Imprensa (Bonenzo)

Capítulos X

Desculpem a demora. Não desistam de mim. A faculdade me tira a paz juntamente com a depressão.

Boa leitura meus fantasminhas.🗣

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Os raios fortes de uma manhã ensolarada de sexta-feira, irradiavam-se através dos vidros das janelas do quarto de Enzo que despertava, espreguiçando-se e cantarolando entre assobios.

Ele estava revigorado.

Estava disposto a recomeçar.

Enzo entendia que viver um eterno looping existencial, não resolveria seus problemas, correr todas as manhãs aliviava suas tensões, mas não resolvia suas demandas. Sobre si havia muitas cobranças e pressões, e nenhuma atividade física por mais maravilhosa que fosse, solucionava magicamente seus problemas. Hoje ele não iria correr, nem pela manhã e nem no início da noite, tinha muitos afazeres, e um deles incluía ir a bendita inauguração do tal restaurante italiano.

Durante o dia trabalharia e, à noite, se daria o privilégio de se divertir.

Mas então, como iria liberar endorfina? Isso era simples para delegado. Ouvindo rock roll. Ele ligou seu mini system e automaticamente o som estridente da guitarra de John Lennon ecoou por toda casa. Enzo era um amante do grupo desde os 12 anos de idade. Até chegou a aprender a tocar guitarra e violão inspirado nos astros, também tocava piano por insistência de uma pessoa em especial, mas isso era outra história.

O bacharel em direito se livrou do pijama, e apenas de boxer preta perambulou livremente pelo hall do quarto cantarolando:

Suddenly / (De repente)/ I'm not half the man I used to be/ (Não sou metade do homem que costumava ser) / There's a shadow hanging over me / (Existe uma sombra pairando sobre mim).
A voz grave dele acompanhava a canção, enquanto ligava a ducha fria. Enzo sonhava em ser cantor em sua adolescência, porém as circunstâncias não lhe permitiram tal realização, ele demorou, mas superou essa utopia. Não nasceu para lidar com multidões, não fazia sentido ser uma figura pública, estava muito bem como delegado.

Após o banho, ele colocou calça e camisa na cor preta, ambas sociais e bem ajustadas ao seu corpo, sapatos bem engraxados, e o cabelo minuciosamente assentado.

Sobre a escrivaninha pegou sua carteira, em seguida desligou o som, desceu as escadas rapidamente, catou suas chaves e saiu de casa.

Ao entrar no veículo ele virou a chave de ignição e saiu raspando os pneus em direção a casa do prefeito, Richard Lockwood. Tinha uma reunião inadiável com o homem.

Minutos depois, ele estava estacionando diante da luxuosa mansão. Checou sua fisionomia no retrovisor  interno e desceu do veículo. Caminhando a passos determinados chegou até a porta onde bateu fortemente.

- Bom dia, xerife- a empregada o saudou e Enzo respirou fundo. Ele odiava ser chamado de xerife, mas não podia fazer nada para impedir. Querendo ou não,  ele era o xerife da cidade.

- Tenho reunião marcada com o prefeito.- sua postura era altiva, coluna ereta e mãos nos bolsos.

-Sim, está. Entre. -ela lhe deu passagem e   assim ele fez, adentrou ao hall da sala. Analisando mais detalhadamente, chegou a conclusão que o único lugar que estava largado as traças naquele  fim de mundo, era a delegacia, a casa do homem estava um brinco.

- Vou chamá-lo, com licença.- disse a funcionária e ele assentiu.

O lugar era arejado, limpo e muito bem mobiliado com móveis modernos e cheio de aparelhos tecnológicos de última geração.

-Senhor?- a empregada o chamou.

- Sim.- seus olhos  encontraram-se com  os dela.

- Me acompanhe por gentileza. – ela moldou o caminho até uma sala reservada.