Capítulo 18- Any

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"Um dia, três horas, dez minutos e eu não faço ideia de quantos segundos fazem desde que te deixei no quarto no seu quarto. A minha folga virou minha maior chatice agora, não sei o que fazer desde o momento em que cheguei em casa.

Essa carta demorou para chegar assim como esse dia está demorando para passar, acredite querida, está parecendo séculos o que sai apenas horas.

Gostaria de chegar em seu quarto amanhã com uma bela bandeja de café da manhã, mas você não poderia comer metade das coisas que eu queria colocar. Então vou te contar o que colocaria se pudesse: Uma torrada com requeijão e outra com creme de avelã (Clara ama comer isso todas as manhãs), suco de morango com laranja, bolo de chocolate, um croissant de presunto e queijo, algumas frutas que provavelmente seriam deixadas de lado e uma xícara de café é claro.

Espero que você não tenha ficado com vontade de nada da lista acima como eu fiquei, acho que vou ter que preparar essa bandeja para mim.

Descobri que o envio de cartas são como artes pintadas, você as guarda e só percebe que tem um valor maior do que antes quando ela passa a ser de alguém com grande significado. E então fiquei pensando, o que irá acontecer com as minhas cartas?

Acredito que seus pais não irão guardar de recordação, já que é especial somente para você e eu não as quero de volta. As suas vão ficar guardadas para sempre como a minha memória mais bonita, ainda guardo a frase da última carta: 'Eu vou te encontrar uma hora, você não pode viver nas sombras para sempre.'

Noah adorou também, desculpe eu tive que mostrar para ele se quisesse ter um pouco de paz sobre o que você tinha me enviado. Foi uma péssima ideia, e quando digo péssima é isso mesmo que quero dizer, ter feito ele de correio. Minha filha seria menos curiosa que ele.

Falando nela, se ainda não viu tem um desenho dentro do envelope, e se já tiver visto, foi Clara quem fez e pediu para que eu te entregasse para você ver o talento dela. Aquilo do lado do castelo é um cachorro e não estranhe a falta de cabelo nos bonecos, ela disse que já que não podia raspar o cabelo para se parecer com você, fez os desenhos como se fossemos iguais, então, sem cabelo para os três.

Já falei demais, não é? Ansioso para te ver amanhã, espero poder te acordar, mas com certeza você já vai estar acordada. Não se preocupe com o pessoal do hospital, o que ninguém sabe ninguém estraga. Há não ser que seja o Noah, mas ele prometeu ficar de bico fechado.

Tem mais, quero que você não se preocupe com uma coisa. Com o tempo. Não importa quanto tempo isso que temos vai durar, é infinito agora.

Ass: Seu médico maluco."

Pego o papel colorido que estou segurando atrás da carta e o abro, um castelo roxo preenche quase toda a folha e do lado tem três bonecos com roupas desproporcionais ao corpo de palitos e coroas na cabeça. Como Josh disse na carta, zero cabelo em algum deles e o que está no outro lado é tudo menos um cachorro normal.

- Bom dia.- Josh chama a minha atenção entrando no quarto com a bandeja de café da manhã.

- Seu ânimo está contagiante essa manhã.- Brinco me sentando.

- Você tem noção de que não quiseram trocar esse suco idiota por um de morango?- Pergunta colocando a bandeja em meu colo.- Era só pegar outra garrafa na geladeira!

- Talvez hoje não tenha outro sabor de suco. É o que? Suco de pêssego? É só dar para o Noah que ele bebe por mim.

- Esse é o problema, eu tenho certeza que tinham outro sabor e só não quiseram trocar!

Cartas ao amanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora