209 comentários para começar? Volto na quinta pessoal.
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Ouço os barulhos, tudo ao meu redor parece fazer a minha cabeça latejar. A claridade passando pela janela machuca a minha visão, consigo ver o esboço da minha mãe quando pisco várias vezes tentando me acostumar.
Ela está roendo a unha do dedão enquanto ouve o que o homem está dizendo. Esse homem, ele é o meu homem.
Tento chamar por eles, mas a minha voz não sai, parece que as palavras se perderam dentro da minha boca e não quiseram sair.
Eu não estou entendendo o que está acontecendo, sei que esse não é o meu quarto, quero saber por que não estou nele. E o por quê da minha mãe não estar trabalhando agora.
Eu quero um doce, ela me traria se eu conseguisse pedir. Quero poder chamá-la e dizer que pode ser apenas um bolo, ou um pudim, seu pudim é divino.
Tento me arrumar na cama desconfortável. O travesseiro é muito fino, preciso que troquem novamente pelos meus. Mas eu não faço ideia da onde eu estou, onde está o meu pai?
Eu tenho que fazer tanta coisa, preciso ir na faculdade, mas pelo sol ultrapassando a janela percebo que já perdi o horário. Posso adiantar algo, tenho que ajudar meu irmão no dever de casa, vou fazer isso.
Depois? Sim, depois vou caminhar na praia com Guilherme, nós sempre caminhamos na praia a tarde, mas podemos mudar para manhã hoje.
Observo minha mãe andar de um lado para o outro, meu noivo discuti alguma coisa com ela, provavelmente deve ser sobre o casamento. Mamãe é tão perfeccionista que mal anunciamos o noivado e ela já quer todos os detalhes em suas mãos.
Temos que ensaiar a valsa também, o casamento está longe, mas Guilherme não é bom em dançar. Será que ele aceitaria aulas de dança?
Me remexo na cama mais uma vez, tão desconfortável. Acho que faço barulho pois eles me olham e correm até onde estou. Tento sorrir, minha mãe não vê meu sorriso, caso o contrário, ela teria sorrido pra mim de volta.
- Ela está despertando.- Eu já estou acordada faz tempo!
Minha mãe aperta a minha mão, tão fraco que parece que sou frágil e vou quebrar. Minha mãe não é assim, ela me dá abraços quando estou acordando.
- Filha? Você está me escutando?- Balanço a cabeça. Sim mamãe, eu te escuto.
- Ela não está respondendo!- Guilherme resmunga, andando de um lado para o outro como minha mãe fazia.
Eu acabei de responder!
- Guilherme, minha filha não ficou muda, ela só está acordando devagar!
O que diabos está acontecendo aqui? Por que meu noivo não para de puxar os cabelos, ele nunca fez isso. O chamo, mas ele não responde, nem se vira para poder me olhar.
Conversaremos mais tarde.
- Como ninguém percebeu que ela estava assim esse tempo todo?!- Gui grita. Ele nunca grita.
- Ela não apresentou sinais, Any não apresentou sinal de coisa alguma.
Eu não faço ideia do eles estão resmungando. Também não sabia que tinha que apresentar sinal sobre algo.
- E se ela não acordar? Como nós ficamos?- Ele pergunta.- Você vai ficar vindo ver a sua filha em coma todos os dias, e eu vou ter que ficar vendo minha noiva morrer em uma maca de hospital!
- Guilherme, por favor! Any não vai morrer! Pode ter sido somente uma queda de pressão que fez ela bater a cabeça. Não aja como se ela estivesse com uma doença horrível.
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Cartas ao amanhecer
FanfictionNunca sabemos quando a nossa vida pode mudar. Às vezes acontece do dia para a noite, em um piscar de olhos. A vida nos causa pegadinhas que não podemos contornar. Em um dia um namoro perfeito, a faculdade dos sonhos, a família ideal. Any Gabrielly...