Duas horas mais tarde, naquele mesmo dia ouvi passos atrás de mim.— Oque tá fazendo? — reconheci a voz suave de Thomas, logo virei para encará-lo.
— Nada — cocei a cabeça meio desajeitada — Só estava observando mais os detalhes da Clareira — minha voz saiu baixa enquanto tentava explicar para ele o porquê de estar sozinha, olhando fixamente para as plantações de Milho e tremendo como se alguém estivesse para morrer.
— Sei — o mesmo respondeu cerrando o olhar por alguns segundos e logo voltando a observar onde eu observava antes com desconfiança.
— Mas e você? Oque faz aqui? — questionei, tentando ver oque ele sentia pelo par de olhos castanhos.
— Ah, queria ver oque você estava fazendo perto da floresta mas parece que está só viajando no tempo — ele ri curto.
— É..— acabei rindo também, estava tão tensa com tudo, com o Ben, com o Alby, com a Clareira que nem percebi que estava ali parada a um bom tempo.
— Já se acostumou com a Clareira novato? — dei um leve soco em seu ombro e soltei uma risada sarcástica.
Thomas parou para olhar pra mim, estranhei sua feição séria por um momento mas logo ele retribui o soco — Não me chama de novato — ele revira os olhos engraçado.
Rimos juntos por alguns segundos, nem me lembrava como era a sensação de um sorriso verdadeiro e uma boa conversa. Eu gosto da amizade de Thomas, ele entende bem as coisas por aqui.
— Então..— o garoto mordeu o lábio inferior fazendo uma pausa na sua fala — Você e Gally tem alguma coisa? — indagou se voltando a encara os pés.
Senti meu rosto ruborizar quase que em automático — Óbvio que não — fiz som de nojo e o garoto ri.
— Minho? —
— Que? Não! — meus lábios se contorceram em um "O" meio torto — De onde está tirando isso? — arque-ei a sobrancelha com receio da resposta.
Ele deu de ombros e fingiu prestar atenção nas unhas.
— Thomas.. — em tom de ameaça cruzei os braços o fitando seriamente.
— Eu estava com o Newt ontem quand..—
— Ellie!! Thomas!!! —
Uma voz fina e desesperada gritava se aproximando de nós e interrompendo a explicação de Thomas. Eu sabia que era Chuck porque ele havia inventado um apelido para Eleanor e a meiga voz de Criança era inconfundível aqui na Clareira. Por mais desesperado que estivesse.
Thomas se virou bruscamente com os olhos desfocados procurando por Chuck que ainda se mantinha a espernear e eu corri por entre as plantações de milho também procurando o garoto.
— Aí! — exclamei e me virei para oque eu acabava de esbarrar — Chuck! Oi, oque aconteceu?? — questionei com um pouco de confusão, quando o mais novo fez uma careta basicamente me dizendo que era uma coisa ruim. Chuck me estendeu a mão e começamos a correr até os grandiosos muros do Labirinto, sem entender apenas continuei a correr, agora vendo muito perto dos muros vários meninos com lanças nas mãos e Minho segurando e arrastando Ben com as mãos amarradas atrás da cabeça.
Finalmente havia entendido oque Alby quis dizer na prática quando citou que ele teria que ir embora na reunião.
Chuck parou de correr quando chegamos um pouco atrás do meio círculo de garotos que havia em volta dos portões, assim parei um pouco adiante. Olhei para o lado já sem acreditar no que meus pensamentos me diziam e vi Thomas chegando correndo com o rosto pasmo e ofegante. Voltei minha atenção para o que acontecia ali, Minho jogou Ben ao chão e rasgou as cordas de suas mãos, enquanto Ben gritava para pararem e escutarem ele. Foi quando a ventania que vinha do Labirinto adentrou a Clareira avisando que fechará em breve se fez presente, uma bolsa com alguma coisa dentro foi jogada para o labirinto e Ben exclamou mais ainda pois sabia seu destino.
— Bosques! —
Alby ordenou para o grupo que agora haviam direcionado as lanças para Ben, Chuck se virou para ir embora choroso sem querer ver a cena e o loiro que ainda estava no chão gritava para não o fazerem. As palmas das minhas mãos arderão quando o labirinto começou a fechar, os meninos deram um passo a frente com as lanças e Ben foi obrigado a se levantar e dar um passo para trás. Logo os garotos se moveram novamente para frente e Ben desesperado ia mais para trás enquanto os muros se fechavam cada vez mais rápido. Quando Ben já estava dentro do labirinto meu peito doeu ao ver seu rosto sujo e triste pela última vez, depois os muros fecharam por completo e isso nunca tinha me afetado tanto quanto agora.
Um silêncio de 10 segundos se instalou no lugar.
— Ele pertence ao labirinto agora — Alby encarou todos os presentes e quebrou o silêncio.
A lágrima fria e dolorosa que caiu do meu rosto me deu coragem de ir até o moreno antes dele se retirar do local.
— Oque mértila você fez?! — gritei com Alby depois de o segurar pela camisa e desferir algumas tapas em seu peito.
Lágrimas caíam ainda mais no meu rosto e eu continuava dando socos e tapas em Alby, ele não defendeu-se de mim em nenhum momento, apenas abaixou a cabeça e fechou os olhos meio rendido. Pude sentir que ele não queria aquilo também mas era tão ruim essa sensação que não dava para segurar.
— Vamos, Eleanor.. —
Minho segurou meu braço e caminhou ao meu lado até a minha cabana me passando calma.
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— Porque fez aquela cena toda? — Minho perguntou calmo quando finalmente chegamos a cabana e ele me soltou, notei um pouco de desdém em seu tom de voz.
— Como assim? — limpei a garganta para falar, minha voz saiu falhada por conta do choro mas passei a mão no rosto e me recompôs.
— Você gritou com o Alby, bateu nele — o asiático murmura gesticulando com a mão.
— Eu só.. —
— Você nem gosta do Ben — Minho dizia caminhando em volta dali meio confuso.
— Mas eu sou um ser humano! — deixei meus ombros caírem — Eu senti aquilo como se fosse comigo, foi cruel, forçaram ele a ir pra lá para morrer! — exclamei.
Por um breve momento algumas lágrimas ameaçavam cair mas eu não deixei, engoli o choro quando o mesmo se virou para me encarar com os seus pequenos olhos agora esbugalhados.
— Mas não foi com você, e também ele já tinha falado sobre oque aconteceria —
— Mas poderia ter sido eu, e vocês fariam a mesma coisa. O rosto desesperado dele e aquele silêncio de culpa me quebrou por dentro, nem sequer sentiram nada por ele! — passei a mão no cabelo parando na nuca, só de pensar se tivesse sido eu meus pelos dos braços arrepiaram.
— Você acha mesmo que nós não sentimos também? Apenas não demonstramos mas o Ben é Nosso amigo de anos, ele foi um dos primeiros a vir pra Clareira e o segundo corredor daqui, esteve com a gente em momentos cruciais nesses 3 anos então não pense que não sentimos ao ter que fazer isso com ele! — o garoto disse meio hostil franzindo o cenho e me apontando o dedo indicador.
— Ok, você ganhou — apoiei meu peso em uma das minhas pernas e levantei as mãos em rendição, essa conversa já estava ficando cansativa.
— Olha, Eleanor — Minho se aproximou de mim e parou em cerca de 30 centímetros a minha frente olhando fixamente nos meus olhos por alguns segundos. Ele tocou meu braço com sua mão e sem brusquidão me puxou e levou sua outra mão a altura da minha cintura para me abraçar.
— Pra te manter tranquila e estável sobre essa situação, eu vou pedir ao Alby para irmos ao labirinto amanhã cedo em busca dele para sabermos se ele está bem — Minho completa acariciando meus cabelos, o abraço do asiático era confortável e quente, me senti segura naquele momento.
Por fim, ele afastou meu cabelo da testa e deixou um beijo em minha cabeça antes de sair da minha cabana sem dizer mais nada.
Próximo capítulo - (E. Hills).
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the almost only girl┃𝐌𝐚𝐳𝐞 𝐑𝐮𝐧𝐧𝐞𝐫
Fanfiction❝ - 𝐓𝐨𝐝𝐨𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐨𝐛𝐫𝐞𝐯𝐢𝐯𝐞𝐫𝐚𝐦 𝐬𝐚𝐛𝐞𝐦 𝐪𝐮𝐞 𝐝𝐞𝐯𝐢𝐚 𝐭𝐞𝐫 𝐬𝐢𝐝𝐨 𝐝𝐞 𝐨𝐮𝐭𝐫𝐚 𝐦𝐚𝐧𝐞𝐢𝐫𝐚.. - ❞ Estranhamente, quatro dias antes de Thomas subir pela caixa uma garota com belos cabelos ruivos e bastante boa em luta...