Abalo Emocional

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Conversava com Manu enquanto bebíamos um gole de vitamina de abacate, ainda pegava-a me olhando com o canto dos olhos quando eu não respondia, sentia seus olhares como quando eramos jovens e ela tentava avaliar o quão perdida eu estava.

-Amor, você viu que mudaram finalmente a faixada do prédio da frente? Daniel me olhou, estava de pé na janela. -Colocaram um revestimento espelhado, está bem bonito.

 Levantei-me curiosa e Manu veio atrás, o prédio era maior que o nosso, e bem próximo, passou tanto tempo com a tela de proteção por conta da obra, e agora estava sem, olhei para ele maravilhada, era espelho refletindo o céu em todos os andares, dava para ver o nosso reflexo e brinquei beijando o rosto de Daniel e puxando Manu para o abraço. 

 Eles riram enquanto fazíamos caretas.

-Ih, olha o Talles. Daniel falou olhando para a janela do andar de baixo.  

 Acompanhei o olhar e lá estava Talles se espreguiçando sem blusa na janela, desviei o olhar e sentei-me no sofá novamente. 

 Beberiquei a vitamina enquanto sentia os olhos de Manu me observando-me da janela.

-Que foi Maria Manoela? Perguntei sentindo minhas palavras ásperas.

-Nada. Ela levantou as mãos para cima. -Nada, mesmo Rafaella.

-É, sei. Rolei os olhos sentindo-me irritada.

-Ô cara, coloca a blusa. Ouvi Daniel e então olhei para entender o que ele dizia, mas estava no telefone enquanto ria e olhava para o prédio espelhado.

 Gostaria que essa amizade acabasse. 

-É, to saindo para o trabalho, te dou uma carona que tal? Okay então, te espero no elevador. 

 Gostaria que eles se mudassem.

-Sim eu falo com ela, pera aí. Daniel se virou para mim tapando o celular com as mãos. -Gizelly está perguntando se quer dividir o táxi com ela?

Gostaria de nunca tê-la beijado.

-Vou falar para ela que tudo bem, tudo bem?

-Não! Respondi rápido demais, Daniel e Manu me encararam. -Eu não vou sair agora. 

-Amor, vocês vão para o mesmo lugar. Daniel falou como se eu fosse uma criança. 

-É Rafa? Porque não pega carona com a Gi? Manu me olhou segurando a risada. -Está com medo de algo, de se atrasar?

-Não, não estou com medo disso. Olhei para Manu. -Tudo bem, eu vou com ela. Falei para Daniel que sorriu e voltou para o celular.

 Me levantei pegando a louça e indo para a cozinhar, Manu veio atrás, me virei com raiva para olhar em seus olhos. 

-O que você está fazendo Manu? Achei que você fosse minha amiga.

-E eu sou Rafa, mais do que você acha que eu sou nesse momento.

-Não parece, você sabe que eu não quero ter nada a ver com ela. 

-Não foi o que pareceu ontem.

-Ontem? O que... O que você está falando? Gaguejei.

-Rafaella, por favor. Manu rolou os olhos e passou por mim, começou a lavar a louça. -Você acha que eu não senti o clima ontem? Se os meninos não tivessem chegado, vocês definitivamente teriam se beijado.

-O quê?! Gritei tapando minha boca logo em seguida e baixando a voz. -Você está louca, bebeu demais. 

-Eu não estou louca, Rafa. Ela bufou virando-se para me encarar, as mãos cheias de sabão. -Não é bom você ficar mentindo para si mesma, eu te conheço a quantos anos? 

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