Safe With Me

Cap. 35

SCARLLET WRIGHT

         Se eu fechasse os olhos, ainda podia sentir a ardência no topo da cabeça ao ouvir o barulho do metrô correndo nos trilhos. A velocidade — que parecia ser mínima, mesmo sendo como um raio — me deixava enjoada.

O cheiro de chuva e metal chegavam em mim com facilidade. Todo e qualquer desafio colocado entre mim e ele, foi superado quando eu pisei em Nova York novamente. A imagem de meus pais, chocados e tristes ao me deixarem irem, ainda paira em minha mente.

— Vai ficar tudo bem, Scar. — Allie repetiu. Pela primeira vez, eu não estava acreditando em minha melhor amiga — Nós vamos ficar bem.

Detesto hospitais. Detesto os médicos tentando acalmar famílias devastadas como se fosse possível, o café amargo e as paredes que parecem te sufocar. Cadeiras duras, lágrimas, sangue, perdas.

Faz uma semana desde que estou vindo para cá, confesso que mecanicamente. A esperança morreu dentro de mim, e se eu vasculhar, talvez a encontre. A verdade é que não tenho forças pra isso, sequer acreditar em uma salvação. Me pergunto se isso é a minha punição por ter deixado Blake ir.

Eu preferia nunca ter o encontrado, se fosse pra isso que estivéssemos destinados.

— Scarllet. — era April. Esta tão exausta quanto eu, até mais. É possível ver em seus olhos vermelhos a dor e angústia. — Eu vou ir agora. Revna passa aqui mais tarde, caso você quiser ir pra casa.

Balancei a cabeça negativamente.

— Eu vou ficar. — proferi, a voz arranhando minha garganta.

— Acho melhor dar uma pausa. Você não dorme há horas. E quando foi a última vez que comeu? — a garota de cabelos castanhos perguntou. Dei de ombros. Ela se agachou em minha frente, alcançando meu olhar que estava no chão. — Sei que o ama, Scarllet. Mas isso não é culpa nossa. Conheço Blake desde sempre, e sei que a última coisa que ele ia querer é vê-la assim.

Sorri, relutante.

— Obrigada, April. — balbuciei, sentindo novas lágrimas caindo sobre meu rosto. O gosto salgado invadiu meu paladar — Vou ficar bem.

Ela se levantou, cumprimentando Allie com um aceno suave e gentil. A mesma olhou para mim com preocupação, acariciando uma mecha de meu cabelo que caia no rosto.

No mesmo momento, a sala onde Blake estava foi aberta. Beck havia terminado sua visita e saiu com o rosto marcado, igualmente mal e desacreditada. Ela se aproximou de mim, e eu ergui os olhos para encará-la. Seus braços se abriram, e me enrolaram num abraço.

— Ele vai ficar bem. Ele sempre dá um jeito. — ela repetiu, choramingando.

— Obrigada por estar aqui, Beck. Ele ama você. — falei, limpando o rosto — Sei que.... que...— droga. Novamente, eu estava chorando.

Ela me abraçou outra vez, com mais força agora. Meus ossos estavam doloridos, mas não me importei. Senti o olhar afetuoso de Allie em minhas costas.

{...}

Revna estava parada ao meu lado, os cabelos pintados de roxos soltos caindo pelo ombro coberto por um casaco de couro preto. Por algum motivo, ela adorava se vestir de preto todos os dias.