minha mãe veio com duas tigelas de tamanho médio, cheias de salada.

   - Pega aqui. Você deve estar com fome.

   Assim que eu a tomei da mão dela e a depositei no meu colo, minha mãe se sentou no sofá também, com os pés embaixo de si. Pegou o controle e começou a procurar algo para assistirmos enquanto jantávamos. Assim que encontrou um episódio de uma série de reforma de casas, começou a comer a salada. Eu já estava na metade da minha quando ela começou a comer, por isso terminei antes.

   - Mãe estou bem cansada. Estou indo dormir. Boa noite.

   - Boa noite, filha. Durma bem.

   - Você também.

   Comecei a subir as escadas com a Linda grudada atrás de mim. Ela queria me ultrapassar, mas era divertido ficar atrapalhando o caminho dela. Chegando no meu quarto, troquei meu vestido por um pijama bem fresco e confortável. Fechei a porta do meu quarto. Fui até o banheiro para escovar os dentes e lavar o meu rosto. Assim que terminei de passar hidratante na minha face, caminhei até a cama e me aninhei embaixo do meu lençol que estava gelado. A linda subiu na cama e deitou-se aos meus pés. Por mais que aqui em casa, cachorros não são permitidos a subirem na cama, estava cansada demais para expulsá-la dali. Depois de alguns segundos meu olho se fechou e eu entrei em um sono profundo, sonhando com aviões e pôr-do-sol.

   Quando acordei com o Sol batendo no meu rosto, eu me senti meio zonza. Assim que olhei a hora no meu celular, vi que eram nove da manhã. Até que eu não dormi tanto quanto achei que fosse mas mesmo assim, me sinto renovada.

   Quando me sento na cama, vi que esqueci de apagar a luz do meu abajur e as luzes brancas de natal que eu tenho penduradas no meu teto. Credo, eu devia estar muito cansada para conseguir dormir de luz acesa. De novo, esqueci de fechar a cortina para a luz do dia não ficar batendo no meu rosto.

   Assim que meus pés encontraram o chão morno, fui até o meu banheiro para começar o meu dia. Assim que terminei de me arrumar, fui pegar meu café. Eu estava nos meus últimos três dias de férias, o que, sinceramente é triste, só que a saudade das minhas amigar é maior.

   Logo que meu prato de banana amassada com aveia, mel e canela ficou vazio, escovei meus dentes e abri meu laptop para procurar os documentos necessários para pedir uma nova identidade. Eu precisaria de uma foto minha 3x4, além da minha certidão de nascimento e mais dois papéis que eu não faço ideia de como conseguir. Fechei meu computador e fui até o antigo escritório do meu pai, que agora se tornou da minha mãe, ver nas gavetas esses papéis.

   A foto 3x4 foi a mais rápida de ser achada. Minha mãe tem um álbum com fotos minhas em cada canto desta casa. Assim que peguei a foto mais recente que encontrei, fui atrás da minha certidão de nascimento. Gaveta por gaveta eu fui olhando e não conseguia achar.

   Quando já estava quase ligando para o celular da minha mãe, consegui achar na gaveta que fica ao lado da mesa de cerejeira dela.

CERTIDÃO DE NASCIMENTO

Certifico que, do livro, folha e termo citados de ASSENTO DE NASCIMENTOS, deste Cartório, consta que foi lavrado no dia 20 de setembro de 2004, o assento de Nascimento de 

**        CASSIE LAVOIROSE SMITH        **

do sexo feminino, nascida aos dezesseis dias do mês de setembro do ano de dois mil e quatro (16/09/2004), às 07h 30min, no hospital Lyford Cay Hospital, em Nassau-Bahamas. 

Filha de SEBASTIAN SMITH e de KAREN LAVOIROSE.

   Assim que li os nomes de quem eu era filha, eu fiquei extremamente confusa. Esse não é o nome do meu pai. O nome do meu pai é Jace. Li mais uma vez e de novo. E mais uma só para ver se eu não estava delirando.

   Apenas os empregados se encontravam aqui em casa, todavia isso não me impediu de pegar meu celular e discar o número da minha mãe antes que eu me desse conta do que estava fazendo. Por mais que eu estivesse tentando me acalmar, minha cabeça não parava de girar. Me sentia muito tonta. Meu pai biológico não é biológico, ou talvez eles tivessem errado o nome dele. Se bem que ninguém é tão desastrado a ponto de colocar um nome completamente diferente de "Jace" em uma certidão de nascimento. Eu fui ler por curiosidade aquele documento e acabei descobrindo algo muito mais preocupante que apenas perder minha identidade.

   - Alô? – A voz feminina do outro lado da linha pronunciou.

   Antes que eu pudesse começar a falar qualquer coisa, senti que um buraco se abriu no chão e eu caí dentro dele. Minha visão escureceu.

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