Um sentimento puro cria decisões puras.

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Porsche sentiu muitas coisas em sua vida, sentiu perda, dor, tristeza, mágoa, raiva, medo, ódio, alegria, felicidade, amor...

Mas ele nunca sentiu algo tão grande como naquele momento.

Como se a aurora de um dia chegasse, o sol afastasse o frio da noite, como se um arco-íris surgisse em meio a uma tempestade.

Ele lembra de quando sua mãe lhe falou que teria um irmãozinho, ela tinha um sorriso no rosto gentil, um pequeno Porsche correu de um lado para o outro pulando animado enquanto ela ria de sua felicidade. Ele ficava do lado de sua mãe durante o dia, montando guarda para qualquer coisa que ela precisasse, e durante a noite conversava com seu irmão na barriga de sua mãe lhe contando histórias e aventuras até adormecer calmamente.

Ele lembra da primeira vez que segurou Porchay nos braços, foi como segurar seu mundo. Porchay era a coisa mais valiosa para Porsche, ele segurou o bebê como se segurasse um delicado pingente de vidro, e quando Porchay abriu os pequenos olhinhos e o olhou, o bebê riu. E Porsche chorou de felicidade, seu irmãozinho estava rindo dele! Era tão fofo, Porsche não queria solta-lo de jeito nenhum. Eles dormiam juntos, Porsche dava comida para Porchay, brincava com ele, e a cada vez que seu irmãozinho ria para ele Porsche o amava mais. Cada vez que Chay sorria para ele Porsche ficava mais feliz.

Ele jurou proteger seu irmão com todas as forças, proteger aquele bebê que ria para tudo que Porsche fazia. E isso só aumentou depois da morte de seus pais, quando ele teve que ser muito além de um irmão. Ele tinha que ser um pai e uma mãe para Porchay, uma família inteira para seu irmãozinho.

Ele cresceu rápido de mais, teve que achar um emprego ainda muito jovem, tinha mais responsabilidades do que tinha idade.

Mas ele não se importava, não quando todo o cansaço do dia se esvaia de seu corpo quando Porchay, seu grande irmãozinho, ria com toda a alegria do mundo em seu sorriso para ele.

O sentimento agora era o mesmo e talvez tão forte quanto aquele.

Porsche sentiu sua bochecha úmida, lágrimas tão brilhantes quanto diamantes caiam de seus olhos, refletiam toda a alegria e o amor que ele sentia.

E ele ama tanto.

Porsche sempre foi aquele que faz de tudo pela família, foi isso que o ajudou a cuidar de seu irmão e foi isso que o fez se afastar de Kinn.

Kinn era sua família, mas ele também a machucou. E Porsche afasta aqueles que machucam sua família.

Porsche ama Kinn. É a verdade. Ele nunca deixou de o amar.

Ele queria Kinn ali, do seu lado. Por um momento se arrependeu de tudo isso, toda essa mentira. Ele queria que tudo tivesse sido diferente, que eles não tivessem que se afastar, que Kinn não tivesse que ser violento, que ele não precisasse mentir. Ele queria poder amar Kinn sem doer.

Ele queria mudar tudo.

Queria mudar a história de sua vida.

Ele percebeu isso naquele momento, ele ama tanto todos ao seu redor que chega a doer.

Mas essa dor... Ele é capaz de suportar.

Ele lembra-se do que estava escrito na carta de Kinn. A vida é cruel, não? Mas Porsche pode aguentar de tudo pra ter sua família.

Ele é capaz de tudo para ter sua família ao seu lado.

Ele ama sua família de sua infância ao lado de Porchay e seus pais, ama sua família ao lado de Kinn e os outros, e ama sua família que ainda não nasceu.

É o amor mais puro que ele já sentiu.

E ao sair da clínica, ele tinha uma certeza tão clara que parecia cristalina.

Ele é capaz de tudo por esse amor.

–Eu vou voltar.

Até mesmo perdoar.

Porchay o olhou, o sorriso ainda no rosto antes de entender o que ele dizia.

–Voltar?– Ele perguntou para ter certeza, Porsche sorriu gentilmente, refletindo a imagem perfeita do sorriso de sua mãe que tem certeza que afetou Porchay de alguma forma, e acenou positivamente.

Porchay pareceu hesitante, quase tentado a argumentar, mas olhou nos olhos brilhantes de Porsche e não disse nada. Ele sorriu, não discutiu, apenas aceitou. Porque Porsche o lembrava as poucas memorias de sua mãe sorrindo e porque prometeu estar ao seu lado qualquer que fosse a sua decisão.

–Ok. – ele disse baixinho e carinhosamente– Você quer comer? Vou pegar algo na máquina de lanches–Porsche acenou sorrindo para isso.

–Obrigado– Porsche disse ao seu irmão se afastando. Não estava agradecendo por Porchay ir pegar algo para ele comer, mas sim por seu irmãozinho o entender sem questionar sua decisão. Disposto a estar ao seu lado sem perguntar.

Porsche sorriu amavelmente, a mão em sua barriga como sempre, olhando para seu irmão ainda pulando de alegria indo pegar lanches para eles.

Mas então, o mundo escureceu e Porsche sentiu dor.

It's just a dream when you wake up (Kinnporsche fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora