Capítulo 28: Não podemos ser um amor

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Pov Augusto

Enquanto eles estavam arrumando pistas, eu fiquei em casa e procurei saber mais sobre Nicolau Farias. Pelo o que vi, ele é um velho, muito rico, que mora em um dos melhores condomínios aqui do Rio de Janeiro, na frente da praia de Ipanema. Era representante de uma empresa de automóveis importados, agora está aposentado com 100% do dinheiro que ganhava. Bom, não acho que eu fico para trás em comparação aqueles Hellman

Ouço passos na escada, vejo a porta do meu quarto abrir, era Ana, com aquele rostinho angelical e um sorriso cativante. Sorri para ela e sabia que alguma coisa boa iria acontecer. Ela se aproxima de mim, sorri de volta e me abraça

— eu consegui achar pistas, mas não sei se serão o suficiente. Conseguiu alguma coisa?
— achei algumas informações sobre o Nicolau, mas nada de tão interessante. Como foi na casa do seu pai?
— sabe como é com ele, disse que quer que eu tenha uma vida boa, conversou sobre relacionamentos com pessoas que tenham uma vida boa e só blá, blá, blá! — fiquei pensando um pouco sobre aquilo, talvez o pai dela tenha razão quanto a isso, já que ela sempre viveu no luxo e talvez não consiga abandonar alguns caprichos
— não acha que ele está certo? — vejo seu olhar assustado, ela não parecia concordar e isso estava claro
— claro que não. Augusto, sabe que não me importo nem um pouco com essas coisas e não sei como consegue concordar com uma palavra que sai da boca dele. Por que eu preciso estar com alguém por aparências? Não quero isso, quero amor de verdade!
— mas o amor não vai suprir os luxos que você está acostumada
— não quero luxo, quero uma vida decente, com a pessoa que eu amo e ser feliz com minha escolha, só isso
— eu entendo — abaixei a cabeça. Sinto sua mão no meu queixo, então olho para Ana outra vez
— talvez... Talvez eu queira alguma coisa com você!
— alguma coisa?
— eu sei que parece ser errado, mas eu gosto de você Augusto, meu coração bate forte e... Ah, eu sou tão péssima com palavras
— quando você olha para mim, senti como se seu coração fosse explodir em mil pedacinhos e às vezes não consegue conter a emoção porque está muito envolvida com o sentimento... Eu sei como se sente
— como... Eu te odeio por ter todas as palavras que eu não tenho
— eu acho que não podemos ser um amor
— não compreendo
— você é muito diferente de mim e mesmo que me amasse muito, não poderia suportar ter que viver do lado de uma pessoa como eu
— Augusto, você é a pessoa mais incrível que eu já conheci na minha vida, como pode falar assim de você? Se pudesse ver como eu te vejo veria que...
— que não sou nada, eu sei. Não precisa tentar me colocar para cima, porque não vai adiantar. Você é muito sublime para mim, não posso te dar nada do que deseja, sou apenas um assassino que vai ser condenado a perpétua e nunca mais vai ver a luz do dia outra vez... Não posso deixar com que se apaixone por mim, faço isso porque eu te amo e não quero te machucar de forma alguma, por isso peço, por favor, para que me deixe apenas como um amigo — sinto meus olhos marejando, não era uma coisa muito comum e eu sei disso. Olhei para Ana e percebi que ela estava chorando
— por que tudo o que eu quero não pode acontecer? Se eu quero um amor de mãe, eu não posso ter, um pai presente, não posso, irmãos, também não posso, um amor... Entendo que minha vida não é tão ruim assim, mas meu sofrimento não pode ser invalidado por causa disso. Não estou sendo egoísta em querer que ao menos uma coisa aconteça, mas já que não pode, não vou insistir. Mas saiba que eu farei de tudo para te ver feliz, Augusto! — Ana se vira e sai do quarto, sem nem deixar eu falar nada. Era a primeira vez que ouvi ela falando tanto assim sobre seus sentimentos e coisas do coração

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