Cap. 30

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BLAKE HARRIS

       Metade amor, metade arrependimento.

Quando eu conheci Scarllet, não fazia ideia de que cinco minutos dentro de um banheiro iriam mudar a porra toda da minha vida. Quando eu a olhava, via todo o meu mundo reunido em pequenos olhos castanhos brilhantes e um sorriso de lado.

Ela era quen eu queria ter pra sempre comigo. Mas "pra sempre" é muito tempo pra uma garota que ama viver. Eu poderia oferecer todas as viagens que quisesse, casas em frente a praia, eu a daria seu próprio jornal se me pedisse.

Só que Scarllet não precisa disso. Nunca precisou. Ela não quer ser dependente de mim, e a admiro por isso. Ver filmes comendo comida tailandesa e ler livros fantasmagóricos estranhos eram sua coisa favorita no mundo. Como uma garota assim, pura e verdadeira, poderia se apaixonar por mim da forma como me apaixonei?

Ela queima. Scarllet e o fogo são praticamente a mesma coisa. E eu quis me queimar. Tenho que aprender a lidar com as faíscas.

— Não achei que fosse mesmo vir. — Star anunciou sua presença, ao me ver jogando em frente a seu apartamento.

Não a respondi. Sei que estava cansada da minha voz, e principalmente, da minha insistência. Ela abriu a porta e entrou no apartamento, onde estamos sozinhos já que Allie esta em seu curso de moda.

— Como foi no café? — perguntei. Ela me lançou um olhar parecido com uma careta. — Desculpe.

Enquanto prendia o cabelo, deixando o maldito pescoço a amostra, eu a observava sentado no sofá. Ela foi até seu quarto e voltou com uma pilha de roupas.

— Conversamos depois do banho. — disparou, friamente.

Pior do que não tê-la, é não saber o que está sentindo, e sequer ter como ajudar. De certa forma, como poderia? Eu mesmo estou aos pedaços. Aflito. Aquele dia, no chalé, foi nosso limite explodindo e causando destruição ao redor. Temos que dar um jeito nisso.

Eu tenho que dar um jeito nisso.

— Scarllet. Abre a porta, por favor. — implorei, esmurrando a madeira que protegia o lugar onde ela estava. — Scarllet!

"Que diabos, Blake" a ouvi resmungando. Meu coração estava se contorcendo dentro de meu peito, tudo dentro de mim revirava e tentava se manter de pé. Com um puxão rápido, um olhar fulminante, e um semblante de irritação, ela abriu a porta com uma puxada brusca.

Meus olhos caíram na mesma hora para a linha da sua clavícula exposta. Me lembrei de como era a sensação de ter Scarllet montada sobre mim, com as pernas moles, se desmanchando sobre meus braços. O desejo de a ver assim novamente corrompeu todos os pedidos de desculpa que iria fazer.

— Me chamou pra isso? — desdenhou. Quando me dei conta que estava a devorando com o olhar, balancei a cabeça.

Naquele momento, nada parecia importar. O passado e futuro eram uma grande merda, e no presente, eu estava exatamente onde queria, com a garota que eu queria, da forma que eu queria. E se a Star me ensinou algo, é que é agora ou nunca. Se eu nunca vou a ter, então prefiro desistir agora.

Mas eu nunca desisto.

— Eu... Você...— as palavras travaram. Minha boca não queria fazer outra coisa a não ser sentir o gosto da dela de novo. — Que se dane.

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