Capítulo 5 - (Perdão, pequena)

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Já havia escurecido, depois da conversa com Alby eu estava me sentindo muito melhor. A tarde foi bem produtiva com os garotos, muitas amizades foram se estruturando ao longo das nossas brincadeiras. Depois que tudo acabou, com o passar dos minutos os ânimos foram se acalmando, meu corpo estremeceu com uma leve sensação de que ainda haveriam algumas discussões entre nós mas nada que não possamos resolver.

Eu espero.

E então estava no horário de jantar, depois que conheci o moreno alegre e gentil chamado Caçarola na competição de corrida "que inclusive eu amei o nome dele" ouvi boatos desde então  que a comida era toda por parte dele e que ele nunca decepciona. Então hoje vai ser dia.

— Caçarola! Oque tem pra hoje amigo? — Minho é o primeiro a cumprimentar o cozinheiro com risadas e abraços genuinamente correspondidos por ele no mesmo instante em que vê o asiático.

— Hoje vai ser caprichado por que temos uma convidada especial não é mesmo? — Caçarola responde brincalhão, senti meu rosto queimar de vergonha quando todos presentes agora estão olhando para mim, mas em alguns segundos o clima embaraçoso se desvai e então todos voltam com suas expectativas na comida de Caçarola.

— Então quer dizer que você se garante na cozinha? — Perguntei sarcástica, levantando uma sombrancelha ao me aproximar do garoto no ambiente em que ele fazia as comidas.

— Er, sim! — Ele diz, atrapalhado com a mão na massa — Pelo menos é oque todos dizem —

— Ele é o melhor! — Ben grita ao fundo.

E o moreno ri, sem graça ele se vira trazendo consigo literalmente caçarolas com as comidas da janta que estava prestes a servir.

—  Vamos trolhos, hoje vai ter para vocês purê de milho verde com arroz negro direto dos jardins e para acompanhar torrado de Coelho mal passado..—  Ele detalha o cardápio de hoje enquanto destampa as panelas, e os garotos vão a delírio se formando rapidamente em fila dupla no qual outro garoto pardo, alto e meio tímido ajudará caçarola a servir os pratos. Festejos eram ouvidos a todo momento em que alguém se sentava e colocava uma colher da comida na boca, e eu não posso discordar, a carne de Coelho que eu não dava nada estava desmanchando sem esforço para mastigar e o purê estava espantosamente esplêndido.
O melhor era saber que toda a comida era natural e cuidada especialmente pelos próprios meninos.

Ao fim do jantar, Alby nos interrompeu antes da retirada para agradecer pelo dia e por termos concluído mais um com sucesso, e então todos se retiraram para dormir.

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(Aviso/quebra de tempo) 2 dias antes.

Com passos bruscos eu caminhava pelos corredores do laboratório, com diversos questionamentos na minha mente sobre o que acabará de ouvir da Dra. Kassen, assistente do meu pai, depois de ter ouvido alguns dos boatos que estavam rolando por aqui a alguns dias. Eu havia decidido encurrala-lá e suborna-la lhe oferecendo um frasco de sangue de uma pessoa que eu havia descobrido ser imune contra o vírus em troca dela me dizer a verdade sobre meu pai querer ou não me mandar para o teste no labirinto.

E para minha surpresa, ela abriu a boca e disse com todas as palavras que era a maior das verdades.

Então, no mesmo instante sai sentindo meu sangue começar a ferver e agora faltava apenas virar o último corredor para chegar a sala dele e encara-ló com o resto de minha dignidade. Ao chegar a porta branca com um pequeno quadrado azul e a abreviação logo em baixo J.H, senti minhas mãos suarem, minha boca se contorceu com uma sensação de nojo seguida de raiva e então assim criei a coragem que me faltava coloquei a mão na maçaneta e abri..

