E ai?

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Passei a semana tentando ligar para Daniel, todas as vezes caia direto na caixa postal, toda vez que ia até sua casa, seu porteiro dizia que ele não estava e no trabalho, diziam que ele estava com algum cliente, ou em alguma reunião.

Era 13:00 quando acordei com um e-mail da secretária dele dizendo que ele lamentava, mas teve que fazer uma viagem às pressas e não poderia estar presente na minha première.

Aquele e-mail caiu pesado em meu estômago.

Mas que merda!

Liguei para Manu, que concordou em cima da hora em ir comigo, marquei cabelo e maquiagem para nós duas. Tomamos banho de lama no salão, e fizemos tratamentos na pele e até massagem.

-Nervosa amiga?

-Para ser sincera. Respirei fundo enquanto Márcia prendia meu cabelo em um coque alto. - Não muito.

-Você já nasceu para ser uma estrela. Ela riu enquanto alisava seu cabelo, naquele corte menor que um Chanel.

-Eu espero que dê tudo certo! Respirei fundo pensativa. -Mas eu estou preocupada com Daniel.

-Ele ainda não te ligou?

-Não, apenas a secretária dele, ou o porteiro... Mas ele mesmo?! Nem um boa sorte hoje, Manu, eu nem sei o que aconteceu.

-Eu não sei nem o que dizer, tanta coisa aconteceu no relacionamento de vocês ultimamente... Mas eu não quero julgar.

-Pode falar amiga.

-Rafa. Manu Se virou na cadeira para me encarar. -Você traiu ele, com a noiva do melhor amigo de infância dele, você enganou ele todo o relacionamento de vocês, e só é você mesma quando tem mais uma mulher na cama com vocês...

As palavras de Manuela me acertaram em cheio. Ela não está errada, pelo contrário, cada vírgula foi bem pontuada.

Senti uma pontada em meu coração, pisquei as lágrimas que tentavam se formar, e transformei-as em um sorriso.

-Mas ele não sabe de nada disso. Dei de ombros me olhando no espelho.

A imagem do sorriso perfeito, o olhar esfumado de preto e o batom vermelho escuro, perfeitamente bem cuidado para que ninguém visse por trás, a dor que estava em meu peito.

***

O carro parou e eu respirei fundo pegando na mão de Manu antes de a porta se abrir e eu descer, o teatro estava iluminado com as cores do arco-íris, vários carros estavam parados, haviam seguranças e alguns fotógrafos, apesar de sermos um filme independente, Luiza, nossa estrela é uma cantora famosa, então os fãs dela estavam ali, todos presentes, gritando seu nome, gritando meu nome.

Quando viram Manu ao meu lado, gritaram o nome dela também, que sorriu e acenou, posamos para alguns fotógrafos e então o segurança se aproximou, pedindo que entrássemos.

Nunca havia entrado ali, era um prédio de arquitetura antiga, era um hall hexangular, com pilastras em mármore cor de creme, no teto alguns padrões em ouro, e um longo tapete vermelho no chão.

Simplesmente de tirar o ar.

Cada detalhe era simplesmente perfeito.

Um garoto ruivo vestido de fraque vinho me entregou uma caderneta com o programa, era a capa do filme. Minha foto e meu nome na capa.

Olhei para Manu e sorri. Folhei por cima, e meus olhos encontraram o nome de Gizelly na produção.

Fechei a caderneta e enfiei na bolsa.

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