Capítulo 5- Any

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Apoio minha mão no ombro do Josh, com a outra eu segurei a sua mão para conseguir sair da maca. Meu médico puxa o pequeno tubo de oxigênio, empurrando a porta para que possamos sair. Não sei por que estou fazendo isso, não sei por que ele quer que eu ande tanto.

Puxo o ar com mais força quando estamos na metade de um corredor. Os olhos preocupados do meu médico ficam em mim, a expressão em seu rosto me questionando se estou bem.

É claro que não.

- Por que está me fazendo ir tão longe?- Choramingo enquanto esperamos o elevador.

- Você disse que queria ir ver os bebês na maternidade, estou te ajudando a chegar lá.

Josh cumprimenta alguns médicos que saem do elevador quando as portas se abrem. Não pude deixar de ver a diferença de semblantes em cada um deles.

Meu médico é rápido em apertar um botão, meus pulmões parecem querer estufar dentro do meu peito e minhas costas imploram para que eu sente.

- Me espere aqui por um segundo, ok? Vou pegar uma cadeira de rodas.- Ele diz apontando para as cadeiras atrás de mim.

- Não preciso de uma cadeira Josh, posso continuar andando.- Não digo a ele que meu corpo agradeceu por eu ter parado de fazer esforço.

- Só me espere por alguns segundos, eu já volto.

Josh saí antes que eu pudesse impedi-lo de ir buscar uma cadeira. Tem muitas pessoas aqui, poucas realmente tranquilas, um homem senta ao meu lado, apertando os fios escuros do seu cabelo com uma das mãos.

- Minha mulher está lá dentro.- Ele diz sem que eu tivesse perguntado ou dito algo.- Está tendo meu garotinho nesse momento.

- Por que o senhor não está lá dentro?- Pergunto, fazendo com que seu rosto vire na minha direção.

- Desmaiei antes que começassem a fazer algo, é a irmã dela quem está lá agora.

- Oh, sinto muito. Tenho certeza de que daqui a pouco aparece algum médico ou enfermeiro dizendo que está tudo bem.

- Não sinta muito. Pelo o que me disseram minha mulher estava rindo a ponto de chorar por eu ter desmaiado. Teve um ataque de riso incontrolável.

- Então acredito que dentro de alguns minutos alguém aparece o chamando para ver o seu filho.

- Eu espero que ele tenha os olhos dela.- O moço murmura.- E você, está esperando por quem?

- Meu médico.

Seus olhos vão diretamente para minha barriga e voltam para o meu rosto com uma grande dúvida estampada em sua face.

- Não estou grávida. Ele apenas foi buscar uma cadeira de rodas.- Digo apontando para o meu nariz.- Estou tentando chegar até o berçário.

- Ah, sinto muito. Desculpe-me a indelicadeza, é algo muito grave?

- Câncer no pulmão.

- Você me parece tão jovem.

- Realmente, sou jovem e nunca inseri algo em meus pulmões que não fosse oxigênio. Acredito que fui a azarada da vez.

- Sinto muito senhorita. Não deve estar sendo nada fácil.

- Não está m...

- Vruuum. Sente senhorita, hora de um passeio velocidade turbo.- Olho para Josh, seu sorriso crescendo ao ver a minha surpresa.- Venha, me dê a mão, desculpe a demora para voltar, uma enfermeira me parou perguntando algo que eu não entendi absolutamente nada. Boa tarde senhor.

- Boa tarde.- O homem do meu lado disse rindo. Eu ainda estou tentando processar metade das coisas que o Josh disse.- Você não poderia entrar lá dentro para ver como está ocorrendo a cesária da minha mulher, poderia?

- O senhor mesmo pode entrar e ir até o quarto, é só pedir para alguma das enfermeiras te ajudar com a roupa adequada para entrar na sala.

- Ele já estava lá.- Digo segurando sua mão mais uma vez para levantar.- Só que desmaiou e teve que sair.

- Oh, claro. Posso entrar lá e...- Antes que Josh continuasse uma enfermeira apareceu chamando pelo seu nome. Thomaz. Seu pulo na cadeira quase o fez chegar no teto, seus olhos brilharam pelas lágrimas ao escutar que ocorreu tudo bem e que estão todos bem.

- Ah meu Deus! Eu irei ver o meu filho! Ouviu senhorita? Meu mini campeão nasceu!

- Eu ouvi sim, acho que o senhor deveria entrar lá dentro o mais rápido possível.

- Sim! Sim! Sim! Muito obrigado doutor,- diz apertando a mão do Josh,- cuide bem dessa moça. Hey pessoal, eu irei ver o meu filho!

Algumas das pessoas do corredor celebraram com ele, tenho certeza que alguns aqui também são os pais ou estão esperando para saber de alguém que está tendo um bebê.

Engulo em seco sentindo minha garganta queimar, a mulher dele é uma moça de sorte. Prendo as emoções dentro de mim assim que me recordo de quando eu e meu ex fazíamos planos de termos filhos depois da faculdade. Planos que nunca serão concluídos.

- Any, está tudo bem?- Josh pergunta começando empurrar a cadeira.

- Sim. Por que não estaria?

- Seu sorriso murchou de repente, pensei que pudesse estar sentindo algo.

- Estou bem.

- Como aquele cara gostou de você em três minutos?

- Eu sou adorável, é fácil gostar de mim.

- Convencida, saiba que eu só sou seu médico porque sou muito bem pago e não porque vou com a sua cara.

Ergo meu rosto para cima, o suficiente até conseguir enxergá-lo, ergo minha sobrancelha o que o faz soltar um risada.

- Estou brincando, você realmente é adorável. E bom, chegamos a área mais barulhenta do hospital.

Não pude negar isso, consigo ouvir diferentes choros por trás do vidro, mas não posso enxergar quase nada pela altura que ele está. Levanto a cabeça para olhar para o Josh, seus olhos estão vidrados nos bebês que tem ali dentro, um sorriso leve surgiu em seu rosto, como se estivesse se recordando de alguma memória dentro dessa área.

- Ah sim. Você tem que levantar para vê-los, me dê a sua mão.

- O que esse lugar te lembra?- Pergunto quando consigo me apoiar o suficiente em seu braço.

- O melhor dia da minha vida.- Ouço ele sussurrar, mas não faço mais perguntas.

Observo os bebês, algumas enfermeiras balançando o corpo para conseguir acalmar um que está chorando. Tão pequenos e frágeis, não fazem ideia do que está acontecendo do lado de fora, não imaginam o que os esperam para o futuro.

Uma lágrima escorre por minha bochecha sem que eu perceba. Observando os recém nascidos percebo que mais um dos meus maiores sonhos foi interrompido. Nunca poderei ser mãe, ninguém vai poder ficar ansioso como Thomaz esperando para dizer que nosso filho está bem. Jamais terei a sensação de sentir algo sendo construído dentro de mim.

- Any, o que foi?

- Eu quero voltar para o meu quarto.- Digo me sentando na cadeira mais uma vez.

- Claro. Vou te levar de volta.- Meu médico diz com o semblante preocupado.

Mas o que ele não entendeu, é que eu quero voltar para o meu quarto, na minha casa.

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Galerinha linda, eu quero datas para a ligação, necessito.

Quero ver vcs perguntando altas coisas pra mim sbsksbs

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Até a próxima, Kyara!

Cartas ao amanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora