Se eu puder viajar no tempo, eu faria? Claro que faria... Sei exatamente quando, onde e que horário, você não?
Normalmente as pessoas querem voltar pra um lugar e mudar o que aconteceu, mas eu não... eu apenas gostaria de aproveitar, absorver, lembrar... sim lembrar é a palavra certa. Não que eu tenha esquecido, não.
Eu jamais esqueceria aquele dia, ou aquele momento...
Eu tinha dezesseis anos, meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo caindo em ondas até o meio das costas, eu usava um vestido tomara que caia azul ciano e uma calça jeans, meus lábios um batom rosa pink, e em meus olhos uma sombra mal aplicada colorida.
Novamente, eu tinha dezesseis anos.Entrei naquela festa com o meu tamanco plataforma e todo meu corpo suava, eu estava ansiosa e assustada, nunca havia ido em uma festa daquelas, eu era uma pessoa super normal, chata até.
Vivia em casa com meus pais e irmãos, assistíamos a filmes e desenhos e as nove da noite íamos dormir... Mas não naquela noite, era dez e meia e a festa acabara de começar.
Minha melhor amiga estava fazendo aniversário, dezessete. Um ano antes da maioridade. E ela insistirá pra que tivesse uma festa americana.
Sem pais, bebidas, drogas... Típica festa que vimos em um filme americano de adolescentes.
Era uma casa de tres andares no lago, e não havia um adulto responsável de verdade, a irmã dela de vinte anos estava ali, largada no sofá fumando maconha enquanto beijava seu namorado... E meu corpo tremia de medo.
Ouvi umas musicas, bebi alguns copos que me foram passados e outros passei novamente, evitando ficar bebada. À noite rolou como uma festa americana mesmo, adolescentes bebendo e xingando e rindo e beijando uns aos outros, passava das duas da manhã quando Maria Manoela teve a brilhante ideia de chamar um pequeno grupo de amigos e colocar em uma roda.
Eu fui uma delas.
E então foi quando a vi pela primeira vez.
Usava uma regata branca, calça jeans com a cintura tão baixa que eu conseguia ver a renda de sua calcinha preta. Seus lábios brilhavam, sua pele, irradiava o sol e seus cabelos estavam presos em um coque mal feito na cabeça.
Maria Manoela explicou as regras. Simples.
-Como vocês já sabem, eu rodo a garrafa, pra quem ela apontar, você tem que beijar...
-Mas e se cair em uma menina? Uma voz feminina falou ao meu lado.
-As regras são claras, caiu? Beijou.
Engoli em seco, talvez ela tenha me chamado pela nossa conversa na semana anterior, ou talvez ela só quisesse que eu finalmente perdesse meu BV, afinal, dezesseis anos e nunca ter beijado é um crime.
Manu girou a garrafa, fechei os olhos, não queria ver.
A menina ao meu lado beijou o rosto de uma menina de cabelos rosas.
E então ouvi o barulho do vidro rodar no chão de madeira... pessoas riram, havia caído nas duas de novo.
-E se a pessoa rodar, e em quem a garrafa apontar ela beija? Se não as mesmas pessoas iriam ficar se beijando, e se for assim, que saiam da roda e se peguem no quarto.
Um menino com piercings falsos no nariz e na boca gritou, todos concordaram e começou novamente, o pinhead rodou a garrafa. E caiu na menina de cabelos cacheados na minha frente, seu beijo foi caloroso, haviam línguas de mais sendo mostradas, um certo ponto a menina arranhou o pescoço dele e desceu os beijos mordendo-lhe a clavícula.
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Minha vizinha.
FanfictionQuando um casal misterioso se muda para o andar de baixo, Rafaella começa a ter sonhos que faziam tempo que não tinha.