Lá estava meu pai sentado em sua cadeira giratória, com papéis e mais papéis que ele insiste em ler sobre as pesquisas da cura que fazemos nas pessoas com milhares de tentativas e testes falhos.

Filha! Que surpresa boa, o que faz aqui a essa hora? Se não me engano você deveria estar no horário de alm..—

Sim, deveria. Mas perdi completamente minha fome assim que soube da catástrofe que você está planejando  — Exclamei, interrompendo seu papo furado e indo direto ao assunto. Senti meus dentes cerrando me segurando pra não gritar.

Como?.. Do que está falando?  —  Ele se levanta da cadeira franzindo as sobrancelhas, típico do meu pai sempre que está a mentir.

Não venha dar uma de desentendido! Que história é essa, você quer me mandar para o labirinto? Enlouqueceu? Eu fui uma das pessoas que  ajudou na criação daquele lugar e agora você quer me mandar para lá? — Bufei, a raiva consumindo todo o meu corpo, meu pai deu a volta na mesa ficando agora a minha frente e pude observar no fundo dos seus olhos um tipo de satisfação como se ele já tivesse tudo planejado.

Querida..você é boba, é esperta tenho que admitir mas como não seria sendo minha filha? Mas, mesmo assim ainda precisa aprender muitas coisas e uma delas é que sacrifícios são inevitáveis na vida — Ele murmura calmo, juntando as mãos e respirando controladamente. Minha única vontade é de socar seu rosto por mas que seja meu pai.

Oque você quer dizer co..

Rapazes! — Meu pai exclamou, no mesmo instante dois seguranças e um médico do laboratório entraram rapidamente pela porta atrás de mim, os seguranças seguravam com resistência cada um de meus braços, encarei meu pai e sua feição inteira se mantinha com neutralidade sem demostrar nada. Implorei por sua ajuda me esforçando para desvencilhar dos homens altos e bem mais fortes, mas ele se manteu estável sem mexer um músculo sequer. Foi quando senti o terceiro homem aplicar rudemente alguma coisa que havia dentro de uma seringa em meu pescoço, meu corpo a cada segundo ficando mole e sem forças nem para ficar em pé, quase sentindo minha consciência ir embora meu pai se aproxima de mim com passos lentos seus olhos perfurando os meus que estava de joelhos em sua frente, fraca, sendo segurada, uma gota transparente cai de seus olhos em seu rosto ele se abaixa perto de mim, leva sua mão na altura de meu olho da cicatriz e acaricia sem pressa antes de abrir a boca para dizer algo.

Perdão, pequena..

Uma vazio adentrou meu corpo e um súbito cansaço me fez cair de vez..

— NÃO! —

Inesperadamente me acordei, com um susto me revirei na rede e senti a mesma balançar ao lado contrário me levando ao chão. Não consegui evitar de soltar um grunhido de dor agora que o estalo havia se feito presente depois de bater com o peito contra o material ríspido.

— Mértila..— Resmunguei me apoiando com os braços ainda no chão, a dor aguda no peito que descia para o estômago me impedirá de levantar nos próximos segundos pelo menos. Mas oque diabos foi aquilo? Um sonho, uma nova memória, um pesadelo talvez?

Limpei  a garganta, não queria mergulhar em incertezas a essa hora do dia provavelmente estava bem cedo pois o sol nem sequer deu as caras ainda e os pelos dos meus braços estavam arrepiados com o frio.

Tomei impulso para levantar com dificuldade, meus olhos piscaram repetidas vezes por um momento em quanto a dor diminuía e minha respiração se normalizava.
— Ótimo, o dia começou super tranquilo —

Dei umas leves batidas nas roupas, como não vou conseguir mais dormir hoje vou sair e esperar os demais acordarem.

Próximo capítulo- (É mais complexo que isso).

the almost only girl┃𝐌𝐚𝐳𝐞 𝐑𝐮𝐧𝐧𝐞𝐫 Onde histórias criam vida. Descubra agora