capítulo 5 - "o que você sente?"

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eu sempre vou tentar colocar uma mídia que ajude vocês a imaginarem o cenário :)

enfim, boa leitura <3


A primeira semana do acampamento ocorreu bem.

Harry decidiu dividir a cabana com os outros garotos e, estranhamente, não estava tendo pesadelos durante a noite. Ele não estava reclamando, longe disso, só achava estranho, era como se sempre tivera um sono tranquilo.

Taylor disse que era apenas porque ele não estava pensando demais e se soltando. Talvez isso fosse verdade, já que durante o acampamento o garoto nunca tinha feito algo como sair no meio da noite ou se juntar aos campistas ao redor da fogueira.

Pensando assim parecia até idiotice, mas Harry sempre teve a impressão de que se fizesse algo errado, seu padrasto descobriria, então sempre tentou se manter na linha.

A equipe vermelha estava na frente, claro, isso foi motivo de muita alegria da parte de Harry, que zombou das amigas.

Mas alguém que não parecia tão contente era Louis.

O garoto estava estranho, Harry percebeu. Ele estava quieto demais, muito diferente do comum, já que Louis era a pessoa mais extravagante que Harry conhecia.

Ele não falava muito durante o café da manhã, parecia sempre desanimado e avoado. Estava sempre suspirando e quando estava entre os amigos fingia estar no meio da conversa.

Louis também estava diferente com Harry. Não flertava na brincadeira ou o provocava - não que Harry sentisse falta disso. Apenas era estranho não revirar os olhos para qualquer atitude do de olhos azuis.

Harry tentou ao máximo não se importar se Louis parecia se divertir ou não. Ele tentou ignorar o outro se revirando na cama, mas estava impossível dormir com ele se mexendo de cinco em cinco minutos.

O que eu fiz para merecer isso? - Harry se perguntou enquanto olhava para a janela ao lado da cama.

- Dá pra você parar de se mexer? - perguntou baixinho levantando o tronco e se virando para Louis, que estava deitado de costas para si.

- Desculpa. - ele suspirou pesadamente.

Seu tom de voz saiu falho, e ninguém precisava saber que Harry sentiu uma pontada no meio do peito por conta disso.

Ele ficou encarando as costas de Louis por um longo tempo, se sentia mal por ter sido rude sem ao menos ter ideia do motivo para que ele estivesse naquela situação.

Harry não tinha ideia do que fazer. Não sabia se apenas voltava a tentar dormir, se ficava observando Louis ou se perguntava o que estava acontecendo.

Encarou a janela e sentiu um arrepio o percorrer. Ele realmente estava cogitando conversar com Louis no meio de uma noite fria.

O que esse bobalhão está fazendo comigo? - Harry pensou e logo depois bufou, não conseguiria dormir sabendo que Louis estava logo ao lado, provavelmente tendo uma crise existencial.

- Você quer conversar? - ele perguntou baixo enquanto se virava de barriga pra cima.

Louis se surpreendeu com a pergunta, nunca imaginou que Harry, o garoto que dizia com unhas e dentes o quão o achava insuportável e que escrevia cartas de ódio para si, estaria demonstrando o mínimo de preocupação.

- O quê?

- Você está estranho - Harry suspirou. - Aconteceu alguma coisa? - ele perguntou se virando para encarar Louis, que agora encarava a madeira da cama de cima.

Louis suspirou e Harry esperou que ele se sentisse pronto para começar a falar, sabia que tinha algo errado, e sabia que pelo menos consigo, quando não estava bem, antes de desabafar precisava de um tempo para organizar todos os sentimentos.

- Eu só... - suspirou pesadamente. - Eu não sei, eu só sinto que não me conheço, entende? - se virou para o cacheado, que escutava com atenção.

- Como assim? - franziu o cenho.

Louis suspirou novamente e desviou o olhar para a cama de cima novamente, tentando colocar o que sentia em palavras.

