Capítulo 4- Any

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Leiam as notas finais por favor

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"Ontem você esteve andando pelos corredores, dando um passo curto de cada vez. Não ache que sou um psicopata e que estou observando cada um dos seus passos, apenas estava indo para um quarto e te vi andando.

Seu rosto estava tão abatido pelo cansaço, mas você sorria para as pessoas sentadas no corredor. Eu gostaria de saber se você estava sorrindo para dizer a eles que vai ficar tudo bem independente do motivo de estarem ali, ou se sorria para tentar dizer que mesmo dando pequenos passos você vai ficar bem.

Se a senhora ao seu lado não estivesse ali com você, eu provavelmente teria me aproximado e perguntado se meu braço serviria de apoio como o dela. Seria paciente e empurraria o oxigênio para você.

Fiquei feliz por saber que você saiu do quarto, pelo menos uma vez. Fico feliz por mesmo de longe ter te avistado. Continue saindo,isso te torna uma pessoa ainda mais extraordinária.

Ps: a maternidade é aberta se você gostar de ver bebês

Do estranho que um dia talvez você conheça"

- Olha só quem trouxe seu café da manhã! Vejo que estão deixando as cortinas fechadas até você acordar.- Josh diz passando com a bandeja pela porta.

- O meu médico favorito.- Falo dobrando novamente a carta.- Você nunca troca o seu horário?

- Não gosta de me ver por aqui de manhã, Any?- Pergunta colocando a bandeja na minha frente.- Saiba que agora eu estou muito ofendido.

- Não é isso, apenas quero saber se vocês não fazem trocas de turno.- Falo enquanto Josh estica meu braço e fecha a minha mão, mandando eu apertar para que ele encontre minha veia.

- Claro que trocamos, Any.- Ele diz injetando o remédio de dor da manhã.- Não tem medo de agulha?

- Eu ia ser uma médica, ter medo de agulha seria estranho.- Josh levanta uma das sobrancelhas e solta uma única risada.- O que foi?

- Eu sou médico e tenho muito medo de agulhas.- Diz roubando uma uva da minha bandeja.

- Qual é Josh, sério? Você injeta uma dessas em dezenas de pessoas em um só dia.

- Injetar nas pessoas não é um problema, o problema é quando injetam em mim. Se você me comparar com o menininho de oito anos que apliquei um medicamento a dez minutos, não teríamos diferença pois fazemos o mesmo escândalo.

Sugo o lábio inferior e o prendo com os dentes para evitar dar risada, mas acabo soltando uma nesse processo.

- Não dê risada, isso é sério.

- Desculpe Josh, quantos anos você tem mesmo?

- Vinte e nove.- Murmura envergonhado.- Não ria!

- Tudo bem, eu não vou rir.

- Você já está rindo! Isso é um trauma de infância caso você queira saber.

- Desculpe mesmo Josh. É que eu não consigo parar de imaginar alguém tentando segurar um homem grande como você na hora de tomar uma vacina.

Seus olhos se arregalam e ele começa a dar risada junto comigo.

- Meu escândalo não é para tanto Any! Eu só peço para eles contarem até três.

- Quantas vezes você pede para eles contarem até três, Josh?

- Umas quatro vezes.- Diz pegando mais uma uva da minha bandeja.

Cartas ao amanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora