DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS

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O fim do turno na Rogers garage's é tranquilo. Conferimos tudo e Richy ficou de me buscar no apartamento as 20h. Eu me despeço deles e saio. No meio do caminho, desvio pro hospital pra verificar como está Alan.

........NO HOSPITAL

Eu decido estacionar na frente do hospital, para não precisar correr riscos novamente. Então a recepcionista permite minha entrada. Durante o trajeto, noto várias pessoas me olharem e sorriem umas pras outras, ouço pessoas falarem no ouvido dos amigos, medicos sorriem e eu fico tão sem graça. Quando me aproximo do quarto, há um pano preto que cobre todo o quarto onde Alan está, o que me deixa assustada. Uma enfermeira se aproxima e diz:

- Entre senhorita. Aproveitem a noite!

Sorrindo confusa eu entro, e vejo Alan sentado na maca, luzes de velas acesas, desenhos de rosas refletidos na parede e corações de balões. Sorrindo ele diz:

- O pessoal me deu uma ajudinha. O que achou?

Colocando as mãos na boca muito surpresa eu digo:

- É....tudo tão....lindo.

Olho admirada pra tudo. Cada detalhe importa, pra mim. Ele estende a mão, que eu pego sem receios. Então ele abre uma gaveta ao lado e tira uma caixa quadrada pequena e larga, eu apenas observo. Será que ele vai me pedir em casamento? Então ele me olha e diz:

- Lembra quando me disse sobre a morte do seu irmão? Você recebeu os pertences dele, mas não recebeu algo que queria muito! Você disse que procurou tanto e nunca encontrou, lembra?

Eu confirmo e quando ele abre a caixa, eu percebo que era o dog tag de Ben. A plaqueta de sua identificação, eu lembro que eu quem pus no seu pescoço antes dele ir. Procurei por tanto tempo. Meus olhos não se contém e eu digo:

- Como você conseguiu?

Alan limpa minhas lágrimas e diz:

- Eu tenho alguns amigos, que conhecem outros amigos e no fim, disseram que Ben, disse que, se viesse a não retornar, que você nunca recebesse. Ele disse que era um código entre vocês dois.

Eu seguro aquela placa com o nome dele e digo:

- Tínhamos um código de quando um de nós se machucasse, iríamos preservar um ao outro. Mas quando soube que muitos morreram naquele lugar, ele tava lá também. Ele só aceitou ir, porque eu disse que era uma aventura. Eu mandei meu único irmão pra morte.

Alan me abraça muito forte e diz:

- Calma! Não pode carregar essa culpa sozinha, e não foi você quem o matou. Acredito que isso nunca passou pela cabeça dele. Precisa parar de se culpar sempre que alguém se machuca.

Eu choro confirmando, mesmo abraçada a Alan que apenas me acolhe. Era o que eu queria que Jake fizesse. Mas minha cabeça tá muito confusa agora. Então, Alan se desfaz do abraço e diz:

- Agora limpe suas lágrimas que eu quero contar uma novidade!

Ele coloca a plaqueta de Ben no meu pescoço e diz:

- Amanhã eu saio desse hospital e estou liberado pra voltar ao trabalho!

Levanto depressa e digo:

- O que não vai ocorrer, Alan. Você acabou de sair de uma cirurgia arriscada e quer trabalhar? Negativo. Vai ficar de repouso, peça que alguém fique no seu lugar. Você só irá voltar quando tiver 100% e tá decidido!

DUSKWOOD- DEPOIS DO ADEUSOnde histórias criam vida. Descubra agora