Cap. 16

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SCARLLET WRIGHT

parte 1

       Massageei as têmporas, com os cotovelos encostados na minha mesa de trabalho. Nem mesmo o latte quentinho de manhã ou a cadeira macia foram capazes de tirar a dor de cabeça de mim. Digamos que a noite passada foi... divina.


Eu havia de fato beijado Blake! Como quisera fazer desde a primeira vez. Senti seu gosto, seu cheiro e seu toque dentro de seu carro, influenciados pela adrenalina da corrida. Tudo nele exalava perigo e caos, ao mesmo tempo que cedia perfeitamente a todos os puxões de cabelo. Blake Harris é o que prometia ser: inesquecível.

O que por hora pode ser bom, se você namora ele. Minha realidade é completamente oposta a isso. Eu sou a garota que trabalha pra ele, e que nada por acaso, sabe desde o inicio que tem uma namorada. Lembro-me de sempre me perguntar se ele tocava Beck daquela forma doce e gentil quando estava fingindo, como seria se fosse verdadeiro.

Não sei se posso dizer que foi verdadeiro comigo ─ acho precipitado demais ─ mas foi diferente do que ele costuma fazer. Garotas são seu forte. Só que eu fui seu ponto fraco.

Somos adultos, afinal. Devemos assumir nossos erros e entender porquê os cometemos. E, apenas meu coração sabe de que eu não me arrependo de ter montado sobre ele e ter cedido a seu olhar penetrante. Só que prefiro esquecer o que aconteceu, assim como ele faz todas as vezes que insinua algo e age como se fosse comum.

─ Scarllet? ─ Tyler apareceu na porta de sua sala. Acenou com as pontas dos dedos para mim. ─ Venha aqui um instante.

Não sei exatamente se é resultado do meu humor matinal, mas Tyler pareceu estar com o semblante serio e uma voz dura. O que me fez pensar que algo preocupante aconteceu.

Me levantei e fui até o ambiente afastado do resto dos funcionários, sentando-me em sua frente. Ele estava de pé, com o maxilar travado e um envelope de papel nas mãos.

─ Achei que tivesse sido claro quando disse que seria melhor que se afastasse de Blake.

Franzi o cenho em desconfiança. Meus fios de cabelos castanhos roçaram nas minhas bochechas e eu os coloquei atrás da orelha. Meu chefe seguiu meus movimentos, ainda rigido.

─ Eu sigo as regras aqui dentro, Tyler. ─ disse friamente ─ Não pode me dizer o que fazer o tempo todo.

Ele sorriu. Não um sorriso sincero como das outras vezes, foi com um leve ar de prepotência e furia. Está irritado.

─ Sabe que eu admiro você, Scarllet. Conheço sua rispidez e destreza a muito tempo. ─ proferiu, andando em direção as janelas, fechando as persianas lentamente. Lancei um olhar por cima do ombro para o encarar. ─ Mas digamos que eu tenho uma maneira de fazer você me obedecer, dentro e fora daqui.

Foi minha vez de sorrir exasperada. Por mais que Tyler Patterson saiba com quem está lidando, ele não me conhece por inteiro. Saimos algumas vezes, é verdade. Mas isso é tudo.

─ Se for mais claro, talvez eu possa entender o que quer dizer. ─ falei enquanto ele se sentava em minha frente ─ Porque se usar a palavra "obedecer" outra vez, vou pensar que você acha que tem algum tipo de poder sobre mim.

─ E se eu tivesse?

─ Você não tem, Tyler. Ninguém tem. ─ proferi entredentes.

─ Ouça, Scarllet. ─ começou, esfregando os cantos dos olhos cor-de-mel. ─ Recebi fotos hoje de manhã. Como um aviso de que ou podemos publicá-las, ou alguém irá fazer isso no lugar. E temos pouco tempo.

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