Novos caminhos.

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Sai da casa de Daniel me sentindo estranhamente leve, livre. Não era para ser assim, terminar um relacionamento de longa data com tanta facilidade, mas quando pensava em Daniel, pensava em como o enganei, como me enganei, e nada mais poderia ser como antes.

Senti meu estômago reclamar e percebi que não comi o dia todo, passei no drive thru do McDonald's e pedi meu lanche, estacionei o carro e dei a primeira mordida em meu lanche e o gosto parecia diferente. Melhor.

Peguei meu celular e havia mensagem de Manu perguntando se eu estava bem.

Olhei ao redor sentindo o ar de um novo dia.

Respirei fundo com o peito cheio de esperança, não de voltar com Gizelly, na verdade, eu já estava farta de toda essa história.

Em um momento ela me quer, me deseja.

Em outro momento, não pode terminar seu noivado e foge.

E novamente volta a não poder viver sem mim.

Eu já estou farta disso tudo.

"Sei que passou apenas um dia, nem mesmo 24 horas completas, mas eu estou livre! Estou pronta para conhecer uma mulher que me ame de verdade!"

Respondi Manu com toda a sinceridade em meu ser.

Terminei meu lanche e dei partida no carro, dirigi sentindo o vento frio da chuva que estava pra cair beijar meu rosto pela janela aberta.

Estava uma noite linda, apesar das nuvens pesadas ameaçando a chuva, parecia que o céu queria limpar esse novo ciclo em que eu iniciava.

Deixei o carro na garagem e subi ao térreo, para ver o céu, parecia que não ia mais chover e quando pisei para fora do prédio, os mares trocaram de lugar com o céu, meu corpo encharcou em questão de segundos e tudo parecia mais limpo!

-Você vai se resfriar. Disse Dona Esmeralda, a esposa do síndico enquanto corria para dentro do lobby.

-Não vou não. Respondi com confiança por cima do barulho gutural da chuva. -Não tem como eu resfriar nesse novo capítulo que se inicia.

-Minha filha pensa da mesma maneira, e toda vez ela se resfria! Dona Esmeralda gritou sacudindo o guarda-chuva. -Vocês se dariam muito bem!

-Ela é solteira? Perguntei rindo. -Porque agora sou uma mulher solteira!

Dona Esmeralda jogou as mãos para o alto como se pedisse por juízo ou alguma ajuda antes que entrasse no elevador.

Dei risada da cena enquanto fechava os olhos.

Alguns flashs do dia me vinham a cabeça, mas nenhum me deixava triste, apenas com a sensação de fechamento de ciclo.

Porém ainda conseguia sentir os lábios de Gizelly nos meus, conseguia sentir o peso do corpo dela me prensando na parede gelada do banheiro ao mesmo tempo em que podia ouvir o silêncio que vinha de seus lábios enquanto eu ia embora.

Uma última lágrima desceu de meus olhos antes que eu sentisse um grito se formar em meu peito, crescer em minha garganta e se misturar ao trovão alto que emanava dos céus.

Gritei junto com o trovão algumas vezes, pessoas que passavam apressadas para entrar nos prédios ao redor me encaravam, mas eu não ligava.

Quando a voz falhou e o corpo ficou leve, entrei no prédio pingando, apertei o botão do meu andar sem me importar com o andar de baixo, procurava as chaves na minha bolsa molhada, formando um trilho de água de chuva por onde eu passava.

Tropecei em algo e quando olhei para baixo senti toda a ironia de Deus cair sobre mim, uma gargalhada irônica e longa saiu de meu interior quando seus olhos, por baixo daqueles longos cílios, me olhavam.

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⏰ Última atualização: Jan 06 ⏰

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