Capítulo 6 - (É mais complexo que isso )

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Uma coisa era verdade, que eu estava começando a me auto-sabotar com tantos pensamentos. Eu não sei mais o que é sonho nem o que é real, se essas coisas que ando vendo enquanto durmo que sempre acabam em sustos pela manhã fazem algum sentido, e quantas perguntas sem soluções ainda irei me fazer até o dia de sair daqui chegar?

Estava a alguns passos de surtar completamente, e a sensação angustiante de não saber se compartilho isso com Alby ou Minho, talvez até caçarola que entende bem as pessoas por aqui. Mas talvez me julguem e digam que estou apenas tendo sintomas de uma pessoa novata qualquer.

E possa ser que não seja uma mentira, se nem eu sei ao certo o que esses sonhos significam..como eles poderiam saber ou ao menos especular algo sobre isso?

Deitada sobre a grama embaixo da árvore ali perto do domicílio observei os garotos que ainda estavam totalmente parados, dormindo como pedras em suas redes. Uma risada baixa se fez em meus lábios com isso, era bom saber que eles apesar de tudo ainda conseguiam dormir tranquilamente e executarem bem suas tarefas ao longo do dia.

Passei os olhos lentamente pelo lugar que, aquela hora da manhã, tinha uma tonalidade cinzenta no céu, estava enevoado e com uma ventania fresca que fazia com que tudo ficasse ainda mais melancólico. Principalmente quando se estão apenas você e sua consciência trocando ideias abstratas.

Logo, meu raciocínio foi interrompido por um barulho que seria quase imperceptível se a clareira não estivesse tão quieta agora. Um pequeno barulho de alguém que acabará de pisar num galho seco de árvore, me levantei no mesmo instante sem hesitação andei devagar até atrás da árvore e lá estava mais uma vez..

Minho.

— Desculpa, eu não queria interromper o que seja lá que você estava fazendo aí sozinha a essa hora.. —

— Bom, eu tive pesadelos com bicho papão então decidi me levantar e vir tomar ar fresco — Respondi, voltando a me sentar segurando os joelhos com as mãos. Ao perceber a careta que Minho fez com minha fala senti meu meu rosto se contorcer de satisfação visto que meu sarcasmo ainda estava em dia.

— Eleanor e suas gracinhas. A esta hora da manhã? Sabe, você deveria voltar a dormir..— Diz ele cabisbaixo, deu de ombros virando as costas e indo embora.

— Ei! Espere. O que aconteceu? — Perguntei me levantando apressando os passos para o alcançar, dei algumas batidas em minhas roupas que haviam alguns restos de grama e farpas.

— Estamos indo ao cemitério levar algumas flores dos jardins para um amigo nosso —

— Cemitério? — Indaguei, minhas sobrancelhas se juntaram em razão de que ainda permanecia confusa.

— Sim, é lá que enterramos as pessoas que morrem nesse lugar — Resmungou com desdém.

— Não imaginava.. —

— Não precisa vir se não quiser, eu e Winston vamos passar por lá brevemente e retornamos para cá em poucos minutos — exprimiu ele.

Com dificuldade de encontrar as palavras, sem a mínima ideia de como me expressar naquele momento eu apenas me calei e continuei a caminhar ao seu lado. Em três dias desde que cheguei não tinha visto Minho completamente rendido ao desânimo e imparcialidade. Perto da entrada da floresta, Winston se juntou a nós pensativo e assim seguimos com cautela pelo resto da trilha até o destino final.

Os garotos passaram em minha frente e eu os seguia estreitando vagamente os olhos em minha volta, era sombrio e tinha uma clima repugnante, mais ainda tendo consciência de que almas, provavelmente jovens,  permaneciam vagando aqui sem rumo e direção.

the almost only girl┃𝐌𝐚𝐳𝐞 𝐑𝐮𝐧𝐧𝐞𝐫 Onde histórias criam vida. Descubra agora