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Do lado de dentro do banheiro, ouvia a voz de Gizelly e Thales.

-Você me prometeu. Ele dizia. -Prometeu que tinha acabado, seja lá o que isso fosse, você iria terminar.

-Eu sei... eu tentei... Gizelly choramingou. -Mas é difícil, você não entenderia.

-Gizelly você tem que escolher; Eu ou ela.

-Thales... Sua voz não passava de um sussurro.

Não conseguia mais ouvir aquilo, tudo doía e ouvi-la escolher ele iria doer mais do que deveria,  abri a porta olhando para Thales, olhar para ela seria o meu fim.

-Ela não precisa escolher, sejam felizes, é tudo o que eu desejo.

Manu me encontrou no final do corredor, olhava a cena sem precisar perguntar o que estava acontecendo, me tirou dali me colocando no carro. O silêncio era perturbador, tudo o que eu ouvia era a conversa que não foi finalizada.

"Eu escolho você, eu sempre escolherei você"

Peguei o celular e liguei para Daniel, novamente nem mesmo chamava.

Mas naquele momento, não tinha forças para mais nada, nem mesmo para descobrir o que estava acontecendo no meu relacionamento, isso é, se eu ainda tiver um...

Cheguei em casa e Manu me ajudou a tirar o vestido e o penteado, deitei na cama e fechei os olhos.

Eu estava cansada, cansada de ser feita de trouxa pelo casal de baixo, cansada de esconder quem eu sou, cansada do meu relacionamento indo cada vez mais para o ralo...

Ainda nenhuma mensagem, ligação ou nem mesmo um e-mail de Daniel.

Levantei da cama determinada a acabar com tudo aquilo, com o silêncio, com a farsa, com a dor.

Se ele não me atendesse, eu sabia exatamente o que fazer, liguei mais uma vez e deixei que o telefone tocasse. Ainda sem respostas, levantei da cama e abri a porta indo em direção ao lugar que eu saberia que iriam me atender.

Levantei a mão e bati na porta.

Os olhos verdes de Thales surgiram em um espanto ao abrir a porta e me ver ali, parada.

-Você sabe onde está o Daniel?!

-Seria bom você conversar com ele Rafa.

-Eu estou tentando... Falei cruzando os braços. -Ele não me atende.

-Eu não quero... Não quero ficar no meio dessa confusão.

-Acho que já é tarde demais não é, Thales?!

-Olha. Ele respirou fundo se apoiando na porta entre aberta. -Eu não sei o que está acontecendo entre vocês dois, mas as coisas aqui também não estão fáceis! Então porque você não volta pra sua casa, e tenta resolver os seus problemas entre quatro paredes??

Olhei para dentro da casa, haviam pilhas de caixas na porta da cozinha, algumas malas ao lado e ternos empilhados nas caixas.

Thales encontrou meu olhar.

-Gizelly não está em casa. Ele falou, como se soubesse o que eu estava pensando. -E eu preciso terminar de arrumar aqui antes dela voltar.

-O que... O que está acontecendo? Perguntei olhando para ele.

-Olha Rafa, é melhor você ir conversar com seu namorado, com licença. Ele fechou a porta e continuei ali parada tentando entender o pouco do que havia captado.

Eles estavam se mudando para evitar me encontrar no elevador.

Engoli a dor e marchei para o carro, não sei o que eu pensei, é óbvio que Thales não iria ajudar, não depois de nos pegar no banheiro. Não, sendo o melhor amigo de Daniel...

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