Cap. 37

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SCARLLET WRIGHT

          No primeiro mês, foi uma surpresa. Parte minha estava perdida, afinal, a partir dali, eu nunca mais seria a mesma. Eu estava certa de que estava pronta para mudar, mas a verdade é que eu ainda precisava de todo apoio que conseguisse. Allie, ainda minha melhor amiga e ainda incansavelmente preocupada, esteve ali por mim.

Dois meses se foram, depois três, cinco, e toda uma infinidade de números que passavam por mim sem que eu pudesse segurar. Os dias se misturavam, e as feridas estavam sendo cicatrizadas. O passado — que ainda me machucava — devia ser esquecido.

Porque, nove meses depois, eu estaria conhecendo a única pessoa com quem aceitei dividir todo o amor que era dele.

— Papai. — Blake repetia, com a garotinha entre os braços. Ela sorria e tentava agarrar seu rosto com as mãozinhas. — Papai.

Ele estava na borda da piscina de nossa casa, balançando os pés na água. Eu os encarava de longe, colocando os óculos de sol com bordas vermelhas — e em formato de coração — ao meu lado.

— Desista, Blake. — gritei, ele me lançou um olhar por cima do ombro. — A primeira palavra dela vai ser mamãe.

Vê-lo dessa forma foi o que desejei por muito tempo. Depois daquela noite em que jurei estar me despedindo dele, Blake acordou no dia seguinte, e os médicos quase enlouqueceram. Estava falante e implicante como nunca, exigindo para que o tirassem daquela cama.

Como minha teimosia sempre acaba vencendo sua arrogância, eu o forcei a passar por muitos exames. E para nossa surpresa, não havia nada de errado, e Blake Harris sobreviveu com a mesma graça com que fazia qualquer outra coisa. Foi fácil para ele. Tal como correr ou comandar empresas.

Seus cabelos cresceram consideravelmente em dois anos, caindo sobre sua testa e escondendo as sobrancelhas grossas. Seus cílios negros fazem sombras no rosto claro, com as bochechas rosadas. Os olhos profundos, predatórios e hipnotizantes não se apagaram, e eram tão brilhantes e graciosos quanto o dela.

A nossa Star.

— Eu não teria tanta certeza. — disparou. Se levantando e a jogando com cuidado sobre seus ombros. Ela é sorridente, animada, e com todos os modos e gestos do pai. — As vezes acho que voce não a influencia o suficiente a dizer mamãe.

Arqueei uma das sobrancelhas em sua direção enquanto ele se senta ao meu lado, os braços musculosos enrolados numa toalha de algodão branca jogada sobre suas costas marcadas por arranhões paralelos.

— Sendo assim a primeira palavra dela vai ser "April, tome cuidado com a empresa ou eu matarei você". — brinquei. Ele se divertiu, fazendo cócegas na barriga de nossa filha. — É tudo que você diz o dia todo.

Ele concordou, relutante.

— Em minha defesa, estou mantendo nossos negócios a salvo. — falou — Embora eu saiba que a nova milionaria de Nova York vai ser você.

Eu sorri, convencida. De fato, ser jornalista é aquilo que estava destinado para mim. A partir do momento em que parei de investigar Beck, publiquei a matéria sobre Tyler e assinei com meu nome, começaram a surgir jornais interessados. O que no mundo jornalístico, é meio difícil de acontecer.

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