- Eu não sei explicar - começou. - Eu sinto que muitos dos meus sentimentos, eu acabei omitindo por conta das minhas amizades ou por achar que não era o certo ou qualquer baboseira desse tipo. - disse levantando os ombros. - E eu não sei o que fazer agora que veio uma avalanche de sentimentos na minha direção. - suspirou e olhou para Harry, que ainda escutava atentamente, deixando Louis surpreso e feliz. - O que eu faço? - perguntou se deitando de lado e encarando o cacheado, que corou com o quão profundo eram aqueles olhos azuis brilhantes, que no escuro pareciam cinzas.

- O que você sente? - Harry sussurrou.

- Muitas coisas. - ele sussurrou de volta, olhando-o de uma maneira intensa, que fez Harry se arrepiar.

Por mais que Harry odiasse admitir, os olhos de Louis eram lindos, até mesmo no meio da noite quando tinha apenas a luz da lua para ilumina-lo.

Harry não sabia quanto tempo tinha se passado, mas estava ali, olhando para Louis que o encarava intensamente, seus olhos brilhavam e suas pupilas pareciam dilatadas.

Nunca iria admitir, mas aquele olhar o fez sentir um arrepio na espinha e uma sensação estranha, uma sensação que poucas vezes ele tinha sentido.

A primeira vez em que sentiu aquilo foi quando tinha doze anos e recebeu uma rosa de Louis no dia dos namorados. O garoto de olhos azuis disse que comprou para Harry entregar para alguém que gostasse.

Harry não entregou para ninguém, ficou com a rosa até que ela murchasse e começou a usá-la como marcador de página.

Na segunda vez, foi quando tinha treze anos e se assumiu para Anne e Johannah. Ele tinha resolvido contar ao mesmo tempo para que fosse mais simples. Assim que as mulheres estavam o abraçando ele olhou para Louis que estava espiando pela porta e sentiu aquilo novamente.

Na terceira e última vez, foi quando Louis o beijou.

Mas o que era aquilo?

O que era aquela sensação que o fazia querer gritar e arrancar os próprios cabelos?

Por que ele sentia aquilo por Louis? Justo por Louis.

Em todas as vezes que sentiu aquilo, foi como se um raio acertasse seu coração. Como se um tsunami o atingisse. Como se um furacão passasse. Como se fosse um barco perdido no mar no meio de uma tempestade. Como se cada célula de seu corpo queimasse e retornasse das cinzas.

Ele gostava daquela sensação. Era boa, porém, ele não entendia o porquê de aquilo estar acontecendo.

Harry percebeu que ele e Louis ainda estavam se encarando, e se lembrou que pouco tempo atrás, Louis se remexia no colchão e parecia pensativo. Se lembrou de que talvez ele apenas precisasse desabafar.

- O que você sente, Louis? - perguntou novamente, vendo o olhar do outro mudar, como se ele voltasse à realidade.

- Eu não sei. - ele sussurrou.

Louis continuou o encarando, e desceu o olhar para a boca de Harry, que percebeu no mesmo instante. O de olhos azuis ficou admirando aqueles lábios carnudos, se sentindo atraído, sentindo vontade de tê-los contra os seus novamente. Sentia vontade de explorar aquele local novamente, só que de uma maneira mais calma ainda. E o sentimento era mútuo.

- A-assim eu não consigo te ajudar. - Harry gaguejou nervoso e se virou novamente, ficando de costas para Louis, que apenas franziu o cenho sem entender a atitude repentina do menor.

Harry estava olhando para a janela com os olhos arregalados e a respiração pesada. Ele realmente não fazia ideia do que estava acontecendo.

Mas que porra foi isso? - ele se perguntou tentando controlar a própria respiração.

Naquela noite ele não conseguiu dormir. Tentou focar no barulho que vinha de fora para não ter um ataque. Prestou atenção nas árvores balançando, o barulho que vinha do lago, dos animais que estavam por perto. Qualquer coisa que o fizesse esquecer o que tinha acontecido.

Dear Louis, I hate youOnde histórias criam vida. Descubra agora