Dói porque você o ama, e, no fundo, sabe disso.

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Havia muitas dificuldades na paternidade, eles estavam enfrentando uma das primeiras.

A fraca luz da noite entra pela janela pelas brechas da cortina, o relógio ao lado da cabeceira da cama apita mais uma vez, outra hora havia se passado, o frio aconchegante e o silêncio confortável do quarto quase os engana. Mas não é o suficiente, eles já desenvolveram um sexto sentido para isso.

Não tem como os gêmeos deixarem Kinn e Porsche dormirem por uma hora direta.

E como se para provar seu ponto, um choro de bebê quebra a falsa esperança de que eles finalmente dormiram profundamente, e em menos de um segundo depois se tornam dois choros.

Porsche suspira, ele ama seus filhos, mas faz dois dias, dois dias desde da última vez que eles conseguiram dormir uma noite inteira. Ele está começando a ficar rabugento.

Ele nem se senta ainda e já sente a lado da cama de Kinn se movendo, ele não precisa ver para saber que Kinn está se sentando, provavelmente ele o dirá que pode cuidar disso e que Porsche pode descansar.

E Porsche vai o mandar para bem longe em resposta.

Se eles tem que ficar acordados por três noites seguidas enquanto cuidam dos gêmeos, seus amados filhos com sono leve, eles farão isso juntos.

— Eu fico com Kamon e você com Preecha? — Porsche não pode ver, mas sabe que a um sorriso resignado no rosto de Kinn, acompanhando o bocejo que houve entre a pergunta.

— Ok.

Eles se levantam, não pela primeira vez naquela noite, e se dirigem mais uma vez até os berços de seus filhos, Kinn liga o abajur na acomoda entre os berços e se abaixa para tomar Kamon em seu colo e começar a embalá-la em seus braços.

Porsche o cópia, ele não pode evitar sorrir ao ver Preecha, apesar de seu cansado, ele ama seus filhos muito mais do que ama dormir.

Preecha, quase que imediatamente após ser segurado, se acalma. Ele não para de chorar, mas parece diminuir o volume e abre, apenas um pouco, os "olhinhos" castanhos escuros.

Porsche o embala, cantarolando a música, sem letra, que Kinn o ensinou, observando como lentamente as linhas de tensão do choro se esvaem do rostinho de Preecha, que é, quase exatamente, como Porsche quando era bebê.

Porsche sorri com o pensamento, ele não tem muitas fotos de quando era bebê, mas não há dúvida que Preecha é sua cópia. Se parecendo um pouco, até mesmo, com Porchay quando bebê.

Porchay era uma criança fácil de cuidar, apesar de Porsche ter o "apoio" de seu tio, na maioria das vezes era ele quem cuidava de seu irmãozinho, Porchay era parecido com Porsche, o que deveria torná-lo impossível, mas ele tinha uma maneira calma e fofa.

Houve apenas uma época que Porsche considerou "difícil" cuidar dele, foi logo após a morte de seus pais.

Porsche, durante aquela época, passou um bom tempo no hospital, apático de mais até para respirar. Quando finalmente voltou para casa, descobriu que Porchay não conseguia parar de chorar.

Seu irmãozinho era apenas um bebê quando aconteceu, mas ele não demorou para sentir falta do conforto de sua mãe e pai, Porsche não aguentava olhar para seu irmãozinho assim.

Ele lembra da sensação que apertava dolorosamente seu coração enquanto ele tapava os próprios ouvidos tentando inutilmente calar os gritos de Porchay que se recusava a comer ou se acalmar. Porsche não tinha tempo para chorar por seus pais, pela vida perfeita que lhe foi arrancada sem anestesia.

Seu tio saia muito, então Porsche era o responsável por Porchay.

Demorou, mas depois de alguns dias difíceis, Porchay finalmente comeu de novo, respirando trêmulo depois de tantos gritos, ele se encolheu nos braços de seu irmão mais velho, que balançou o rosto para evitar as lágrimas que segurara naqueles últimos dias. Porsche abraçou seu irmãozinho, e prometeu com sussurros quebrados não deixar nada acontecer com ele.

It's just a dream when you wake up (Kinnporsche fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora