"Você nunca se apaixonou?"

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Trabalhar como auxiliar de limpeza não era tão ruim quando se tinha um bom trabalho, mas as vezes as pessoas abusavam do mísero e quase inexistente "poder" que tinham e isso tirava Minho do sério.

Qual o problema de acertar a porra do sanitário? É o trauma de mirar fora e ser zuado pelos coleguinhas do maternal?

E por que meu trabalho me torna alguém mais fútil que você? Esse não é um trabalho digno como qualquer outro?

Ouvir piadinhas sem graça, aguentar provocações e falta de educação dos outros sem revidar era sufocante.

Precisava daquele emprego. Demorou tanto para encontrá-lo e ainda teve que implorar para o dono do negócio o aceitar, pois ninguém queria contratá-lo por ter uma fama questionável, como sabem.

Tinha que, infelizmente, pagar as contas.
Tinha que ajudar seu irmão.
Tinha que... Concertar seus erros.

(Tenho que ser alguém bom...)

Limpou o suor da testa com o antebraço e voltou a esfregar o chão depois de limpar todas as cabines do banheiro. Tremeu, quando ouviu a porta de uma das cabines ser fechada com força. Voltou-se para suas costas e franziu o cenho.

(Que porra...?)

Deu de ombros e voltou a fazer seu trabalho. Agradeceu aos céus que finalmente estava prestes a acabar quando ouviu um choro baixinho, voltou novamente a olhar as seis portas com atenção. Deixou o esfregão de lado e caminhou, vagaroso, pelo espaço à procura da fonte daquele choro. Parou na frente da quarta cabine.

— Hey, tudo bem aí? — Bateu na porta enquanto perguntava com um tom baixo, pouco sútil. O choro cessou e um suspiro acabou passando por seus lábios. Se afastou da cabine, pegando o balde e esfregão com preguiça, logo se preparando para sair.

De fato não estava preocupado com quem estava do outro lado ou curioso com a situação, mas quem sabe, poderia ser útil.

(Vai saber se a pessoa tá morrendo, né?)

Empurrou o balde até a saída quando ouviu a cabine finalmente ser aberta. Ignorou, abriu a porta, mas ouviu a voz baixa e embaralhada lhe chamar.

— Hey... — Virou parte do corpo para olhar quem o chamava e observou o menor com curiosidade. Aquele garoto com certeza era mais novo que ele. — Você... Trabalha aqui? — Baixou a cabeça brevemente analisando o esfregão ainda na sua destra e dentro do balde de rodinhas.

(Não é óbvio?)

Apenas assentiu. O loiro limpou os olhos que ainda derramava lágrimas e se aproximou do ruivo. Esse se afastou, incomodado com o ato inesperado por parte do menor. Ele não sabia porque.

— Desculpe, eu não vi que tinha alguém aqui. — O ruivo negou.

— Tudo bem. — Voltou para a saída, mas foi impedindo de sair quando sentiu seu braço ser tocado, de leve. Outra vez, olhou o menor com curiosidade.

O que ele queria?

— Você... Pode me dar seu número?

🎭 I don't care 🎭

— Eu achei que você estava zoando quando disse sobre o jantar. — Seungmin adentrou o hall principal com cautela, soava natural e animado com a ocasião, mas não podia esconder a expressão de preocupação, tanto pelo amigo, como por si mesmo.

— Parece loucura não é? Mas é real e eu estou até agora sem acreditar... — Hyunjin fechou a porta e puxou o Kim para sentar no sofá, na sala de estar. Seungmin olhou de relance para o outro lado do cômodo, exatamente para o arco da cozinha, onde sabia que Chan estaria. Expirou pesadamente e voltou a olhar o Hwang.

I (don't) care • HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora