Capítulo 20 - (Sempre te observei)

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─ Céus, até que enfim! ─ Winston foi o primeiro a se aproximar de nós quando em fim passávamos de labirinto para a grama da clareira meio devagar pois Minho e Thomas tomavam cuidado para não me deixar cair agora que estava sentindo os tornozelos.

─ O que estava acontecendo lá? Nunca ouvi esses barulhos antes ─ Caçarola questionou desconfiado, sem sair do nosso lado no caminho até a enfermaria.

Nenhum de nós se dispôs a responder às inúmeras perguntas que eram nos dirigidas no momento, Minho estava aflito e estava decidido a dar importância maior a minha integridade física antes de qualquer coisa. Ainda no caminho, por cima dos ombros de Thomas percebi mais garotos se aproximando de nós procurando também se informarem sobre oque havíamos passado no labirinto.

Ao chegarem perto o suficiente, alguns deixavam os queixos caírem sem querer, outros faziam ótimas caras e bocas manifestando suas aflições pela situação que me encontrava e eu só conseguia pensar o quanto odiava me mostrar vulnerável.

─ O que você fez agora, Thomas? ─ enraivecido Gally exclamou se pondo em nossa frente com suas veias saltadas, nós impedindo de chegar a enfermeira. Minho suspirou, aparentando se controlar para não matar ele ali mesmo.

─ Será que dá pra deixar as lições pra depois? ─ pediu Thomas com paciência lhe fitando com dureza.

─ Não me venha com depois, quero saber oque você fez! ─ Gally gritou ameaçando ir até o moreno para o enfrentar, mas sua atitude foi interrompida por Newt que o segurou pelo braço fazendo o mesmo o desdenhar.

Newt e Gally se olharam por alguns segundos, como se estivessem se comunicando sem usar palavras, e logo Newt pousou seus olhos em mim fazendo o mais alto virar o rosto para prestar mais atenção. Gally passou seus olhos dos meus pés a cabeça sem pressa parando a altura dos meus, ele abriu a boca para dizer algo mais se arrependeu e  limpou a garganta em seguida. Suas emoções foram se dissipando aos poucos, passando de irritado para compreensivo deixando sua cabeça tombar para baixo provavelmente se sentindo envergonhado.

E assim nenhuma palavra foi mais ouvida depois desse pequeno conflito, então passamos por ele e pelos outros garotos nos voltando ao destino enfermaria.

                      
                                                      ***

─ Oque quer aqui? ─ questionei impaciente, sentindo que meu emocional não estava em bom estado tal estresse quando Gally adentrou a enfermeira inquieto apertando as mãos.

─ Eu só tinha pensado em passar pra ver se estava bem ─ ele respondeu pausadamente em tom baixo, mexendo um lado dos ombros deixando transparecer seu desconforto ─ Mas pelo visto você não quer companhia então vou me retirar.. ─

─ Não ─ fechei os olhos, tentando soltar todo o ar que estava preso em minha garganta pela angústia de nunca conseguir tratar Gally como um ser humano normal e vice-versa ─ Fique, eu não aguento mais essa relação de crianças birrentas que não conseguem conversar que nós temos ─ murmurei me sentando com cuidado na maca em que havia passado um bom tempo deitada, senti meu corpo mais leve ao dizer isso e provavelmente ele sentiu o mesmo pois logo se moveu cabisbaixo para sentar-se ao meu lado.

Gally arqueou as sobrancelhas quando se ajeitou ali ao lado, ainda surpreso por presenciar minha atitude de baixar a guarda sem agredir ninguém física e verbalmente.

O contato visual foi inevitável, ele estava perto o suficiente pra isso e por incrível que pareça, por dentro, pela primeira vez, meu corpo não implorava para me livrar da presença dele o mais rápido possível. Estava em paz apenas querendo poder permanecer no mesmo espaço como pessoas normais, sempre foi isso que quis, mas as coisas nunca colaboraram a favor de uma amizade com o mesmo.

the almost only girl┃𝐌𝐚𝐳𝐞 𝐑𝐮𝐧𝐧𝐞𝐫 Onde histórias criam vida. Descubra agora