Cap. 17

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BLAKE HARRIS

parte 2

       Scarllet se agarrou a barreira da porta, deslizando os dedos lentamente, como se precisasse do apoio da madeira. Esta com uma expressão cansada e imediatamente me condenei por ter vindo aqui sem avisar.

O que aconteceu na pista de corrida era pra ser só um "teste". Saber se aquela coisa estranha que eu sentia ao vê-la era algo sólido, ou se ia se desfazer depois que a beijasse. A segunda opção se tornou uma mentira, quando toquei seus lábios, tive a certeza de que queria fazer aquilo mais vezes. Todos os dias.

─ Desculpe ter vindo sem avisar. ─ falei com mansidão ─ Trouxe comida pra você. Tailandesa, sua favorita.

Um sorriso afetuoso se formou em seus lábios. Ela se aproximou de mim, e sentou-se no estofado ao lado do que eu estou. Retirou o cachecol que estava usando pela cabeça e me esforcei para não reparar nas marcas em seu pescoço. Marcas que eu havia feito.

─ Obrigada, Blake. ─ resmungou ─ Acha que pode ficar até mais tarde hoje?

Senti algo palpitar dentro de meu peito. A voz de Scarllet parecia cansada, triste e qualquer variação disso. Nada em seus olhos demonstravam o contrário. Além do fato de que ela nunca me pede pra ficar até mais tarde.

─ É claro. ─ respondi, me aproximando dela ─ Você parece...─

─ Cansada? ─ ela interrompeu. Minha voz parecia estar arranhando seus ouvidos. ─ Um pouco. Dia cansativo no trabalho. Mas não é sobre isso que eu quero conversar.

─ Podemos conversar sobre o que você quiser. ─ falei. Sem pedir permissão, arrastei uma mecha de cabelo para trás de sua orelha. Seu rosto esta quente e a pele clara macia.

─ O que eu quiser? ─ questionou com um sorriso zombeteiro.

É claro que eu não poderia ter dito "o que você quiser". A dias que Scarllet vem tentando me convencer a assistir um daqueles programas de tevê que ela gosta e eu particularmente detesto. Mas se for isso que eu preciso aguentar para estar perto dela e a confortar num dia ruim, então vale a pena. Star vale a pena.

─ Eu vou pegar a comida na cozinha. Ligue a tevê e faça o que eu sei que quer fazer. ─ murmurei, me dando por vencido.

Como uma criança ganhando doces, Scarllet foi dando pequenos pulinhos e agarrando o controle remoto. Como prometido, segui em direção a cozinha para buscar o que havia trazido. Peguei suco de laranja na geladeira para acompanhar.

Ela escolheu sua série favorita. Algo que envolve muita fantasia e seres entediantes. Sentei-me ao seu lado, estávamos no chão com as costas no sofá. A nossa frente, na mesa de centro, estava apoiado o "jantar" improvisado. Scarllet levava o lanche a boca com calma, os pequenos olhos expressivos e brilhantes grudados na tela.

O ambiente estava escuro com todas as luzes apagadas. Seu rosto angelical foi pesando para o lado, até que descansou em meus ombros. Meus dedos correram para ser cabelo, e comecei a enrolar os fios escuros delicadamente.

─ Blake? ─ ela me chamou.

─ Sim?

─ O que você sentiu quando me beijou? ─ perguntou. Sua voz reverbou pelas paredes de meu corpo, derrubando as barreiras ali criadas.

Scarllet se ergueu, me encarando no fundo dos olhos. Fui incapaz de desvendar o que de fato estava sentindo naquele momento.

─ Eu senti a melhor coisa que poderia sentir. ─ comecei, apoiando as palmas das mãos em seu tapete branco no chão ─ Você.

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