Cap. 8

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BLAKE HARRIS

parte 1

      
       Meus olhos estavam fechados e por algum motivo minhas costas estavam estupidamente doloridas. Foi quando senti algo pressionar minha perna.

─ Scarllet? ─ resmunguei, erguendo minhas pálpebras com dificuldade ─ O que tá fazendo aqui?

Ela estava com um semblante confuso no rosto.

─ Então, pervertido, é a segunda vez que me pergunta o que eu estou fazendo, quando quem está fazendo algo estranho é você. ─ disse, se divertindo com  a situação. ─ Por que estava dormindo na minha porta? E por que trouxe isso?

Olhei para minhas mãos, embaraçado. Estou praticamente jogado na porta do apartamento dela. E segurando uma maldita garrafa de vinho.

─ Estava esperando você chegar do trabalho. ─ expliquei, segurando a sua mão quando estendeu para me ajudar.

─ Por algum motivo especial? ─ ironizou com deboche, pegando o molho de chaves e abrindo o lugar.

─ Saudades, eu acho.

Não sei se foi o sono, mas esse comentário simplesmente escapou, me deixando exposto. Dizer para Scarllet que senti sua falta parece ser sério demais, não importa qual tom de brincadeira eu use.

─ Por que não bateu na porta? Allie teria atendido você. ─ falou genuinamente, mudando de assunto.

Entramos em seu apartamento e eu fui até a cozinha para deixar o vinho lá. Em seguida deixei o blazer que estava segurando em cima de seu sofá. Vim direto do trabalho pra cá, não tive tempo de trocar de roupa ou tomar banho. Espero que ela não repare.

─ Eu fiz isso. ─ disse ─ Allie não estava.

Ela fez uma careta, indo até sua mesa de estudos guardar uma agenda e uma pasta.

─ Estranho. Ela não costuma sair esse horário.

Por instinto, fui até a geladeira ver se sua colega de apartamento havia deixado algum aviso. Sem surpresa nenhuma, encontrei um bilhete de Allie lá. Os bilhetes que eu e minha irmã trocamos a vida toda me deixaram treinado para esse tipo de situação.

Arranquei o post-it azul e comecei a ler em voz alta.

─ Scar, não se preocupe. Vou passar a noite fora. Espero que tenha uma boa noite de descanso. E não tente advinhar o que estou fazendo. Eu conto quando voltar. ─ terminei, caminhando em sua direção ─ Uau.

Scarllet deu uma risada anasalada, como se tivesse acabado de ouvir a melhor amiga dizer aquelas coisas.

─ Parece que somos só eu e você agora. ─ falei.

Suas expressões estavam indecifráveis. Essa frase pareceu deixar Scarllet esquisita. Parte minha desejou saber o porquê, mas eu sabia que deveria continuar alheio a todos seus pensamentos.

Ela estava com os longos cabelos castanhos presos num coque bagunçado. Estava agora retirando o casaco pesado e o deixando perto do meu.

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