Se Kinn estivesse um pouco mais sã, ele teria se importado e ficado com raiva da segunda família.
Assim que a notícia sobre o sequestro dos dois irmãos Kittisawat foi relatado, iniciou-se um processo treinado de preparo para batalha armada, onde os guarda-costas mais experientes começavam a se armar para sair em resgate. A reunião mensal foi imediatamente encerrada no momento em que Kinn e Kim saíram da sala para também se prepararem.
Não faz parte do protocolo os herdeiros, principalmente dois deles, entrarem em meio ao fogo, mas não era como se alguém fosse tentar os impedir enquanto eles checam as munições de suas armas com olhares brutais nos rostos.
Kinn olhava cada arma com cuidado mas sua mente só permanecia em Porsche. Se algo o acontecesse...
Kinn não pode perder Porsche de novo, mesmo que ele vá embora depois que for resgatado, contanto que ele esteja bem nada mais importa. Se Porsche se machucar, se, embora não queira pensar nisso, Porsche morrer porque Kinn não chegou a tempo até ele...
Esperava-se que a segunda família fosse oferecer suporte estratégico, já que eles estavam lá quando a notícia foi recebida.
Não foi o que aconteceu.
A segunda família apenas se retirou com uma despedida respeitosa do tumulto. Kinn tentou argumentar com seu pai, mas Korn apenas ergueu a mão para calar sua raiva.
E apesar disso Kinn não se importava de verdade se eles iam ou ficavam.
Alguns médicos da família tentavam se aproximar dele para checar sua mão, que ainda pingava manchando o carpete de vermelho sangue, mas ele apenas olhava para eles até que eles retrocedem seus passos e se afastam.
Ele não se importa com o sangue ou com seu ferimento. Não quando Porsche, e Porchay também, estão em perigo. E, apesar dele tentar evitar pensar nisso para controlar sua própria sanidade, podem estar com ferimentos muito piores do que sua mão.
Ele cerra os dentes enquanto encaixava outro cartucho em uma arma. Ele não pode, não consegue pensar em Porsche sentindo dor e ficar calmo.
Kinn quer gritar de desespero, quer dizer para se apressarem e ao mesmo tempo quer chorar.
Infelizmente para a primeira e última situação ele não tem tempo. E felizmente para a segunda ele consegue se controlar.
Se ele fizer isso, ele vai retroceder seu progresso?
Com a adrenalina caindo sobre ele como uma avalanche, ele consegue escutar os passos que se aproximam a sua costa.
–A equipe médica já está pronta para atender qualquer um caso necessário– Dr.Top o informou.
–Ótimo, era isso que faltava para nós sairmos, agora podemos ir– Kinn diz, sua voz controladamente calma, querendo conter a raiva que ousa escapar.
–Você está pulando sua sessão hoje certo?– Top perguntou apesar de saber a resposta e Kinn estalou a língua.
O fato de que Dr. Top tinha coragem para o forçar a fazer acompanhamento terapêutico era admirável. Ele comentou sobre isso pela primeira vez quando Kinn quase teve um coma alcoólico no primeiro mês depois de Porsche.
Ele aceitou relutante mais tarde, Top sabia onde acertar para o fazer ceder:
–Você quer melhorar pra Porsche, não é? Um psicólogo iria te ajudar muito. Você precisa entender o que é um relacionamento saudável antes de ter o perdão daquele que ama.
Inicialmente ele ficou hesitante, a última vez que se encontrou com um psicólogo foi quando sua mãe faleceu. Ele era uma criança que perdeu a mãe em uma sala com um adulto arrogante pago para o ouvir.
Ele lembra-se como cada segundo era sufocante, ele estava ali para parar de chorar e se fortalecer, foi por isso que seu pai o colocou ali. E apesar, chorar e ficar vulnerável era algo que uma criança normalmente faz quando perde a mãe.
Mas Kinn era o filho da máfia, ele não podia ser uma criança normal.
Ele lembra-se com clareza o som do tiro que seu psicólogo levou logo após, em uma sessão, dizer para ele que sua mãe havia apenas "Colhido o que plantou".
Mas, por Porsche, para melhorar ele aceitou voltar a se tratar com terapia.
Acontecia três vezes a cada mês e a coincidentemente caiu hoje, no mesmo dia que o homem que o motiva a melhorar é sequestrado.
–Quando voltar, fico três horas naquela sala se necessário–Kinn disse em um murmuro raivoso– Mas no momento a única terapia que eu vou fazer é atirar na cabeça daqueles que ousaram tocar em Porsche e Porchay. Acredite, é relaxante no mesmo nível.
Dr.Top riu e disse:
–É claro. Sabe você não precisa se controlar tanto assim, você ainda é o líder aqui. Dê as ordens que precisa, apenas não abuse do poder e deixe o ódio o controlar.Kinn refletiu por um segundo e se virou para seus subordinados, os observando.
–Vamos sair, agora!– ele gritou, um coro de "Sim!" foi ouvido na sala.
Dr.Top acenou e se afastou, Kim o substituiu em segundos. Kinn jogou a arma na direção de seu irmão que pegou com facilidade treinada e checou o calibre.
–Devemos nos apressar– Kinn disse apertando ainda mais sua mão machucada.
–Sim, mas pare de se ferir, espere até que os outros façam isso por você– Kim disse apontando com a arma, travada, na direção de sua mão.
Kinn riu baixinho, uma risada pequena e doentia.
–Eles vão ficar bem Kinn, nada vai acontecer com eles.
–Eu imploro que não aconteça.
Por que era verdade. A única coisa que passava na sua mente desde que recebeu a ligação de Porchay, a exatos trinta minutos atrás, era um apelo desesperado.
Por favor, por favor seja lá quem escuta esse clamado, não tire ele de mim outra vez. Eu errei, projetei meus problemas nele e foi minha culpa ele ter ido embora, mas por favor, me de outra chance. Uma chance de me redimir, de ver o sorriso dele outra vez!
–Vamos nos apressar– Kinn disse.
–Já estão todos prontos–Kim sorriu meio psicóticamente.
–Então já está na hora– Kinn olhou para a sua arma, uma magnum, na mão ensanguentada.
–Vamos buscar eles.
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It's just a dream when you wake up (Kinnporsche fanfic)
FanficAinda será apenas um sonho quando você acordar. Porsche sabe disso. Mas ele ainda sonha, de forma ingênua, viver uma vida ao lado de Kinn. É apenas um sonho. E quando Tawan volta, ele sabe que deve acordar dessa farsa. Mas então, para sua surpresa...