Basta!

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Acordei quase meio dia, a dor da ressaca ainda estava ali, meu celular tocava ressoando aquele toque horrendo em meus ossos...

Ah. Nunca mais eu beberia dessa forma.

-Alô?

-Rafaella?! Onde você está? Perguntou a voz alta demais que tive que afastar o celular de meu ouvido.

-Em casa...

-Você tem prova de figurino Rafaella. Agora! A voz gritou e desligou o celular na minha cara.

Joguei uma água no rosto e coloquei a roupa, respirei fundo e peguei as minhas chaves e as de Gizelly, meu corpo doía com todo o barulho do prédio, pessoas conversavam nos corredores, crianças corriam para a casa depois da escola enquanto outras saiam para seus estudos.

E eu só queria ficar em casa.

-Boa tarde, Mário. Sorri para o porteiro.

-Boa tarde Dona Rafaella.

-Gostaria de deixar aqui a chave do apartamento 93, devolva para Gizelly quando ela chegar tudo bem?

-Sim senhora. Ele assentiu. -Tenha um bom dia.

-Você também. Sorri.

Chamei o táxi e enquanto nos encaminhávamos recebi uma mensagem de Manu, "Amiga, me lembre de nunca mais beber assim" eu ri e respondi: "Me lembre do mesmo, desde quando essa cidade é tão barulhenta?"

"Bem vinda a São Paulo." Ela respondeu.

"Você não vai acreditar onde acordei hoje."

"Onde?" Ela escreveu com um gif de curioso.

"Na minha vizinha... sem calça."

"Rafaella... você não... fez?"

"Não!" Respondi rápido demais. "Confundi os apartamentos e ela não me deixou ficar sozinha, dormi no sofá..."

"Ah! Amiga, eu to sentindo que você vai ter uma recaída..."

"Não terei." Respondi com um emoji de sorriso, mas no meu rosto estava a dúvida. "Eu amo o Daniel... nunca faria isso com ele."

Faria?!

Não faria...

Né?!

Cheguei ao local, era uma casa de três andares, e uma arquitetura antiga, era como um pedaço colonial no meio de prédios novos e exuberantes, subi as escadas em passos curtos, sentindo minha cabeça pesada demais.

Todos corriam para todos os lados, senti duas mãos me puxarem escada a cima enquanto tiravam minha bolsa e minha jaqueta, cheguei ao terceiro andar sem a blusa e com metade da calça desabotoada.

-Você está atrasada Rafaella. Ouvi a voz anasalada vindo de trás do espelho que eu me olhava.

-Perdão Jorge, está sendo uma longa semana.

-Você decorou o texto?

-Sim. Limpei a garganta enquanto Ana passava uma blusa por meu pescoço.

-Ótimo, hoje iremos fazer um ensaio com as roupas para ver como fica tudo e depois vamos testar a maquiagem. Tudo bem?

-Tudo bem, Jorge. Sorri enquanto ele saia reclamando com Patrícia que lhe mostrava algo.

Minha vizinha.Onde histórias criam vida. Descubra agora