Fantasma.

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Daniel não atendia minha ligação, alguma coisa havia acontecido e ele não me atendia nem respondia minhas mensagens havia uma semana,  desci as escadas preocupada, se algo tivesse acontecendo, sei quem poderia me dizer.

Levantei a mão e bati na porta.

Os olhos verdes de Thales surgiram em um espanto ao abrir a porta e me ver ali, parada.

-Você sabe onde está o Daniel?!

-Seria bom você conversar com ele Rafa.

-Eu estou tentando... Falei cruzando os braços. -Ele não me atende.

-Eu não quero... Não quero ficar no meio dessa confusão.

-Acho que já é tarde demais não é, Thales?!

-Olha. Ele respirou fundo se apoiando na porta entre aberta. -Eu não sei o que está acontecendo entre vocês dois, mas as coisas aqui também não estão fáceis!  Então porque você não volta pra sua casa, e tenta resolver os seus problemas entre quatro paredes??

Olhei para dentro da casa, haviam pilhas de caixas na porta da cozinha, algumas malas ao lado e ternos empilhados nas caixas.

Thales encontrou meu olhar.

-Gizelly não está em casa. Ele falou, como se soubesse o que eu estava pensando. -E eu preciso terminar de arrumar aqui antes dela voltar.

-O que... O que está acontecendo? Perguntei olhando para ele.

-Olha Rafa, é melhor você ir conversar com seu namorado, com licença. Ele fechou a porta e continuei ali parada.

                                   ******
Quando acordamos, todos na festa haviam ido embora, Gizelly não estava na cama, sai a sua procura, tinha uma mensagem de Manu no meu celular.

"Aproveitem a casa!"

Vestida apenas com uma blusa comprida, achei Gizelly sentada no chão, uma garrafa na frente das pernas cruzadas. No exato lugar onde a vi pela primeira vez tantos anos antes.

-Foi aqui. Ela disse sorrindo. -Foi aqui que tudo começou.

-Tudo? Perguntei.

-Sim. Ela respirou fundo e esticou a mão para que eu me sentasse a sua frente.

Sentei-me e ela brincou com a garrafa.

Haviam velas por toda a casa, uma brisa leve entrava pela janela, trazendo o cheiro do mato fresco pela chuva.

-Eu preciso te contar uma coisa. Ela sussurrou.

-O que?? Perguntei, minha voz saiu falha...

-Você estava de olhos fechado naquele dia.

-Sim. Assenti.

-Mas aquela não havia sido a primeira vez que eu havia te visto.

-Não? Perguntei em choque.

-Não. Ela sorriu. -Teve uma outra festa, foi uma festa junina da sua escola, você dançou com um grupo, e não pude tirar os olhos de você, com aquele enorme chapéu, a blusa xadrez...

Eu lembrava desse dia, havia sido a única vez que havia dançado, a professora disse que para que eu pudesse ganhar os pontos para passar de ano, teria que dançar na festa junina.

-E passei o dia criando coragem para chegar em você. Ela confessou. -Mas quando eu te vi com Manu, andando de mãos dadas para cima e para baixo... Não achei que fossem apenas amigas.

-Eu e Manu?! Perguntei rindo.

-Sim.  Eu procurava por você desde a festa junina, mas eu não sabia seu nome, e você sabe que naquela época, não havia a facilidade das redes sociais como temos hoje em dia... Foi quase um ano desde que te vi ali, em cima do palco.

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