Capítulo 2 - (A clareira)

1.9K 140 16
                                    

A clareira é um lugar bem confortavél até. Ar livre porém não tão livre assim, vários elementos da natureza, um céu azul que dava brilho até as noites, e uns garotos fedelhos pra completar porque nada é perfeito.

Haviam árvores ao redor do lugar e em um canto algumas redes penduradas que, reparando bem, eu acho que seria onde todos aqui dormem. Tinha a cabana que era afastada do resto do lugar onde acabamos de sair e outras que eu acho que foram feitas a mão com madeira e alguns outros materiais. Havia também uma coisa bem alta com uma aparência estranha, provavelmente seria uma casa na Árvore ou algo assim, no meio da "Clareira" como eles chamam.

— Então novata, eu creio que depois você irá conhecer melhor A clareira e suas regras — Minho dizia divertido ao me ver admirando todos os detalhes — Espero que se dê bem aqui com a gente — ele termina e se junta a mim observando ao nosso redor.

Vários dos garotos passavam carregando troncos ou trabalhando no que Minho disse que eles apelidaram de "Jardins" de milho, arroz e algumas verduras que tinha ali no lugar, outros cortavam e montavam coisas com a madeira da própria clareira eram chamados de "construtores" outros até trabalhavam como socorristas e alguns poucos trabalhavam como 'Fatiadores' cuidando e abatendo os animais segundo o asiático. Mas no trajeto inteiro a única coisa que me chamou maior atenção foram aquelas grandes pedras com muitas plantas que pareciam ser da espécie Hedera Félix conetadas entre os muros.

Por um momento tive a sensação de já ter visto ou entrado naquele lugar, eu não sei quando, nem como.

Aquela passagem escura mesmo de dia, me chamava muita atenção. Era sómbrio ao se olhar melhor e prestar bastante atenção, parecia que de alguma forma estava me puxando pra dentro.

Decido mudar o trajeto até os enormes muros.

Com passos rápidos e firmes no chão eu rezei internamente para chegar até lá o mais rápido possível sem ser notada, olhei para os dois lados e continuei. Alguns garotos pararam pra me encarar quando Minho percebeu que eu não andava mais atrás dele e não prestava mais atenção no que ele dizia sobre a clareira e toda aquela história de criação. Em algum momento que eu não percebi, ele havia corrido e se posto a minha frente.

— Por que está me impedindo? —

—  Você realmente quer morrer no seu primeiro dia? — Ele segurou forte o meu braço, um pouco ofegante por ter corrido atrás de mim.

Minho estava meio pálido, eu não entendi por que tanta preocupação dos garotos só por conta de um túnel sem fim. Pela primeira vez os olhinhos engraçados dele estavam sérios, parece que ele não está brincando.

— Perdão por isso Minho — Murmurei fechando os olhos.

— Oque? —

Efetuei uma rasteira no garoto asiático que caiu de bruços ao chão e bateu a cabeça de leve, não deve ter feito tanto estrago.

Aproveitei essa deixa para correr até os muros dessa vez sem ninguém pra atrapalhar, algumas vozes alvoroçadas ecoavam pelo local e tinham alguns meninos correndo ao longe mas ignorei, não me pegariam a tempo.
O vento que se forçava contra o meu rosto era insano, enquanto eu corria sem olhar para trás a sensação de adrenalina meio que se fundia ao meu corpo como se eu já fizesse isso a anos. Meu cabelo que estava solto voava contra o vento, logo, um álgido frio se fez na minha barriga ao parar bem perto da entrada daqueles muros.

Mas antes de qualquer reação senti alguém com as mãos suadas e pesadas pegar e segurar rudemente minhas mãos atrás do meu corpo se forçando contra mim, provavelmente, na intenção de me repreender.

— Você não pode ir lá sua fedelha teimosa! — Uma voz meio rouca e brusca bradou enraivecido apertando ainda mais meus braços que se debatiam para ser soltos, a respiração da pessoa estava no meu pescoço, ele parecia calmo porém bravo ao mesmo tempo.

the almost only girl┃𝐌𝐚𝐳𝐞 𝐑𝐮𝐧𝐧𝐞𝐫 Onde histórias criam vida. Descubra agora