Recaídas.

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Acordei e Daniel não estava ao meu lado na cama, nesses dias eu conseguia respirar melhor.

Tomei um banho sentindo a água quente lavar a aspereza de seu corpo do meu, não fazia sentido como eu amava estar ao lado dele, mas não conseguia sentir o mesmo prazer (nem ao menos um pouco na verdade!) como com qualquer outra mulher na rua.

Cheguei na cozinha e a louça estava lavada e o café passado. Aquele cheirinho me fez feliz logo cedo e ali, ao lado da cafeteira um pequeno bilhete:

"Rafa meu amor, fui buscar pão volto em breve!"

Tomei uma xícara de café e decidi fazer uma caminhada, chamei o elevador coloquei os fones de ouvido e apertei play na música.

O elevador parou.

A porta abriu.

Gizelly parada com um blazer azul e uma calça jeans.

Seus olhos encontraram os meus.

A música tocava no fundo.

A porta do elevador fechou apertei o botão em desespero para que voltasse a abrir, a música gritava em meus ouvidos e meu coração palpitava no meu peito.

O elevador descia, mas meu coração continuava ali. Parado no décimo primeiro andar.

Parado naqueles olhos negros como a constelação.

O elevador abriu as portas novamente, apertei o botão para o décimo primeiro andar, a porta fechou e a lentidão fazia meu coração bater cada vez mais rápido.

Quando a porta abriu, esperava que ela estivesse ali, mas não estava.

Corri para a sua porta, a luz da cozinha estava acesa, dava para ver pela fresta da porta, bati na porta esperando que ela abrisse.

-Eu sei que você está aqui Gizelly! Gritei enquanto batia na porta. -Abra, por favor, precisamos conversar.

Mas não havia resposta...

Batia mais uma vez e nenhuma resposta vinha da casa.

-Gizelly, por favor, precisamos conversar.

As lágrimas caiam de meus olhos, enquanto caia encostada na porta.

Eu sabia que ela estava ali tbm, eu ouvia sua respiração cortada.

-Gizelly, você me deve uma explicação...

Ela fungou, e meu corpo todo tremeu. Coloquei a mão na porta esperando que ela estivesse ali. Desejando poder toca-lá.

-Gizelly, eu te amo. Fechei os olhos, esperando que ela abrisse. -Por favor...

Ouvi a chave destrancar e me levantei às pressas, limpando as lágrimas do rosto. Ela finalmente iria falar comigo.

Mas a porta que se abriu foi a da vizinha, que me olhava com olhares confusos e julgadores.

-Bom dia Rafaella. Ela sorriu com uma leve ironia. -Está tudo bem?

-Sim, está sim. Forcei o sorriso.

-E essas lágrimas no rosto?

-Eu estava aqui, vendo se a Gizelly conseguia me maquiar para esconder a cara de choro, tenho um evento e... acabei de ver um filme tão triste. Eu ri batendo na testa -Péssima escolha de filme.

-Ah! Espero que ela te atenda logo pra que você pare de fazer barulho.

-É... eu acho que ela não está em casa. Dei de ombros, tentando disfarçar, mesmo sabendo que ela escutava tudo do outro lado da porta.

Minha vizinha.Onde histórias criam vida. Descubra agora