001. LET THE GAMES BEGIN

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CHAPTER ONE:
Let the games begin.


HAWKINS, INDIANA
Friday, March 21

A BRISA PELA MANHÃ era reconfortante. Principalmente quando você fechava os olhos e começava a imaginar cenários impossíveis, como se fossem acontecer algum dia. Pode-se dizer que, desde que me entendo por gente, me considero uma garota cabeça nas nuvens, de certo modo que até esqueço de viver a realidade. Sair de Hawkins e viver uma vida glamourosa — ou talvez nem tão glamourosa assim — pelas cidades mais populosas dos Estados Unidos estava na minha lista de afazeres. Eu só precisava esperar o meu diploma, só mais alguns meses sem nada fora do comum acontecendo e tudo ficaria bem.

O cenário matinal sempre me fazia querer passar o dia inteiro no meu quarto: a melodia incrivelmente doce cantada pelos passarinhos e a tonalidade apaixonante do céu azul. Sem mencionar o fato de que eu podia ficar escutando minhas músicas favoritas até enjoar, ou até o Dustin bater na minha porta me apressando para a escola. "Lay All Your Love On Me" do ABBA tocava em meu walkman, permitindo com que eu perdesse a noção do tempo. A música sempre me fazia sentir assim, perdida em um conto de fadas. Era como se tudo fosse possível.

Mas, apesar do ambiente totalmente mágico e confortável, algum som estava sendo abafado pelo fone de ouvido.

— O quê...? — Meus pés, que estavam descansando na cabeceira, pousam no chão.

Assim que aperto o botão para pausar a música, escuto algumas batidas que vinham da porta.

— Samantha, você e o Dustin vão se atrasar! — Identifico ser a voz da tia Claudia.

Ao estender o braço para verificar as horas, sinto meu coração acelerar e dou um salto da cama. Já tinha perdido a conta de quantas vezes me atrasei só neste mês.

— Droga, Droga, Droga! Um minuto! — Minha voz falha na tentativa de gritar, revirando a escrivaninha à procura do meu caderno de biologia.

Já é a terceira vez essa semana, pensei.

Hoje teríamos a abertura dos jogos, não que eu ligue muito pra isso. Mas, para não passar nenhum tipo de vergonha, era recomendável chegar no horário. Sem falar que eu poderia perder o ônibus.

— Casaco, casaco, casaco... casaco! — Encontro meu casaco vermelho no fundo do armário, debaixo de uma pilha de roupas.

Meu cabelo estava todo bagunçado, mas arrumar uma hora dessas era um pouco complicado. Então, com uma rapidez indescritível, passo creme de cabelo em minhas mãos para poder finalizar alguns cachos desmanchados. Um pouco de batom, perfume e voilá!

Depois de uma olhada no espelho e uma careta, desço as escadas na velocidade da luz, surpresa por não tropeçar e sair rolando pelos degraus.
Dustin também acabava de sair do quarto, fazendo barulho de beijinhos para Suzie.

— Dustin, acho que perdemos o ônibus. — Digo conferindo o relógio mais uma vez.

— Não tem problema, o Eddie vai nos dar carona hoje. — Ele diz com a maior tranquilidade do mundo.

Como é?

— Espera, Munson? O Eddie Munson? O esquisitão?! — Arregalo os olhos ao escutar o tão temido nome. — Você só pode estar de brincadeira com a minha cara.

— Vamos lá, vamos esquecer de vez dessa briguinha que vocês têm. — Dustin diz como se estivesse me pedindo para fazer uma panqueca.

— Não tem outro jeito de ir pra escola hoje?

 ˓ 𑁍 𝐔𝐍𝐓𝐈𝐋 𝐈 𝐅𝐎𝐔𝐍𝐃 𝐘𝐎𝐔  ━━━  Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora