Capítulo 15- Any

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Abro os olhos, me sinto presa e estou ofegando como se não respirasse a dias. Me sento rápido demais, minha pressão cai e minha vista escurece, tateio a cama em busca de apoio, não posso ficar mais sem o oxigênio, o ar está acabando. Por quê diabos tiraram o oxigênio de mim?!

Procuro o botão para chamar alguém pela maca, ele não parece estar em lugar nenhum. Meu coração acelera, eu entro em pânico, entro muito em pânico. Meus olhos ardem com as lágrimas se formando, continuo procurando algo pela cama mesmo sentindo minha garganta fechando.

Mãos seguram meu rosto fazendo com que ele fique parado. Enxergo um par de olhos azuis por trás da visão embaçada e sinto seu polegar passeando sobre a pele da minha bochecha.

- Fique calma, eu estou aqui.- Ele pede cuidadoso.

- Oxigênio!- Digo segurando seu pulso.- Tiraram o meu oxigênio!

Josh olha atento para o meu rosto, observando os tubos faltando em meu nariz.

- Você acabou de acordar e está assustada. As cânulas estão onde sempre ficam Any, o oxigênio está alcançado seus pulmões, tudo bem? Está tudo sob controle.

"Seu controle está fazendo ela morrer mais rápido do que deveria."

- Você está mentindo.- Sussurro, segurando seu pulso com mais força.

- O que?

- Você está mentindo pra mim! Não tem nada sob controle, eu estou morrendo, você disse que o câncer alcançou o meu coração e como diabos isso é possível?

- Você precisa se acalmar, querida.- Diz olhando para o monitor.- Seu ritmo cardíaco está subindo com muita frequência e isso pode prejudicar tudo, precisamos manter ele com baixo ritmo, tá legal?

- Eu não estou mais no meu quarto.- Observo, tirando suas mãos do meu rosto, sabendo que vai ser impossível fazer meus batimentos caírem.- Por quê eu não estou mais no meu quarto, Josh?

- Você veio para a UTI, seu quadro se agravou e teve que vir para cá para poder ficar em observação constante. Você consegue se recordar do último momento em que esteve acordada?

- Era a sua folga e você me levou para a praia, depois fomos comer na minha casa e Clara estava lá. Vocês dois começaram a rir e... depois disso eu não me lembro mais.

- Você se recorda até o ponto em que desmaia, isso é ótimo Any.

- Quando foi o incêndio?

- Incêndio?- Pergunta confuso, deve achar que estou delirando.

- Você disse que me salvou de um incêndio, foi na primeira festa da faculdade, não foi? Eu não me lembro de ter te visto por lá e não teve fogo, não que eu me recorde de fogo.

- Any...

- E por que Noah disse que você saiu de lá com um coração apaixonado? Como pode ter se apaixonado só por ter me visto por alguns minutos?

- Você estava escutando a conversa?- Pergunta, as mãos afundando no colchão da maca.

- Por que nunca me disse que é você quem escreve as cartas?- Sussurro, colocando minha mão por cima da dele.

- São muitas perguntas.- Ele diz engolindo em seco.- Não teria dito nada se soubesse que você estava ouvindo tudo.

- São perguntas que você sabe as respostas Josh, e o que eu tenho para perder com elas sendo que eu já perdi praticamente tudo.

- O incêndio foi na primeira festa da faculdade. Estava frio demais por conta do ar condicionado e alguém decidiu ligar a lareira, a maioria deles estavam bêbados mesmo não podendo beber. Eu e o Noah entramos escondidos na festa, afinal era no mesmo condomínio que o dele, tinhamos acabado de sair do nosso turno, quem estava vendo de fora era exatamente o que parecia, dois adultos invadindo a festa de adolescentes.

Cartas ao amanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora