Capítulo 23

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   Daqui a uma semana e meia é o meu aniversário. Eu tinha planejado de ter ido passar o fim de semana que está vindo na casa dos meus avós. Eles moram na Inglaterra. Assim como Sebastian. O problema é que eles moram de um lado da ilha e Sheffield fica extremamente longe de lá. Caso contrário, eu até iria até lá com eles, apesar de agora saber a verdade a respeito do que fizeram com a minha mãe.

   Com meu único programa desmarcado, eu não sei mais o que fazer. Mas ainda tenho tempo para decidir isso. Estou caminhando na rua para comprar algumas coisas para o meu rosto. Meu sabonete facial acabou e já resolvi comprar mais umas máscaras de limpeza de carvão ativado e uma outra de limão, para ver se eu consigo manter minha pele impecável.

   Combinei de me encontrar com a minha mãe em uma patisseire aqui perto de onde eu estou. Ela arranjou um tempinho para passar comigo. Desde a semana passada minha mãe parece uma louca estressada. Eu acho que vou junto para Londres para esta festa. Sempre gostei delas. Um monte de gente bem vestida e sempre tem comida boa. Não se compara à festa que o meu pai deu no apartamento dele, porque as pessoas são bem mais legais e a comida pode ser boa mas não é tão cara. Mesmo assim prefiro mil vezes as festas da minha mãe à passar mais uma noite naquela festa do meu pai.

   Por mais que nós já iremos estar na Inglaterra e poderíamos dar um pulo para Sheffield, no dia seguinte a festa, eu sei que vamos estar mortas de cansadas e já estaremos preparando as malas para voltar. Minhas provas no colégio já tem data marcada e por isso não vou poder continuar na Inglaterra nem se eu quisesse por causa da minha adorável escola, que gosta de atrapalhar os planos para a minha vida.

   Preciso ver o meu vestido esta tarde para a inauguração. Acho que vou encontrar algo facilmente aqui. Estamos no verão aqui, mas mesmo assim sei onde encontrar roupas que combinem com o tempo londrino.

   Entrei na patisserie esperando por minha mãe e pedi um chá de frutos vermelhas enquanto esperava. Não demorou muito para enxergar minha mãe entrar pela porta cheia de sacolas, com o cabelo cobrindo metade do rosto dela, quase tropeçou porque não conseguia enxergar o chão. Meio esbaforida, sentou-se na mesa desleixadamente e jogou as sacolas no chão ao seu lado, atrapalhando a passagem das pessoas por aquele lado da mesa.

   - Credo, hoje foi cansativo. – Exclamou assoprando uma mecha teimosa de cabelo que não quis ficar presa atrás da orelha.

   - Ainda estamos no meio do dia. – Falei com certo humor na voz, achando graça da cena.

   - Eu sei. Mas parece que estou caminhando há três dias sem descanso. Já pediu alguma coisa?

   - Pedi um chá. Fiquei te esperando para pedir a comida.

   Minha mãe chamou a atenção de algumas pessoas ao nosso redor depois de fazer uma cena para se sentar na mesa, fingindo estar exausta. Elas já pararam de olhar, mas continuo com mínima vergonha, mesmo assim.

   Depois de pedirmos o que iríamos comer de almoço, resolvi quebrar o silêncio ao mencionar o meu aniversário.

   - Estou pensando em comemorar o meu aniversário dentro de um avião?

   A cara de confusão da minha mãe apenas demonstrou o quanto não entendível foi minha frase.

   - Assim, seria muito legal caso fôssemos para Londres no dia do meu aniversário. Se embarcássemos para lá, na real. Não faço ideia de quanto tempo demora para chegar, porém isso não importa. A melhor parte da viagem para mim é estar dentro do avião, então, por que não comemorar o meu dia dentro de um lugar que eu amo estar? Faria total sentido – Falei toda animada. – E quer saber? Eu já estaria te ajudando porque assim teremos um dia inteiro para descansar e nos acostumarmos com o fuso-horário. O que acha?

   - Gostei da ideia. Precisarei apurar umas coisas aqui, mas não me importo. Se quer isso para seu aniversário, tudo bem por mim. Te devo isso.

   - Valeu, mãe. Você é a melhor.

   Logo que pagamos a conta do nosso almoço, Karen voltou a fazer sei lá o que que ela tinha para fazer e eu fui ver minha roupa para inauguração da loja.

   Passei pela frente de uma vitrine com um vestido da cor do mar. Entrei assim que o vi. Ele é perfeito. Vou estar com um vestido que me lembra minha casa – por causa da cor do mar que é a mesma cor do tecido – enquanto estarei em minha outra casa em Londres. Faz tempo que não visito a mansão londrina. Minha mãe ficou com ela e a casa nossa em Nassau quando ela e o meu pai se divorciaram. Meu pai ficou com a mansão de Mônaco e o apartamento que ele comprou em Dubai.

   O vestido ficava no meu joelho com um corte quadrado, mangas três quartos, justo até alcançar a cintura, onde dali, se transformava em um saia armada. Era inteiramente liso, com algumas dobras na costura do tecido para dar um detalhe sutil que faz toda a diferença no acabamento.

   O comprei junto com um salto doze, cinza escuro. Voltei para casa porque estava podre de cansaço.

   Ainda era quatro da tarde. Me sentei no sofá da sala com a Linda do meu lado, depois de trocar a roupa da rua, lendo "Catadores de Conchas". Li até a hora da janta.

   Depois de jantar com minha mãe que havia voltado para casa apenas há uma meia-hora atrás, fui tomar uma banho e lavar meu cabelo. Coloquei meu pijama e me deitei na cama para ler um pouco.

   Ao acordar,vejo o livro caído ao meu lado na cama e a luminária ainda acesa da noiteanterior. Acho que adormeci ainda lendo. Realmente estava cansada.

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